Campeão olímpico de vôlei em 1992, André Felippe Falbo Ferreira, mais conhecido como Pampa, foi transferido para o Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, na última sexta-feira (19).
O ex-atleta estava internado em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, por conta de complicações no tratamento de um câncer conhecido como Linfoma de Hodgkin. A ida à capital paulista só foi possível por conta de uma mobilização que envolveu familiares, amigos e ex-companheiros de Seleção Brasileira.
Pampa, que tem 59 anos, fazia quimioterapia desde o início do ano. Ele foi internado em 13 de março, com problemas respiratórios, e intubado três dias depois. Recentemente, teve uma piora no quadro clínico, e a transferência para São Paulo se tornou necessária.
O quadro é grave, Pampa está na UTI e respira com auxílio de ventilação mecânica. No entanto, de acordo com Paula Falbo, esposa do ex-jogador, ele abre os olhos, responde a estímulos e não tem alterações no funcionamento do coração e dos rins. A pressão arterial está estável, e a expectativa da equipe médica é de melhora do paciente.
O que é o Linfoma de Hodgkin?
O Linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer que surge no sistema linfático, conjunto de órgãos e tecidos responsáveis pelas células de defesa do organismo. O sistema também filtra e drena o excesso de líquido do corpo humano.
"O Linfoma de Hodgkin acomete o tecido linfático, e pode acometer os linfonodos, que são os gânglios, o baço, e a medula óssea, que são os principais órgãos linfáticos que temos. Os sintomas, em geral, são os gânglios aumentados, mas, na maior parte das vezes, o quadro é indolor e passa despercebido", explica Phillip Bachour, onco-hematologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O médico esclarece que, em alguns casos, o paciente pode apresentar os sintomas B. "São sintomas como febre, perda de peso e sudorese noturna, que normalmente acontecem de uma forma que não incomodam o paciente. A febre, em geral, é vespertina e sem causa aparente", afirma.
O que causa linfoma?
Ainda não se sabe o motivo para o surgimento do Linfoma de Hodgkin, mas se sabe que é uma doença adquirida, e não hereditária. O Linfoma de Hodgkin compreende cerca de 20% dos casos da doença. E pode ocorrer em qualquer idade, no entanto os jovens de 25 a 30 anos são os que mais recebem o diagnóstico.
"A maior parte dos pacientes não tem causa conhecida e os fatores de risco não são muito definidos. Existe uma associação com o vírus Epstein-Barr, e em alguns pacientes que possam ter HIV, além do uso de imunossupressores. Mas a maior parte dos casos é idiopático, de causa desconhecida", conta o onco-hematologista.
Diagnóstico
Um dos primeiros sinais é a presença dos gânglios aumentados. O especialista deve fazer um exame bem apurado, apalpando as regiões em que os nódulos linfáticos são mais fáceis de detectar, como axilas, pescoço e virilhas.
Mas é importante saber que o aumento dos gânglios pode acontecer em locais imperceptíveis, como na região do abdome e tórax. Daí a importância de se realizar exames de imagem.
"Para fazer o diagnóstico é importante fazer a biópsia do gânglio. Essa biópsia pode ser a retirada de todo o gânglio ou apenas um pedacinho dele. Pode ser feita por uma agulha, e às vezes por meio de exame de imagem. E o laudo anatomopatológico vai confirmar a presença do Linfoma de Hodgkin", explica o médico.
Após o diagnóstico, é preciso fazer o chamado estadiamento da doença. "Nessa fase, alguns exames de imagem são necessários. Hoje o exame mais sensível para fazer o estadiamento é o PET-CT oncológico de corpo inteiro, mas pode ser lançado mão de outros exames para ver se o câncer está localizado ou se está mais avançado. Encontramos gânglios distribuídos por todo o corpo", afirma.
Tratamento
Segundo o especialista, o estadiamento é extremamente importante para decidir o tratamento. "Em estágios avançados já usamos terapia para tratamento que pode poupar o paciente e as taxas de cura são muito boas apenas com imunoterapia", conta.
O médico diz que o tratamento principal é a quimioterapia. "É feita uma associação de quimioterápicos chamada ABVD, que são quatro drogas, e, em alguns casos, associado à radioterapia, para complementar o tratamento", explica.
Já nos tumores avançados há outras opções de associações. "Mas, em geral, associamos três drogas. Isso melhora bastante as chances de cura e de resposta ao tratamento. Hoje também existe a opção de diversos tratamentos como imunoterapia, que são mais indicados nos casos de recaída da doença ou nos casos refratários de tratamento", esclarece.