Folha de S. Paulo


Especialistas estimam em US$ 3 tri transi��o para economia verde

O investimento necess�rio para a transi��o a uma economia global de baixo carbono � de US$ 3 trilh�es por ano, sendo US$ 1 trilh�o apenas no setor de energia.

A estimativa foi feita por estudiosos do clima de todo o mundo e debatida nesta ter�a-feira (27) no semin�rio The Rio Climate Challenge - Rio Clima 2015, que teve nesta terceira edi��o o tema "Transi��o para economias de baixo carbono".

O evento, cujos debates foram fechados ao p�blico, � preparat�rio para a Confer�ncia do Clima das Na��es Unidas (COP 21), que ocorre de 30 de novembro a 11 de dezembro, em Paris (Fran�a). Participaram do encontro especialistas do Brasil, Fran�a e Estados Unidos.

O representante do Climate Reality Project, Ken Berlin, afirma que no ano passado foram investidos US$ 270 bilh�es em energias renov�veis, o que n�o � suficiente para fazer a diferen�a necess�ria na gera��o de energia limpa. Para ele, trata-se de um n�mero muito grande, mas que acrescentou apenas 6% na gera��o de energias renov�veis.

"Isso n�o � o suficiente. Os estudos recomendam o investimento de US$ 500 bilh�es por ano at� 2020 e US$ 1 trilh�o at� 2030. Estamos falando de um investimento muito grande para substituir de verdade os combust�veis fosseis por um sistema de energia com fontes renov�veis", acrescentou.

O Climate Reality � uma organiza��o do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, um dos principais ativistas da mitiga��o dos efeitos das mudan�as clim�ticas no mundo, autor do document�rio "Uma Verdade Inconveniente", sobre o aquecimento global, que venceu o Oscar em 2007. No mesmo ano, Al Gore recebeu o Pr�mio Nobel da Paz, junto com o Painel Intergovernamental para as Altera��es Clim�ticas da Onu.

Durante o semin�rio, a delega��o francesa apresentou o mecanismo de precifica��o positiva do carbono, que reconhece o valor social e econ�mico proporcionado pela redu��o das emiss�es do g�s (carbono) e visa canalizar recursos do sistema financeiro para projetos ambientais.

De acordo com o diretor-executivo do Centro Brasil no Clima, Alfredo Sirkis, a ideia � que as discuss�es sobre a cria��o da chamada "moeda do clima" comecem na COP 21. Ele explica que 40 pa�ses j� tem alguma iniciativa nesse sentido.

"� uma forma de voc� ajudar nessa transi��o para a economia de baixo carbono, porque voc� est� assumindo aquilo que se chama de externalidade, ou seja, as consequ�ncias externas onerosas da polui��o, que quase nunca s�o calculados".

Segundo ele, n�o faz parte do pre�o do carv�o, por exemplo, a an�lise das doen�as respirat�rias que ele provoca e a quantidade de interna��es hospitalares e o �nus que isso representa para o sistema de sa�de p�blica. Sirkis ressalta, ainda, que "a partir do momento que voc� come�a a taxar o carbono, voc� est� levando em conta essas externalidades".

Segundo Berlin, um dos problemas enfrentados para o sistema de precifica��o do carbono � a falta de garantia que os investidores podem ter. "Os bancos est�o muito envolvidos nisso. Tem que fazer isso com suporte dos governos, porque as pessoas n�o querem investir se houver risco. Se houver garantias a longo prazo, se os governos fizerem isso, vai encorajar os investidores. N�o tem que garantir 100% de tudo, mas tem que ter garantias por lei de 10%, 20% dos investimentos privados".

De acordo com Sirkis, as atuais discuss�es sobre os investimentos na transi��o para a economia de baixo carbono est�o em torno de US$ 100 bilh�es.

"US$ 1 trilh�o seria para energia e outros US$ 2 trilh�es para o conjunto de infraestrutura, estamos falando do planeta como um todo, o conjunto de pa�ses. De qualquer maneira isso � muito muito muito acima do que as cifras que s�o discutidas nas reuni�es de conven��es do clima. A grande discuss�o � como � que vai chegar a US$ 100 bilh�es em 2020 l� no Fundo Verde do Clima. US$ 100 bilh�es � quase nada perto do que realmente � necess�rio".

No come�o do m�s, 149 pa�ses j� tinham apresentado as metas de redu��o das emiss�es que apresentar�o na reuni�o de Paris tendo como base as emiss�es do ano de 2005. O Brasil quer reduzir as emiss�es em 43% at� 2030.


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