Folha de S. Paulo


Pedaladas condominiais

Quem mora em condom�nio sabe que todo dinheiro arrecadado tem um destino certo, uma utiliza��o aprovada previamente, o que chamamos de "dinheiro carimbado".

A verba ordin�ria serve para pagar as contas do m�s, tais como sal�rios, �gua, luz e contratos de manuten��o. A verba do fundo de reserva � uma poupan�a, uma seguran�a financeira para emerg�ncias ou benfeitorias que tenham sido aprovadas em assembleia. Outros fundos, de obras e reparos, tamb�m dependem de aprova��o espec�fica para sua utiliza��o.

Fora isso, temos os famigerados rateios extraordin�rios, que servem para arrecadar dinheiro extra, durante um per�odo determinado, para a execu��o de algum reparo ou para a aquisi��o de equipamentos. Trata-se de um dinheiro com finalidade espec�fica, "carimbado".

Ao elaborar o balancete mensal, as administradoras de condom�nio devem identificar as movimenta��es de cada verba, separadas por natureza de arrecada��o e despesa. Essa distin��o serve, entre outras coisas, para definir qual custo � do inquilino e qual � do propriet�rio -sempre um motivo de atrito.

Ocorre que muitos condom�nios n�o respeitam a destina��o das verbas arrecadadas e misturam os "dinheiros carimbados", o que fragiliza a sa�de financeira do empreendimento e muitas vezes pode induzir os moradores a erro.

Em um condom�nio de classe m�dia com mais de 200 apartamentos, os moradores aprovaram em assembleia um rateio extra para o aquecimento da piscina. O s�ndico preferiu usar parte do dinheiro para a instala��o de equipamentos de seguran�a -o que de fato � importante-, mas os propriet�rios ficaram irados, porque n�o foram consultados. O clima ficou pesado e haver� necessidade de um rateio extra complementar para o t�o sonhado aquecimento da piscina.

Outra situa��o muito comum hoje em dia � um condom�nio que est� com suas contas ordin�rias deficit�rias (por causa de inadimpl�ncia, reajuste dos contratos etc.) se socorrer mensalmente retirando valores dos fundos de reserva e de verbas extraordin�rias, uma esp�cie de pedalada cont�bil que ofusca a situa��o financeira do pr�dio.

Na maioria dos casos, n�o existe dolo ou m�-f� do s�ndico, mas, sim, uma falha no planejamento ou na execu��o dos or�amentos. A corre��o deve ser r�pida, efetiva e deliberada em assembleia.


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