Folha de S. Paulo


N�o confie no eleitorado

Gonzalo Fuentes - 18.jul.2017/Reuters
French President Emmanuel Macron attend a joint news conference with Switzerland's President at the Elysee Palace in Paris, France, July 18, 2017. REUTERS/Gonzalo Fuentes ORG XMIT: GFM113
O presidente franc�s, Emmanuel Macron

S�O PAULO - Emmanuel Macron, o jovem presidente franc�s, que at� poucas semanas atr�s era apontado como fen�meno eleitoral e pol�tico da modernidade, j� come�a a parecer menos fenomenal.
Macron foi eleito presidente em maio com 66% dos votos. Ele se apresentava como um independente e prometia combinar uma agenda progressista em temas sociais com realismo or�ament�rio e medidas para tornar a economia mais eficiente.

Um m�s depois, os franceses voltaram �s urnas para escolher deputados e deram ao En Marche, o movimento pelo qual Macron se lan�ara, 61% das cadeiras do Parlamento.

Agora, pesquisas mostram que a popularidade de Macron se esvai pelo ralo. Sondagem da Harris Interactive de agosto indica que apenas 37% dos franceses aprovam o presidente. O mais curioso � que nada de muito relevante aconteceu nesses tr�s meses que pudesse justificar uma guinada t�o forte da opini�o p�blica.

� verdade que Macron foi eleito menos por apoio a seu projeto do que pela rejei��o dos franceses � candidata da extrema direita, Marine Le Pen, contra a qual ele disputou o segundo turno. Mas, mesmo assim, j� fora da amarra bin�ria do segundo escrut�nio, o En Marche fez uma impressionante maioria no Parlamento.

A mudan�a ilustra bem a tese de alguns cientistas pol�ticos como Christopher Achen e Larry Bartels, que sustentam que a democracia n�o funciona pelas raz�es que gostar�amos que ela funcionasse. Evid�ncias emp�ricas mostram que a maioria do eleitorado n�o vota com base na avalia��o de propostas, nem por julgar administra��es e menos ainda por ideologia, mas por um vago senso de identifica��o com o candidato temperado pelo ritmo dos ciclos econ�micos e caprichos do acaso.

A democracia � valiosa n�o por favorecer boas escolhas dos cidad�os, mas por ser o regime que assegura altern�ncia no poder, Estado de Direito e algumas liberdades fundamentais.


Endere�o da p�gina:

Links no texto: