Folha de S. Paulo


2018 j� come�ou

Para muitos pode n�o estar claro, mas 2018 j� come�ou. A menos de um ano das elei��es, a pr�-campanha est� nas ruas. E nos jornais. Aparentemente, desenha-se a mais antecipada campanha eleitoral da hist�ria democr�tica recente. O jogo est� em andamento.

A pergunta inicial a ser respondida � o que decide uma elei��o. A condi��o econ�mica e a satisfa��o nacional, os v�nculos partid�rios dos eleitores ou as campanhas de m�dia e marketing que os candidatos tra�am? Provavelmente, a melhor resposta seja aquela que contemple todos esses aspectos.

Pol�ticos e partidos tentam se mostrar vi�veis na corrida presidencial. A chamada pr�-campanha � fundamental para definir os atores em jogo. Cada qual enfrentar� desafios pr�prios.

Luiz In�cio Lula da Silva (PT), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSC), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin e Jo�o D�ria (ambos do PSDB) s�o aqueles que mais se destacam, de acordo com o Datafolha. O instituto de pesquisas � diferencial da Folha e auxiliar poderoso para orientar e mensurar a cobertura.

Em dezembro de 2015, de acordo com o Datafolha, A�cio Neves chegava a liderar um cen�rio na disputa presidencial, com 27% das inten��es de voto, seguido de Lula (20%), Marina (19%), Ciro (6%) e Bolsonaro (4%). Alckmin atingiu 14%, e Doria n�o existia.

De l� para c�, o cen�rio pol�tico se alterou mais de uma vez. � importante notar, no entanto, a perman�ncia de Lula em faixa ascendente e a aproxima��o de Marina e Bolsonaro, com a queda da primeira e o crescimento do segundo.

Os leitores t�m comentado persistentemente essa campanha antecipada, com cr�ticas � cobertura -vista como excessiva- de Bolsonaro e Doria e a aus�ncia reportagens sobre Marina e Ciro Gomes.

"Por qual motivo a Folha d� extrema aten��o a todos os passos pol�ticos e atividades de D�ria e ignora por completo as atividades pol�ticas de Ciro Gomes? A Folha continuar� a dar aten��o a qualquer a��o do prefeito, ignorando as demais pe�as do jogo?", pergunta um.

"A Folha nitidamente reserva um espa�o absurdo e desproporcional a Bolsonaro, em compara��o com outros pr�-candidatos � Presid�ncia da Rep�blica", afirma outro.

Em certa medida, a percep��o dos leitores se sustenta numa leitura retrospectiva das edi��es da Folha. Cada movimento de Bolsonaro tem sido noticiado, apesar de, nos �ltimos 40 dias, ele pouco ter aparecido na primeira p�gina do jornal.

J� Doria esteve na capa da Folha a cada cinco dias -quase metade das vezes em men��es cr�ticas. O prefeito paulistano ocupa espa�o generoso em dois cadernos: "Poder" e "Cotidiano".

� poss�vel resumir pontos que merecem reflex�o de quem faz o jornal:

1) Jair Bolsonaro e Jo�o Doria t�m acompanhamento intensivo, enquanto Marina Silva e Ciro Gomes est�o escondidos no notici�rio. � preciso maior equil�brio;

2) Bolsonaro, comparado a Donald Trump, tem tratamento considerado jocoso demais por seus apoiadores e condescendente por seus advers�rios. � preciso encontrar o tom cr�tico adequado;

3) a movimenta��o e a administra��o de Jo�o Doria s�o mais frequentemente cobertas do que as de Alckmin. A cobertura administrativa do governo do Estado � ris�vel em compara��o � detalhada cobertura da Prefeitura de S�o Paulo, o que acaba por poupar Alckmin. O nome do governador quase nunca � citado em t�tulos de reportagens que tratam de a��es do governo do Estado. J� o nome de Doria est� na maior parte dos t�tulos da cobertura administrativa de S�o Paulo, at� quando n�o h� por que personalizar o enfoque. � preciso repensar a cobertura estadual e a municipal.

O secret�rio de Reda��o da Folha, Vinicius Mota, considera "plaus�vel supor" que, pelo ac�mulo de acontecimentos extraordin�rios na pol�tica e na economia nos �ltimos anos, esta pr�-campanha seja ainda mais agitada e incerta.

"A Folha procura dar a essa cobertura um enfoque balanceado, sem esconder que ocorre uma disputa antecipada, mas tampouco conferindo a essas movimenta��es destaque excessivo, como se outras quest�es importantes da agenda nacional n�o estivessem tamb�m em debate e a serem definidas nos pr�ximos meses. Compromete-se tamb�m a fazer um jornalismo equidistante, apartid�rio, cr�tico e voltado a descrever com objetividade os principais fatos dessa pr�via de corrida eleitoral", disse Mota.

Novidade eleitoral, a libera��o de compra de espa�os na internet, por exemplo, impor� uma nova forma de cobertura das redes sociais, na qual a m�dia ter� de estar alerta ao papel de rob�s e falsos comentadores e espalhadores de not�cias falsas. A interfer�ncia russa na campanha eleitoral americana de 2016 � um exemplo que deve preocupar a todos, em raz�o do potencial desestabilizador da disputa.

A imprensa est� preparada para documentar, relatar, problematizar, questionar e investigar tal momento? A resposta vir� nos pr�ximos meses, mas a Folha necessita desde j� de uma corre��o de rumos.


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