Folha de S. Paulo


Minist�rio da Ci�ncia lan�a plano de a��o na Ant�rtida

Ap�s mais de 30 anos de atua��o na Ant�rtida, a ci�ncia brasileira finalmente ganhou um planejamento oficial para nortear suas atividades no continente. O lan�amento do documento aconteceu em Bras�lia durante a 37� Reuni�o Consultiva do Tratado da Ant�rtica, conhecido pela sigla em ingl�s ATCM, que re�ne representantes de cerca de 50 pa�ses em Bras�lia at� esta quarta-feira (7).

O Plano de A��o da Ci�ncia Ant�rtica 2013-2022 traz o ambicioso objetivo de ver o Brasil "tornar-se uma na��o reconhecida internacionalmente por seu elevado desempenho cient�fico na Ant�rtida e oceano Austral" e fala em levar a pesquisa do pa�s ao n�vel de excel�ncia.

Embora n�o se desdobre especificamente sobre a quest�o do financiamento, cientistas e representantes do governo dizem acreditar que o documento, ao estabelecer crit�rios claros para o futuro da pesquisa n�s pr�ximos anos, ajudar� na capta��o de recursos.

De acordo com Carlos Nobre, secret�rio de pol�ticas e planos de desenvolvimento do MCTI (Minist�rio da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o), o texto demonstra a maturidade das pesquisas brasileiras na Ant�rtida.

"Havendo um plano claro, as coisas ficam muito mais fact�veis. Isso norteia o financiamento das pesquisas", disse � Folha.

O plano de a��o define cinco eixos principais de pesquisa, que al�m de estarem em um momento de efervesc�ncia internacional tamb�m est�o relacionados fortemente ao Brasil e � Am�rica do Sul.

"N�s temos de parar com esse mito de que o Brasil � um pa�s tropical isolado. A quest�o do clima do pa�s n�o pode ser s� vista, por exemplo, pela perspectiva da Amaz�nia. O continente ant�rtico tem uma forte influ�ncia sobre o pa�s", explica Jefferson Sim�es, diretor do Centro Polar e Clim�tico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que participou da elabora��o do projeto.

A comunidade cient�fica recebeu bem o texto, que foi amplamente discutido e passou por uma consulta p�blica.

OS PROJETOS

S�o cinco �reas de pesquisa priorit�ria que se interligam de v�rias formas. A primeira � o papel da superf�cie coberta de gelo e neve, a chamada criosfera, no sistema terrestre e no clima do nosso hemisf�rio. O segundo aborda os feitos das mudan�as clim�ticas na complexidade biol�gica dos ecossistemas ant�rticos e tamb�m a a��o humana nesses ambientes.

O terceiro programa estuda os processos f�sicos e biogeoqu�micos ligados �s mudan�as clim�ticas na circula��o do oceano Austral. O quarto se relaciona aos mecanismos que levaram � atual configura��o geogr�fica da Ant�rtida e, por fim, o quinto investiga a din�mica qu�mica da alta atmosfera no Polo Sul e como a perda de oz�nio atmosf�rico impacta o clima local.

IMPORT�NCIA

A Ant�rtida, assim como o �rtico, � um dos ambientes mais sens�veis �s mudan�as clim�ticas. Por isso, seu estudo � de fundamental import�ncia sobre os impactos do aumento global de temperauras.

Al�m disso, existe a pesquisa no continente gelado tem um forte componente pol�tico. O Tratado Ant�rtico estabelece que, para ter direito a opinar no futuro da explora��o do continente, os pa�ses precisam desenvolver atividades de pesquisa relevante por l�.

Em sua 32� Operantar (Opera��o Ant�rtica Brasileira), o pa�s parece j� ter se recuperado quase completamente do trauma do inc�ndio, que em fevereiro de 2012 destruiu a maior parte da Esta��o Ant�rtica Comandante Ferraz e tirou a vida de dois militares.

Embora a licita��o para reconstruir a base tenha terminado em fevereiro sem interessados –uma nova deve ser lan�ada ainda neste m�s–, o programa segue em ritmo intenso.

H� uma esta��o provis�ria instalada em cont�ineres especiais que come�ou a receber cientistas em novembro e dois navios de pesquisa adaptados ao ambiente polar: o Almirante Rongel e o Almirante Maximiano. Os cientistas tamb�m costumam acampar em pontos do continente e fazer parcerias com outros pa�ses.


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