Folha de S. Paulo


O pragmatismo de Dilma

S�O PAULO - Na campanha eleitoral de 2010, Dilma Rousseff acusou seus advers�rios tucanos de dilapidarem o patrim�nio nacional com as privatiza��es e prometeu fortalecer as empresas estatais para fazer os investimentos de que o Brasil precisa para se desenvolver. "Nosso caminho � totalmente outro", disse num comercial de televis�o.

Era conversa fiada. Pouco depois de tomar posse, Dilma anunciou a decis�o de privatizar a administra��o de tr�s dos maiores aeroportos do pa�s, os de Guarulhos, Campinas e Bras�lia. O leil�o que definir� quais empresas assumir�o a tarefa ser� realizado hoje em S�o Paulo.

O plano original de Dilma era vitaminar a Infraero, a estatal encarregada de cuidar dos aeroportos do pa�s. A empresa abriria seu capital na Bolsa de Valores para captar recursos de investidores, aprimorar sua gest�o e fazer parcerias com outras empresas.

A ideia foi abandonada porque a presidente logo concluiu que os problemas nos aeroportos brasileiros eram resultado da m� administra��o da Infraero, e n�o da falta de dinheiro para investimentos. Com pouco tempo para consertar a situa��o antes da Copa de 2014, Dilma achou melhor buscar outra estrat�gia.

A Infraero ter� obrigatoriamente 49% das a��es das empresas que os vencedores do leil�o ir�o formar para administrar os aeroportos. Mas o papel da estatal tende a ser coadjuvante. Exigir sua presen�a foi um expediente adotado principalmente para driblar a resist�ncia dos petistas � privatiza��o.

A maneira como Dilma fez suas escolhas nesse caso ajuda a entender como ela governa. As convic��es ideol�gicas do passado importam pouco. O pragmatismo � que manda.

A prioridade da presidente � evitar que um vexame manche a imagem do Brasil na Copa do Mundo. At� l� ser� poss�vel saber se seu modelo servir� para melhorar os aeroportos brasileiros, e a que custo. Os resultados certamente ser�o um bom assunto para a campanha de 2014.


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