R$ 0,20 s�o apenas um detalhe por tr�s das manifesta��es contra o aumento das passagens de transporte p�blico.
Apenas esse valor, por mais relevante que possa ser para os mais pobres, n�o teria a for�a de movimentar tanta gente. E nem os grupos radicais de esquerda teriam esse poder de mobiliza��o.
Como mostrou o Datafolha, a popula��o pode discordar da viol�ncia, mas est� favor�vel aos protestos.
O essencial vai muito al�m sobre se � justo ou n�o subir as passagens. Ou at� mesmo quem s�o os respons�veis pelo vandalismo.
O essencial � que temas locais ganham cada vez mais import�ncia na agenda do brasileiro. � o que est� mais pr�ximo e vis�vel do cidad�o. Diria que � uma quest�o de civilidade.
H� um sentimento disseminado de desrespeito no cotidiano das cidades: a inseguran�a em cada esquina, a p�ssima qualidade das escolas p�blicas, o sistema de sa�de onde vemos macas com pacientes nos corredores, a escassa oferta de transporte p�blico, os congestionamentos crescentes, as enchentes provocadas pela falta de obras, a polui��o ainda maior.
Algu�m discorda da simples ideia de que se cidad�o tivesse sido mais cuidado e os transportes p�blicos merecido mais aten��o dos governantes haveria mais linhas de metr�, corredores de �nibus e cal�adas melhores? Quanto se jogou de dinheiro fora para abrir mais ruas e viadutos s� para carros?
O que vemos � como os pol�ticos transformam as cidades apenas em trampolim para projetos eleitorais "maiores".
Um aumento de R$ 0,20 na passagem ( menos do que a infla��o) � traduzido, ent�o, como abuso. E pega.
Por tr�s dos R$ 0,20 h� um crescente inc�modo sobre a forma como os governantes tratam o cotidiano das cidades. Acrescente-se a� o inc�modo com a infla��o - um assunto que voltou ao centro da preocupa��o nacional.
Fiquei entristecido obviamente em ver tantas cenas de viol�ncia por causa das manifesta��es, mas, ao mesmo tempo, esperan�oso de que esse tipo de manifesta��o signifique um sinal de cidades mais atentas e mobilizadas.