Folha de S. Paulo


Batalha pelo cora��o da �ndia

As pot�ncias do G2 (EUA e China) do mundo contempor�neo travam intensa competi��o em diversos tabuleiros. Projetos estrat�gicos de Washington e Pequim se abalroam na busca de ascend�ncia sobre a Am�rica Latina, alian�as na �frica, predomin�ncia econ�mica e militar na regi�o do Pac�fico.

Alvo privilegiado dessa disputa � a �ndia. De forma desinibida, cada polo do G2 opera de modo a atrair Nova D�li � sua esfera de rela��es preferenciais.

Os EUA acenam com parcerias tecnol�gicas, multiplica��o do com�rcio bilateral dos atuais US$ 100 bilh�es para US$ 500 bilh�es em dez anos e um assento permanente no Conselho de Seguran�a da ONU.

A China sinaliza forte ades�o de suas empresas ao programa "Make in India", lan�ado pelo primeiro-ministro Narendra Modi para atra��o de capitais industriais. Aquiesceu ao desejo de D�li em ocupar a primeira presid�ncia executiva do Banco dos Brics. Sugere aos indianos que eles ser�o os maiores benefici�rios do Banco Asi�tico de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em ingl�s) ao estabelecer-se com fundos majoritariamente chineses.

Tal disputa deixou de ser silenciosa. A visita que o presidente norte-americano, Barack Obama, fez a D�li nesta semana causou grande dor de cotovelo na diplomacia chinesa.

Pequim classificou a nova lua de mel entre Obama e Modi de "reaproxima��o superficial". Para os chineses, diferen�as em energia nuclear, com�rcio agr�cola ou mudan�as clim�ticas restringem a coopera��o entre as duas maiores democracias do planeta.

Muitas credencias alimentam a sedu��o da �ndia sobre o G2. Capacidade de dissuas�o nuclear. �nica economia dos Brics que n�o est� desacelerando e, segundo o FMI, j� em 2016 pode superar a China em percentual de crescimento. Fascina��o pelo "soft power" cinematogr�fico de Bollywood. Joint ventures com gigantes como Tata e Infosys.

H� tamb�m toda uma infraestrutura a construir. E toda uma popula��o –que em uma d�cada ser� a maior do mundo– a alimentar.

Para Washington, a �ndia oferece indispens�vel contraponto � proje��o geopol�tica de uma China cada vez mais forte militarmente. � aliado importante ante d�vidas que o Paquist�o suscita como s�cio no combate ao terrorismo.

Para Pequim, a �ndia comp�e gigantesca oportunidade para as empresas de constru��o civil chinesas que desejam alternativas � �frica em opera��es internacionais. Sua m�o de obra barata � imenso atrativo para produ��o de menor valor agregado. � preciso "terceirizar" setores industriais para equilibrar custos de trabalho cada vez mais altos em territ�rio chin�s.

Futur�logos da economia global gostam de apontar que o �nico pa�s com potencial de tornar-se a "nova China" nos pr�ximos anos � a �ndia. Tal chance de a hist�ria se repetir � pequena, mas existe.

A �ndia de Modi tem se movimentado com intelig�ncia na dan�a com os pa�ses do G2.

Ao extrair todo benef�cio poss�vel do jogo de ambi��es entre EUA e China, d� ao mundo emergente bela li��o do que hoje deve significar o "n�o alinhamento".


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