Folha de S. Paulo


Sem perd�o

S�O PAULO - Na semana passada, chamado pela Pol�cia Federal para falar sobre a corrup��o na Petrobras, o empres�rio Marcelo Odebrecht invocou o direito constitucional de permanecer em sil�ncio e n�o respondeu a nenhuma pergunta. No fim, disse que considerava sua pris�o desnecess�ria e acreditava na inoc�ncia dos outros executivos da Odebrecht presos com ele.

Tr�s dias depois, o delegado Eduardo Mauat apresentou um relat�rio sobre o caso em que conclui o seguinte sobre o empres�rio: "Marcelo Odebrecht aderiu de forma inconteste �s condutas imputadas aos demais investigados, considerando que delas detinha pleno conhecimento".

A conclus�o do delegado deturpa a declara��o do empres�rio, mas � reveladora do estado de esp�rito dominante na linha de frente da Opera��o Lava Jato. Policiais e procuradores envolvidos com as investiga��es acham que j� reuniram evid�ncias suficientes para demonstrar que executivos da Odebrecht pagaram propina em troca de vantagens na Petrobras, e est�o convencidos de que Marcelo Odebrecht sabia de tudo.

Na segunda-feira (20), o juiz Sergio Moro imp�s penas duras aos tr�s ex-executivos da Camargo Corr�a processados por seu envolvimento com o esquema. Os dois que confessaram seus crimes foram condenados a mais de 15 anos de pris�o e tiveram recusado o pedido de perd�o judicial. Como colaboraram com as investiga��es, cumprir�o a pena fora da cadeia. O outro executivo pegou 9 anos e meio de pris�o e dever� ficar mais de um ano atr�s das grades.

Foi um sinal de que as outras empresas podem se preparar para o pior. Se n�o convencerem o juiz Moro a rever suas convic��es, elas poder�o recorrer ao Tribunal Regional Federal da 4� Regi�o, que reafirmou todas as decis�es do juiz at� agora. Restar� a possibilidade de recurso aos tribunais superiores, mas ali s� haver� espa�o para discutir quest�es processuais e eventuais deslizes cometidos nas etapas anteriores.


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