Folha de S. Paulo


Polui��o clim�tica do setor de energia cresce 6% no Brasil, apontam ONGs

Na contram�o dos compromissos assumidos pelo Brasil para a Confer�ncia de Paris, sua emiss�o de gases do efeito estufa para obter energia aumentou em 2014. Enquanto o PIB encolhia 0,1%, a polui��o clim�tica do setor cresceu 6%.

Essa � a principal m� not�cia do Observat�rio do Clima, uma rede de organiza��es n�o governamentais, na estimativa de emiss�es que est� lan�ando nesta quinta-feira (19). Os dados detalhados podem ser obtidos e baixados na p�gina do SEEG.

A boa not�cia: as emiss�es totais do pa�s ca�ram ligeiramente. O Brasil inteiro lan�ou na atmosfera o equivalente a 1,558 bilh�o de toneladas de di�xido de carbono (ou GtCO2eq), 0,9% menos que no ano anterior.

Outra m� nova � que o pa�s se encontra estacionado no patamar de 1,5 GtCO2eq desde 2009.

Infogr�fico: S�rie hist�rica

O governo Dilma Rousseff se comprometeu a reduzir as emiss�es nacionais em 43% at� 2030, com rela��o ao n�vel de 2005 (2,043 GtCO2eq). Isso significa que em 15 anos o total deveria descer par algo em torno de 1,165 GtCO2eq. Portanto, seria preciso eliminar 0,393 GtCO2eq at� l�, ou 26 milh�es de toneladas por ano.

Toda a dificuldade reside em que o pa�s j� colheu os frutos f�ceis de apanhar, em mat�ria de corte de gases do efeito estufa, ao reduzir o desmatamento na Amaz�nia em mais de 80% numa d�cada. No jarg�o clim�tico, essa rubrica se chama "mudan�a do uso da terra", e de novo se observou a� uma diminui��o de 9,7% de 2013 para 2014.

Em paralelo, seguem em alta os gases do efeito estufa produzidos pela queima de combust�veis f�sseis (gasolina e diesel) nos transportes e para gerar energia el�trica nas usinas termel�tricas a g�s natural e carv�o. Como n�o se prev� que a demanda por energia encolha, este setor tende a esterilizar toda a economia feita na mudan�a do uso da terra.

Est� cada vez mais dif�cil conter o desmatamento na Amaz�nia, que nos �ltimos anos andou pela casa dos 5.000 km2 anuais. O governo federal assumiu a meta de eliminar apenas o desmatamento ilegal at� 2030 e prometeu compensar a destrui��o de florestas com recupera��o e replantio de matas, mas sem um plano detalhado para isso.

Mais ainda: a presidente Dilma adotou o compromisso de desmate ilegal zero s� para a Amaz�nia. Silenciou sobre os outros biomas nacionais, como o cerrado, onde hoje se observam taxas de destrui��o compar�veis �s da floresta amaz�nica, pois � sobre ele que avan�a a fronteira agr�cola.

Infogr�fico: A origem do nosso CO2

Mesmo com a queda no desmatamento da Amaz�nia, o setor de mudan�a do uso da terra ainda � o que mais contribui para agravar o aquecimento global, com 31,2% dos gases-estufa emitidos. Mas tem a energia em seu encal�o, com 30,7%, e crescendo.

Em seguida vem a agropecu�ria, com 27% (o restante prov�m de processos industriais e deposi��o res�duos, como nos lix�es). Se forem contabilizadas para a agricultura e a pecu�ria tamb�m as emiss�es que ocasionam com desmatamento, energia e res�duos, sua participa��o sobe para 60% da polui��o clim�tica brasileira em 2014.

Cabe registrar, por�m, que esse latif�ndio vem encolhendo. Em 2000, era de 82%; em 2010, 67%.

Quando se retira da conta a montanha russa de gases do efeito estufa gerados pelo desmatamento, contudo, percebe-se melhor como o Brasil caminha em linha reta para aumentar suas emiss�es: de 3,9 tCO2eq por habitante, em 1990, para 5,3 tCO2eq, em 2013. Com a mudan�a do uso da terra computada, a cifra sobe para 7,4 tCO2eq/hab, acima da m�dia mundial.


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