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por Fábio Seixas

 

Deu Hamilton. Com Rosberg em segundo.

 

 

 

E uma vantagem enorme em relação ao resto.

 

Na linha de chegada, 34s523 separavam o inglês do terceiro colocado, Vettel.

 

(Poderia ser muito mais se os ponteiros tivessem apertado o ritmo...)

 

Os sinais da pré-temporada estavam certos: a Mercedes está em outro mundo.

 

Massa foi o quarto. E Nasr se tornou o grande nome da corrida, em quinto lugar.

 

Que estreia... Do alto de seus 22 anos, o brasiliense parecia um veterano na pista. À exceção de um toque na largada, teve uma condução limpa, forte, irrepreensível.

 

Aplausos. 

 

A abertura do Mundial gerou notícias antes mesmo da largada.

 

Sofrendo com dores nas costas, Bottas nem colocou o macacão.

 

Mas teve mais. Ou menos, dependendo do ponto de vista.

 

Magnussen e Kvyat ficaram pela pista no caminho para o grid. O dinamarquês, com o motor Honda fumando. O russo, com a caixa de câmbio quebrada.

 

Somem esses três aos dois pilotos da Manor, e o GP da Austrália teve apenas 15 carros largando. Desde o GP da Itália de 1969, que também teve 15 carros, a F-1 não via um grid tão enxuto.

 

Mas teve largada, claro. E Hamilton conseguiu segurar bem a ponta. Fez a primeira curva na frente, sem sustos.

 

 

Rosberg e Massa também mantiveram suas posições.

 

Mais atrás, como sempre em Melbourne, um pouco de confusão. Tentando evitar Raikkonen, Nasr deu um totó na traseira de Maldonado.

 

Incidente normal de corrida. Acontece. Mas pior para o venezuelano, que abandonou a prova e provocou a entrada do safety car. Restavam 14.

 

Instantes depois, mais um abandono: Grosjean, com pane elétrica. 13.

 

Na relargada, novamente tudo tranquilo na ponta. E Nasr continuou forte: mostrou arrojo, passou Sainz e chegou ao quinto lugar.

 

As Mercedes, então, começaram a sumir. E a McLaren também.

 

Após 12 voltas, Hamilton tinha 1s8 sobre Rosberg, que abria 7s1 para Massa. Depois vinham Vettel, Nasr, Ricciardo, Raikkonen, Sainz, Verstappen e Hulkenberg.

 

No fundão, Button estava a 15s de Ericsson. Como se não bastasse, ainda fez lambança: se enroscou com Pérez, que havia rodado e tentava se recuperar na corrida. O mexicano rodou de novo, mas se manteve no GP.

 

Na 18ª volta, Raikkonen abriu os pit stops. Tirou os macios e colocou um novo jogo, indicando que faria um segundo pit.

 

Hulkenberg entrou na 20ª. Trocou macios por médios. Massa entrou na 22ª, e fez a mesma opção. Ou seja, esses dois teriam condições de ir até o fim sem parar de novo.

 

Vettel entrou na 24ª. Sainz, na 25ª. Hamilton e Rosberg, logo depois. Nasr, idem.

 

Posições reestabelecidas na ponta, Hamilton tinha 3s2 sobre Rosberg na 28ª volta. Vettel ganhou a posição de Massa e começou a abrir. Raikkonen estava em quinto, mas com mais um pit para fazer.

 

Nasr era o sétimo, mas atrás de Verstappen, que ainda não tinha entrado. Na 33ª, com o pit do holandês, o brasileiro pulou para sexto.

 

Na 34ª, Verstappen parou, com o motor Renault fumando. Restavam 12.

 

Os brasileiros passaram, então, a viver momentos complicados.

 

Massa não conseguia se aproximar de Vettel e começou a ver o pódio se distanciar. Nasr passou a tomar pressão de Ricciardo. Mais: Raikkonen abriu margem suficiente para parar e retornar à frente do seu Sauber.

 

Foi o que aconteceu, na 41ª volta. O finlandês fez seu pit e voltou em quinto. Mas durou pouco. Ele logo encostou, com o pneu traseiro esquerdo mal colocado. Barbeiragem inacreditável da Ferrari, que o liberou para a pista antes de o trabalho estar concluído.

 

Só 11 carros na pista.

 

Azar dele, sorte de Nasr.

 

Lá no fundão, Pérez enfim passou Button e pulou para décimo, entrando na zona de pontos.

 

Lá na frente, Hamilton e Rosberg continuavam em seu mundinho particular, brincando de alternar voltas mais rápidas. A dez voltas do fim, o alemão tinha 27s7 sobre seu compatriota ferrarista...

 

No duelo Vettel x Massa, o tetracampeão passou a economizar na mistura ar-gasolina. O brasileiro reduziu a distância, mas sem chance de encostar.

 

Na batalha Nasr x Ricciardo, o novato brilhava. Com uma tocada sem erros, manteve folga tranquila para o australiano.

 

Foi a melhor estreia de um brasileiro na F-1, superando sétimos lugares conquistados por Serra (Long Beach-81) e Wilsinho (Jarama-72).

 

Foi, ainda, a primeira corrida em que dois brasileiros ficaram no top 5 desde o GP da Inglaterra de 2009 _naquela ocasião, Barrichello ficou em terceiro com a Brawn, com o então ferrarista Massa na quarta colocação.

 

Há anos escrevo sobre a importância de chegar chegando. Sobre o valor de deixar uma primeira boa impressão na F-1. A insistência da FOM em mostrar Nasr nos trechos finais da prova mostra que ele conseguiu isso.

 

Agora, é continuar neste ritmo e não se abater com eventuais resultados ruins _que fatalmente virão. O começo foi espetacular.

 

“Nem eu esperava isso. É difícil acreditar, viu?”, disse, emocionado, em entrevista ao colega Marcelo Courrege, da TV Globo.

 

Ah, não falamos da McLaren. Onze pilotos chegaram ao fim. Quem foi o 11º e único na pista a não pontuar?

 

Sim, Button.

 

Em casa, Alonso deve ter sentido ainda mais tonturas.

 

Foi a 34ª vitória de Hamilton na F-1. Com mais seis, ele supera Vettel e se torna o quarto da história nessa estatística. Com mais sete, iguala seu ídolo, Senna.

 

É questão de (pouco) tempo.

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Fábio Seixas

40 anos, jornalista

Mestre em Administração Esportiva pela London Metropolitan University. Cobriu a Indy e mais de 120 GPs na F-1. É colunista da Folha, comentarista e chefe de reportagem do Sportv. Já pilotou (e rodou) um F-1, mas tem um Gordini na garagem.

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Um espaço para comentar automobilismo, com ênfase na F-1, e distribuir pitacos sobre o que vier pela frente.