Folha de S. Paulo


Cientistas prop�em ideia de que a 'desextin��o' j� � poss�vel

Todo ver�o do hemisf�rio Norte � a mesma hist�ria: intr�pidos exploradores aproveitam o degelo do �rtico para desencavar um cad�ver de mamute incrivelmente bem preservado.

Ap�s uma r�pida an�lise do paquiderme defunto, anunciam que ele provavelmente ainda tem c�lulas intactas e que, portanto, trata-se de um �timo candidato � ressurrei��o por meio da clonagem. Decidem preservar o cad�ver em um freezer tamanho jumbo e estimam que um beb� mamute estar� dispon�vel dentro de alguns anos.

Esse cen�rio de fic��o cient�fica provavelmente vai continuar restrito aos filmes de baixo or�amento. Mas isso n�o significa que alguma coisa muito parecida com um clone de mamute n�o possa ser criada com tecnologias atuais.

Ressucitar um mamute

� esse o argumento central do livro "How To Clone a Mammoth" ("Como Clonar um Mamute", ainda sem vers�o brasileira), escrito pela bi�loga americana Beth Shapiro.

Embora os mamutes sejam os astros do livro, a ideia de trazer um desses monstros de volta � vida � s� um pretexto para abordar o estranho mundo novo da "desextin��o". H� proponentes s�rios da ideia (e alguns malucos) de que � poss�vel desafiar a m�xima de que extin��es s�o irrevers�veis.

O problema � que, ap�s centenas ou mesmo milhares de anos, � inevit�vel que o DNA presente em ossos, dentes ou outro tipo de tecido acabe se degradando, acumulando in�meros erros de estrutura molecular e se quebrando em pedacinhos cada vez menores.

Ou seja, � in�til esperar que uma c�lula intacta de mamute seja suficiente para clonar um exemplar do bicho.

Mas o estudo paciente do material gen�tico obtido a partir de f�sseis, bem como a compara��o desses fragmentos com os genes de elefantes modernos, dever� permitir que os cientistas descubram as principais diferen�as biol�gicas entre os paquidermes de hoje e seus parentes extintos.

A� � que viria o passo crucial: usar esses dados para alterar geneticamente as c�lulas de elefantes atuais, de maneira que elas reproduzam algumas das caracter�sticas mais importantes dos mamutes, como toler�ncia ao frio e aquele casaco de peles natural dos bichos da Era do Gelo.

Essa possibilidade soa cada vez menos maluca, gra�as ao advento de t�cnicas de engenharia gen�tica. Feitas as mudan�as, o n�cleo da c�lula alterada seria transferido para um �vulo de elefante asi�tico, mais ou menos como ocorreu quando cientistas clonaram a ovelha Dolly.

� claro que a quest�o envolve ainda in�meras outras complica��es. Embri�es clonados muitas vezes n�o chegam ao fim da gesta��o ou nascem com problemas s�rios de sa�de, por exemplo.

AMBIENTES

Se os obst�culos forem vencidos, no entanto, a ideia n�o � apenas recriar um ou dois dod�s/mamutes/lobos-da-tasm�nia para serem expostos � em zool�gicos futuristas.

No �rtico, por exemplo, o cen�rio relativamente desolado da atual tundra s� surgiu ap�s a extin��o de grandes mam�feros que viviam na regi�o –al�m dos pr�prios mamutes, havia ainda cavalos e bis�es por l�, por exemplo.

Acredita-se que esses animais atuem como engenheiros de ecossistemas, revolvendo a terra, fertilizando-a com suas fezes, carregando sementes etc. Traz�-los de volta reavivaria os ambientes.

Um exemplo recente desse fen�meno foi o retorno dos lobos ao Parque Nacional Yellowstone, nos EUA. Eles controlaram a popula��o de cervos, que andava comendo plantas demais.

Apesar dessa experi�ncia positiva, � dif�cil saber que espa�o as grandes feras do passado teriam num mundo t�o absolutamente dominado por seres humanos quanto o nosso. Talvez o tempo delas tenha passado. Mas n�o deixa de ser alentador que a mesma esp�cie que as dizimou esteja desenvolvendo as ferramentas para tentar traz�-las de volta.

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How To Clone A Mamoth

Autora Beth Shapiro
Editora Princeton University Press
Quanto R$ 57,19 (e-book), 220 p�gs.
Avalia��o Muito bom


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