Come�ou a funcionar no bairro da Lapa, em S�o Paulo, o projeto piloto Feiras e Jardins Sustent�veis. Depois de uma pesquisa sobre m�todos adequados de compostagem, de um mapeamento de locais de coleta de material org�nico, com estudo de rotas de transporte e hor�rios, e a cria��o de uma log�stica de opera��o, foi instalado um p�tio para tratar restos de 26 feiras livres da regi�o.
Na �ltima ter�a (17), houve uma inaugura��o oficial do projeto com t�cnicos e administradores ligados � prefeitura e �s empresas parceiras. Visitei a unidade na semana anterior, durante um semin�rio sobre tratamento de res�duos org�nicos.
Diariamente, desde setembro, est�o sendo recolhidos restos de frutas, legumes e verduras no final das feiras participantes. S�o cinco toneladas di�rias, 35 toneladas por semana. Todo esse material � verificado no ato da coleta junto com os feirantes, para evitar a mistura com pl�sticos ou outros tipos de res�duos n�o adequados, como peixes e carnes, por exemplo.
Quando chegam ao p�tio da Lapa, os res�duos das feiras s�o depositados em leiras (que s�o aquelas lombadas comuns nas hortas) feitas de camadas de restos de poda de jardins e cobertas de palha, para que sejam decompostos, possam depois maturar e descansar para uso posterior no plantio.
Esse processo � chamado de compostagem termof�lica em leiras est�ticas de aera��o natural e � conhecido tamb�m como m�todo UFSC (de Universidade Federal de Santa Catarina) por ter sido adotado para reciclagem das sobras org�nicas naquela institui��o, em projeto liderado pelo agr�nomo e professor Paul Richard Muller.
O m�todo foi escolhido por demandar pouco investimento em infraestrutura, n�o causar odor e por combinar os restos de verduras, frutas e legumes aos compostos de carbono presentes em palhadas, folhas secas e lascas de madeira, facilmente obtidas em jardins e parques, criando ambiente adequado para bact�rias e fungos degradarem o material em poucos meses.
Depois que a leira j� recebeu res�duos suficientes para chegar na altura que permita ainda o manuseio, ela � deixada em repouso por 90 dias. Nesse per�odo, a temperatura interna chega aos 65 graus. Depois disso, o material � retirado, peneirado e descansa por mais 30 dias antes de ser ensacado e distribu�do.
J� em dezembro, deve estar pronto o primeiro lote de adubo org�nico feito com esse lixo verde nobre, que ser� usado na planta��o de �rvores e manuten��o de jardins e pra�as da regi�o.
| Mara Gama/Folhapress | ||
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| Leira de compostagem com placas indicando origem e datas dos restos de feira depositados e a caixa de escoamento do l�quido |
O projeto tem car�ter experimental e deve durar um ano. Todas as etapas est�o sendo acompanhadas e analisadas para que o sistema possa ser expandido para outros p�tios semelhantes e as quatro centrais de compostagem que a Prefeitura da cidade quer implantar em 2016, com capacidade para 50 toneladas cada uma.
Foi desenhado pelo setor de res�duos s�lidos org�nicos da Amlurb, empresa de limpeza p�blica da cidade, coordenado pelo engenheiro agr�nomo Antonio Storel, em parceria com a empresa Inova, concession�ria respons�vel pelos servi�os de limpeza da �rea noroeste da cidade (que inclui a subprefeitura da Lapa), e com o Centro de Estudos e Promo��o da Agricultura de Grupo, o Cepagro.
O Cepagro � a organiza��o respons�vel pelo projeto Revolu��o do Baldinhos, de gest�o comunit�ria de res�duos org�nicos na comunidade Chico Mendes no bairro de Monte Cristo, em Florian�polis, que se tornou refer�ncia na �rea.
O projeto faz parte da estrat�gia do governo municipal de S�o Paulo para cumprir uma das metas da administra��o de processamento dos res�duos das 900 feiras livres e de podas de jardins. A meta se alinha com a Pol�tica Nacional de Res�duos S�lidos, que prev� que os aterros sanit�rios s� devem receber rejeitos, isto �, apenas o material que n�o for pass�vel de reciclagem ou reaproveitamento pode ser depositado nesses locais.
Os res�duos org�nicos provenientes das feiras e domic�lios formam a maior parcela do lixo comum. Embora n�o sejam contaminantes em si, s�o ve�culo de contamina��o quando se degradam misturados a outros materiais, no processo de deposi��o dos aterros, e s�o respons�veis pelas emiss�es de g�s carb�nico, g�s metano e chorume nesses locais.
H� 11 anos, em agosto de 2004, era fechada a usina de compostagem da Vila Leopoldina, na zona oeste na cidade. Inaugurada em 1974, ela foi a �ltima central daquele tipo a fechar suas portas no munic�pio. Na �poca de pleno funcionamento, recebia diariamente cerca de 800 toneladas de res�duos, geradas por aproximadamente 950 mil habitantes dos bairros do Butant�, Pinheiros e Lapa.
Naquela �poca, era usado um outro m�todo para a compostagem e a usina sofreu as consequ�ncias da falta de controle da coleta e da mistura inadequada de materiais. Por causa do mau cheiro causado pelo processo de decomposi��o, seu fechamento foi reivindicado pelos moradores da regi�o.