Notícias

Por Redação Quem

"Um dia a máquina de costura Singer de Chesa [mãe dela] engasgou e veio um técnico da firma. Me contaram que eu brincava no chão da copa enquanto minha mãe mostrava pro cara onde a coisa estava enguiçada. O telefone tocou, ela saiu para atender. Quando voltou, me encontrou sozinha no mesmo lugar, olhando petrificada para o cabo de uma chave de fenda enfiada fundo na minha vagina, de onde escorria uma gosma vermelha", relatou na publicação.

"O f#lh$ da p@ta do técnico fez aquilo e sumiu do mapa. Foi o grito alucinante da minha mãe que me tirou o torpor e, vendo ela se desesperar, eu abri mó berreiro também. Não lembro de ter sentido dor, nem do que aconteceu em seguida, certamente deletei esse capítulo. Só sei que desse dia em diante as mulheres olhavam pra mim como a pequena órfã. A dor delas certamente foi muito, mas muito maior do que a minha. Chesa, Balú e Carú guardaram a tragédia como o grande segredo do fim do mundo de todos os tempos", recordou.

Rita Lee Jones nasceu em 1947, em uma família de classe média de São Paulo, no bairro da Vila Mariana. Ela é a terceira filha de pai norte-americano e mãe brasileira – por isso o sobrenome Lee Jones. Na autobiografia, Rita vai da infância na Vila Mariana, em São Paulo, "Dizem que eu era feliz e sabia..., viajava na modernidade das cinco mulheres geniais que me cercavam: Chesa, minha iluminada mãe; Balú, minha fada madrinha; Carú, minha bela irmã adotiva italiana; Mary Lee e Virgínia Lee, minhas duas hilárias manas de sangue. Esse harém desvairado estava sob o comando de Charles, meu pai..."; passando por Mutantes; os três filhos (Beto, de 45, João, de 43, Antônio, de 41); o marido, Roberto de Carvalho, drogas, amigos inesquecíveis; chegando na aposentaria dos palcos, "antes que meu corpo desmoronasse de vez".

Rita Lee — Foto: Divulgação
Rita Lee — Foto: Divulgação

Leia, abaixo, alguns trechos do livro:

De 'mutante a meditante'

"Sei que ainda há quem me veja malucona, doidona, porra-louca, maconheira, droguística, alcoólatra e lisérgica, entre outras virtudes. Confesso que vivi essas e outras tantas, mas não faço a ex-vedete-neo-religiosa, apenas encontrei um barato ainda maior: a mutante virou meditante. Se um belo dia você me encontrar pelo caminho, não me venha cobrar que eu seja o que você imagina que eu deveria continuar sendo. Se o passado me crucifica, o futuro já me dará beijinhos. Enquanto isso, sigo sendo uma septuagenária bem‑vivida, bem‑experimentada, bem‑amada, careta, feliz e... bonitinha. Lucky, lucky me free again*. Tempo para curtir minha casa no mato, para pintar, cuidar da horta, paparicar meus filhos, acompanhar minha neta crescer, lamber meus bichinhos, brincar de dona de casa, escrever historinhas, deixar os cabelos brancos, assistir novela, reler livros de crimes que já esqueci quem eram os culpados, ler biografias de celebridades com mais de setenta anos, descolar adoção para bichos abandonados, acompanhar a política planetária, faxinar gavetas, aprender a cozinhar, namorar Roberto e, se ainda me sobrar um tempinho, compor umas musiquinhas."

Sexo sem parar

"O casal de coelhos R & R continuava firme e forte. A graça era transar em locais inusitados, de banheiros de avião a praias desertas, de banheiras de espuma a escadas de incêndio, de elevadores de serviço a camarins de shows. Com essa bagagem erótico‑musical, partimos para um novo disco, o Lança perfume, a consagração total das nossas parcerias, cada vez mais autobiográficas. Éramos crème de la crème para voyeurs auditivos, com os sugestivos 'me vira de ponta cabeça, me faz de gato e sapato, me deixa de quatro no ato, me enche de amor...', 'Misto-quente, sanduíche de gente, empapuçados de amor...' e 'Me deixar levar por um beijo eterno, mais quente que o inferno'. E assim caminhava a paixonite sem pudores de dois famintos diante de pratos cheios de sedução, mergulhados na gula da paixão."

Dor no coração

"Mergulhados na estrada, Rob e eu perdemos algumas gracinhas dos meninos tipo primeiro dentinho, primeiro passinho, primeiro 'mamã‑papá'. Doía no coração. Quando Beto estava com cinco anos, Juca com três e Tui com um, tentamos carregá‑los numa turnê junto com Balú. Misturar filhos à loucura que rolava em shows não era lá muito saudável, se é que me entendem. Para compensar nossa ausência física enquanto estavam em aula, os destinos de nós cinco nas férias eram sagrados: São Paulo‑Manaus, Manaus‑Miami, Miami‑Caribe. Primeiro mostrar a eles o Brasil belo e selvagem, depois um rolê nas magias da Disney e, por fim, o paraíso das praias caribenhas de mar azulzinho e areias brancas."

Aborto

"Nenhuma mulher faz aborto sorrindo. Cabe a elas, e somente a elas, a decisão de interromper uma gravidez, assim como de segurar sozinhas as consequências moral, espiritual e oskimbau. Me refiro ao 'sagrado feminino', de nós meninas que temos um buraco a mais no corpo para administrar, do nosso universo complexo demais para machos, religiosos e políticos meterem o bico, esses para os quais prevalecem mais o direito do feto que ainda nem nasceu ao da mãe que não deseja pari-lo por motivos que não nos cabe julgar, psicológicos, econômicos, neurológicos, até mesmo espirituais. (...) Aborto não é uma mutilação no corpo da mulher. (...) Parir e abandonar o bebezinho numa lata de lixo é criminoso. Parir e pôr para adoção é irresponsavelmente confortável. Parir e criar em condições sub-humanas é indigno."

Rita, Roberto e os três filhos — Foto: Dvulgação
Rita, Roberto e os três filhos — Foto: Dvulgação

Sempre leve

"(...) Mulheres têm a idade que merecem, homens serão sempre crianças. (...) É um tal de política destruindo a liberdade, de medicina destruindo a saúde, de jornalismo destruindo a informação, de advogados e policiais destruindo a justiça, de universidades destruindo o conhecimento, de religiões destruindo a espiritualidade. Confie em Deus, mas tranque o carro. (...) O pior inimigo da criatividade é o bom-senso, mudar, mudar, mudar, nem que seja para pior. Dói mais sorrir na frente dos outros do que chorar sozinha, mas não devo levar a vida tão a sério porque ninguém sai dela vivo."

Drogas

"(...) desembarquei no aeroporto de São Paulo com um mimoso colar de muitas voltas feito com 'miçangas' de pedrinhas de LSD coladas pacientemente uma a uma num cordãozinho de algodão. Dessa vez passei invisível pela alfândega. A ideia da nossa 'família' era vender a muamba, dobrar o capital investido e partir em nova aventura. Aconteceu que eu, a muambeira, consumi metade do estoque, a outra foi distribuída entre os frequentadores das festinhas de arromba na casa de Guarapiranga, point da crazy people da Pauliceia, com aquela cena manjada de gente desbundada amanhecendo pelos quatro cantos da casa. (...) Soube que muitos piraram de vez, tipo achar que é passarinho e se atirar do prédio. Hay que tener cojones para receber revelações espirituais e permanecer calmo. As 'pedrinhas' do meu tempo tinham zero anfetamina. Quando o psicodélico batia transformando a existência num caleidoscópio de consciência infinita, o ego despertava do mundo da ilusão dando de cara com o realismo fantástico do Higher Self, onde um mero grão de areia te explicava o omniverso. E você lá de alegre só sendo Deus. Aliás, desde que me decepcionei com religiões não sentia a presença do Divino tão acachapante. LSD não é para maricas materialistas."

Morte

"Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída. Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão 'Ovelha negra', as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia (...) Nas redes virtuais, alguns dirão: 'Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk'. Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. (...) Epitáfio: Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa."

Roberto de Carvalho e Rita Lee — Foto: Divulgação
Roberto de Carvalho e Rita Lee — Foto: Divulgação
Mais recente Próxima Rita Lee dedicou seus últimos anos de vida ao ativismo animal
Mais de Quem

Atacante do Al-Ahli Saudi FC, também com passagens pela seleção brasileira, é um dos fundadores da instituição em que congrega

Jogador Roberto Firmino se torna pastor de igreja evangélica

Trama estreia para o Brasil e mais de 200 territórios no dia 5 de julho

Juliana Paes e Vladimir Brichta lançam novo trabalho em vista paradisíaca no Rio de Janeiro

"Danados", legendou a publicação que rendeu muitos comentários deixados por internautas

De biquíni, ex-BBB Beatriz Reis se diverte com Xamã e Pocah em Manaus

Apresentador, de 74 anos de idade, passou por transplante de rim neste ano

Tom Cavalcante encontra Faustão: "O homem está novo de novo"

A final da competição acontece no próximo domingo (7), no "Domingão com Huck"

Resultado parcial da enquete da Quem mostra disputa acirrada pelo favoritismo na Dança dos Famosos 2024

Ator de 28 anos é estrela de sequência de filme com Russell Crowe que chega aos cinemas em novembro; saiba mais

Irlandês, ex-atleta e queridinho de Hollywood: conheça Paul Mescal, protagonista de 'Gladiador 2'

No comando da 'Central Olímpica', apresentador e ex-jogadora de vôlei campeã nas Olimpíadas vão mostrar o dia o dia do evento de forma descontraída e bem-humorada

Paris 2024: Fe Garay e Tadeu Schmidt formam dupla de ouro na cobertura dos Jogos Olímpicos na Globo

Com estreia dia 14 de novembro, longa tem Connie Nielsen, Denzel Washington e Joseph Quinn e tem trama ligada à de produção ganhadora do Oscar com Russell Crowe

'Gladiador 2': conheça a história de filme com Paul Mescal e Pedro Pascal

Ator aproveitou intervalo das gravações de 'No Rancho Fundo' para trabalhar e curtir em São Paulo no final de semana e falou da rotina intensa nos últimos anos

José Loreto revela conselho para Pedro Novaes na próxima novela das seis e planos após emendar três papéis

Apresentadora foi fotografada pelo filho mais velho, Pedro, em momento de lazer em família

Patrícia Abravanel curte férias no verão europeu e usa biquíni de lacinho; fotos