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A Cora, fintech de serviços bancários para pequenas e médias empresas, completou 5 anos no fim de junho, mas o presente chegou agora na primeira semana de julho. Nesta terça (02), a fintech recebeu do Banco Central a autorização para operar como finaneira.

Conforme publicação no Diário Oficial da União, a empresa obteve o ‘sinal verde’ do BC para migrar de uma Sociedade de Crédito Direto (SCD) — licença que tinha desde junho de 2020 — para uma Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI) — nome técnico para as financeiras.

Para o fundador e CEO da Cora, Igor Senra, a licença abrirá de forma expressiva o leque de produtos de crédito para a companhia, que até então tinha sua base em dois produtos – o de conta empresarial e cartão de crédito. Em papo exclusivo com o Startups, Igor revela que a autorização do BC não apenas abre possibilidades para oferta de crédito, mas também para produtos de investimentos.

“Isso nos dá a possibilidade de criar um ciclo positivo, permitindo aos clientes ter produtos como saldo remunerado, como um CDB, e isso também se converte para o negócio como um mecanismo de funding para outros produtos”, explica Igor.

Além do capital mínimo regulatório superior às SCDs, as financeiras podem captar recursos do público por meio de diferentes instrumentos, como Recibos de Depósitos Bancários (RDBs) — equivalentes aos CDBs de bancos — e Letras de Câmbio (LCs), ambos com proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

As SCDs, por sua vez, podem operar somente com recursos próprios. Ou seja, não captam depósitos junto ao público. Muitas delas, por exemplo, cedem os créditos de sua carteira a fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) para acessar outros “bolsos”. Utilizam, ainda, instrumentos de securitização como funding para suas operações de empréstimos.

Novos produtos

Um dos focos da Cora para 2024 foi a aposta em novos produtos, um movimento que já tinha começado antes mesmo da autorização do Banco Central. Entre as ofertas já lançadas no primeiro semestre estavam produtos como emissão de nota fiscal eletrônica integrada à conta, links de pagamento e cartão de crédito com limite garantido.

Segundo Igor, estas novas ofertas também ajudaram na fidelização e na geração de insights para os produtos de crédito que ainda estão para ser lançados. “Isso é bom pois nos aumenta o entendimento do transacional do cliente, melhorando na concessão do crédito”, explica.

Contudo, agora com a nova licença, o CEO ressalta que a Cora pretende “atacar” o segmento de crédito com sustentabilidade, começando com produtos como o CDB no saldo da conta PJ e um outro voltado ao capital de giro para PMEs. “Entendemos que nosso cliente já corre riscos o suficiente no seu dia-a-dia do negócio. Ele não quer mais riscos na hora de investir”, avalia.

Atualmente, a fintech conta com cerca de 1,4 milhão de clientes, o que segundo Igor, representa um market share de 5% das PMEs no país. Para este ano, o plano da Cora é crescer a sua receita em 50%. “Essa estimativa é sem contar o que podemos rentabilizar com um produto como o saldo remunerado. Sabemos que podemos aumentar esse percentual, e ainda estamos pra ver o quanto”, afirma Igor.

E o breakeven?

Em conversa com o Startups no ano passado, a empresa tinha afirmado que estava mais próxima do seu breakeven. Segundo o CEO, o ponto de equilíbrio está mais próximo – a fintech já teve resultado positivo em abril – mas ainda não é algo concreto. Entretanto, agora com novas linhas de rentabilização a partir da operação como financeira, a expectativa é que o horizonte positivo fique ainda menos distante.

Em operação desde 2020, a Cora foi fundada por Igor Senra e Leonardo Mendes, ambos ex-Moip. De lá pra cá, a fintech levantou três rodadas de investimento, com nomes como Kaszek, Ribbit Capital, GreenOaks, Tiger Global, QED e Tencent na lista de investidores.

A última rodada da Cora foi um cheque de US$ 116 milhões (mais de R$ 600 milhões) anunciado em agosto de 2021, mas segundo Igor, o runway ainda é grande. “Estamos crescendo com sustentabilidade, e isso é uma consequência do trabalho que desenvolvemos e dos produtos que estamos entregando”, finaliza o CEO da Cora.

*Matéria escrita com a colaboração do site Finsiders Brasil

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