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Uma misteriosa boia chinesa em águas disputadas torna-se uma nova fonte de tensão entre Tóquio e Pequim

A China explicou que trata-se de um dispositivo de observação meteorológica, mas o Japão insiste que essa atividade poderia "violar" seus direitos.
Uma misteriosa boia chinesa em águas disputadas torna-se uma nova fonte de tensão entre Tóquio e Pequim

O Governo japonês está preocupado com uma boia chinesa encontrada em águas disputadas e está exigindo respostas sobre o propósito de sua instalação, disse o secretário-chefe do Gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi, em uma coletiva de imprensa na semana passada.

A boia chinesa foi encontrada na semana passada perto de Okinotorishima, um pequeno atol que o Japão considera parte de sua zona econômica exclusiva. No entanto, a China acredita que o recife de coral não atende à definição da ONU de uma ilha grande o suficiente para suportar a presença humana, o que significa que o Japão não tem direito aos 400.000 quilômetros quadrados de oceano ao seu redor.

"É lamentável que uma boia tenha sido colocada sem fornecer detalhes de sua intenção", afirmou Hayashi, acrescentando que o Japão pediu à China uma explicação de todos os detalhes, objetivos e propósito de tal ação, à qual a China respondeu que "essa boia observa tsunamis". Entretanto, as autoridades japonesas enfatizam que tal atividade poderia "violar" seus direitos.

Embora seja um dispositivo chinês de observação meteorológica, os especialistas alertam que também pode ter outros recursos de monitoramento.

Quanto à disputa entre as nações asiáticas, os especialistas destacam que uma zona econômica exclusiva não é o território soberano de um país, mas uma área ao largo de sua costa onde cada país possui direitos exclusivos para realizar atividades econômicas.

"Mas outros podem entrar nessas águas e, de acordo com algumas interpretações, outros países podem até mesmo realizar exercícios militares nessas águas", disse James Brown, professor de relações internacionais no campus de Tóquio da Temple University, conforme citado pelo South China Morning Post.

Além disso, Brown diz que, para a China, a instalação de uma boia é uma forma de dizer que, "embora o Japão reivindique essas águas como sua zona econômica exclusiva, a China tem o direito de realizar pesquisas científicas".

"O Japão está muito irritado com o fato de a boia ter sido colocada sem que a China tenha avisado Tóquio, mas não há muito que o Japão possa fazer além de apresentar uma queixa diplomática porque, de acordo com o direito internacional, o que eles fizeram não é uma questão de direito internacional. Toshimitsu Shigemura, professor de política e relações internacionais da Universidade Waseda de Tóquio, ressaltou que "de acordo com o direito internacional, o que eles [os chineses] fizeram não é ilegal".