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09 de Abril de 2021
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Nova metodologia do Caged pode inflar resultados de gera��o de empregos


O ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, comemorou o resultado do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregado (Caged) , que apontou a cria��o de mais de 400 mil novas vagas de emprego no �ltimo m�s de fevereiro, mas o que ele esconde � que a metodologia da pesquisa mudou.

Antes do golpe, em 2016, o Caged, que registra as demiss�es e admiss�es de trabalhadores, informadas pelas empresas, contabilizava apenas empregos formais, com carteira assinada e por prazo indeterminado. Depois da destitui��o da presidenta Dilma Rousseff (PT), passou a contabilizar tamb�m a nova modalidade de contratos, os intermitentes, legalizados pela reforma Trabalhista de Michel Temer (MDB-SP) e os aprendizes.

O contrato intermitente � contabilizado pelo Caged apesar de permitir que o patr�o chame o trabalhador apenas quando precisar. Pode ser apenas nos fins de semana, por exemplo, ou quando a produ��o aumentar. O empregado n�o trabalha os 21 dias �teis de cada m�s e pode ganhar menos de um sal�rio m�nimo por m�s.

Em janeiro do ano passado, j� sob o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), as empresas obrigatoriamente passaram a incluir no Caged os trabalhadores com contratos tempor�rios. S�o vagas com per�odos que costumam ser curtos e, portanto, podem ser extintas, mudando rapidamente o panorama do emprego no Brasil.

"At� 2019 a empresa n�o era obrigada a informar as categorias de trabalhos tempor�rios. A obriga��o tornou a pesquisa mais ampla, e n�o se pode comparar um ano com outro", explica a economista e t�cnica do Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos (Dieese), Ros�ngela Vieira.

"Por isso, que chamamos a pesquisa de Novo Caged", completa.

A economista analisa que esses dados podem ter mais algumas imperfei�oes por que, al�m da inclus�o de trabalhos tempor�rios, a partir do momento que as empresas informam a sa�da do trabalhador, ele est� apto a receber seus direitos como seguro-desemprego, Fundo de Garantia por Tempo de Servi�o (FGTS) e verbas rescis�rias. O problema, segundo ela, � que muitas empresas podem ter falido e n�o registrado os desligamentos, por n�o terem condi��es de pagar os direitos do trabalhador.

" Esta � uma an�lise que precisa ser feita. N�o temos condi��es de saber exatamente o n�mero de empresas que faliram sem pagar os direitos do trabalhador. Mas temos percep��o, de que , principalmente, no setor de servi�os, centenas de empresas por todo o Brasil, fecharam as portas e parte n�o teve condi��o financeira de arcar com o pagamento das verbas rescis�rias", diz.

Outro ponto que pode comprometer a pesquisa, segundo a t�cnica do Dieese, � que os desligamentos podem ser inseridos no novo Caged 15 dias ap�s a sa�da do trabalhador. Ent�o a estat�stica de fevereiro pode aparecer nos dados de mar�o.

"Os desligamentos podem estar subnotificados. Ent�o o saldo de 401 mil novas vagas entre admiss�es e demiss�es no pa�s pode estar mal dimensionado ", afirma.

No quadro abaixo voc� v� a evolu��o do emprego formal no pa�s, entre admiss�es e demiss�es, nos �ltimos doze meses, de fevereiro de 2020 a fevereiro de 2021. De acordo com Ros�ngela, pelo quadro, � poss�vel observar uma grande queda no n�mero de vagas abertas, em dezembro de 2020 e a recupera��o em 2021



Perspectivas para o mercado de trabalho

A pandemia, o ritmo lento da vacina��o contra a Covid e o fim do Programa Emergencial de Manuten��o do Emprego e da Renda (BEm) podem mudar este panorama de abertura de vagas, mesmo com a mudan�a de metodologia no novo Caged, que incluiu os tempor�rios.

Para a economista do Dieese, a melhora que teve ao longo dos dois primeiros meses deste ano pode ser creditada � chegada da vacina que aumentou a expectativa de recupera��o da economia. O resultado de fevereiro n�o reflete o impacto que as empresas come�am a sentir na segunda onda da doen�a, e com o ritmo lento da vacina��o.

"Infelizmente, a segunda onda veio com for�a e isto traz uma grande incerteza para o empresariado", diz Ros�ngela.

A economista alerta que o fim do Programa Emergencial de Manuten��o do Emprego e da Renda (BEm) em dezembro deste ano, que permitiu a redu��o de sal�rios e jornadas e a suspens�o de contratos, em troca de um per�odo de estabilidade do trabalhador, dependendo do tempo em que houve o acordo, pode impactar negativamente o quadro do emprego no Brasil.

" Quem tinha quatro meses, tempo m�ximo de estabilidade, com in�cio em dezembro, perde agora em abril a garantia de emprego. Com a economia ainda em recupera��o, n�o temos como afirmar que este trabalhador continuar� empregado", afirma Ros�ngela Vieira.

Sal�rios em baixa

Um dado que chama a aten��o � a m�dia salarial que est� sendo paga aos trabalhadores que conquistaram uma nova vaga de trabalho. O valor de R$ 1.727,04 est� 4% menor do que em rela��o ao mesmo m�s de 2020. Nos �ltimos doze meses, o m�s de abril de 2020 retratou a melhor posi��o, de R$ 1.928,40.

Confira no quadro a varia��o salarial dos �ltimos 12 meses



"O valor de fevereiro deste ano � menor do que fevereiro do ano passado. Se levarmos em considera��o os reajustes da alimenta��o, do botij�o de g�s e dos combust�veis em geral, a situa��o do trabalhador est� muito dif�cil", diz.

Resultado da PNAD Cont�nua diverge do novo Caged

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios Cont�nua (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), registra o volume de empregos formais e informais (o novo Caged � s� sobre emprego formal), por isso h� uma diferen�a nos resultados das duas pesquisas.

A �ltima PNAD, divulgada no dia 31 de mar�o, registrou uma taxa de desemprego de 14,2%, atingindo 14,3 milh�es de pessoas no trimestre encerrado em janeiro. Este � o maior n�mero de desempregados que o pa�s registra desde 2012, in�cio da s�rie hist�rica. Um n�mero conflitante com a euforia do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), em rela��o � pesquisa do novo Caged.

Apesar de refletir tanto o mercado de trabalho informal como formal, a PNAD Cont�nua pode trazer tamb�m algumas inconsist�ncias. Isto porque a pandemia obrigou os pesquisadores do IBGE a atuar por telefone.

"Uma coisa � o pesquisador bater � porta e perguntar se a pessoa est� trabalhando, qual o �ltimo per�odo com carteira assinada, se ele � trabalhador dom�stico, se � por conta pr�pria . Outra � perguntar por telefone, o que pode trazer problemas de compreens�o durante a comunica��o", acredita Ros�ngela.

Dificuldades de acesso �s pesquisas do governo

Chama a aten��o dos pesquisadores a maior dificuldade que eles est�o encontrando para obter dados das pesquisas do governo . Segundo Ros�ngela Vieira, antes o programa de acesso era f�cil, agora para se obter informa��es, o pesquisador precisa ter um n�vel mais elevado de especializa��o e entendimento da inform�tica.

"Agora � preciso rodar um software espec�fico e n�o h� mais um resumo do pr�prio governo sobre os resultados das pesquisas. Hoje as apresenta��es que o governo disponibiliza podem estar enviesadas devido �s dificuldades de acesso �s informa��es", critica a economista do Dieese.

Outro fato incompreens�vel � a inconsist�ncia no calend�rio da divulga��o dos resultados das pesquisas. O resultado do novo Caged do m�s de janeiro s� saiu em 16 de mar�o, o de fevereiro, em 30 de mar�o, um atraso de dois dias. A data de divulga��o do m�s de mar�o do Caged est� marcada, a princ�pio, para o pr�ximo dia 28 de abril.

Fonte: Mundo Sindical


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