'Oppenheimer': Quem foi o físico pai da bomba atômica cuja vida virou filme

Estrelado por Cillian Murphy, longa chega aos cinemas nesta quinta-feira (20), mostrando a trajetória do homem que mudou o curso da humanidade

Por Raquel Pinheiro (@raquelpinheiroloureiro)


Robert Oppenheimer Eddie Adams/Associated Press

Oppenheimer chega aos cinemas nesta quinta-feira (20) apresentando um personagem da vida real desconhecido para muita gente, mas cujo trabalho teve, e ainda tem, um impacto terrível na humanidade. Interpretado por Cillian Murphy, de 47 anos, Julius Robert Oppenheimer foi o "pai da bomba atômica", um físico americano que estava à frente do Projeto Manhattan durante a Segunda Guerra Mundial e que o resultado foi a criação da arma nuclear. Ele se arrependeu - em parte -, foi perseguido durante o macarthismo e teve uma vida pessoal conturbada, em uma trajetória narrada pelo diretor Christopher Nolan.

Oppenheimer era de uma família judia abastada e nasceu em Nova York, nos EUA, em 1904. Desde pequeno, era um estudante excepcional e com nove anos já lia filosofia em grego e latim. Ele se formou em Química com honras na Universidade de Harvard e logo enveredou pela física experimental, conseguindo seu PhD aos 27 anos. Oppenheimer se instalou na Califórnia, onde deu início à carreira de professor e pesquisador, fazendo muitas contribuições para a física teórica e colaborando com nomes como Albert Einstein.

Einstein e Oppenheimer após a guerra — Foto: Wikimedia Commons

Ele herdou a fortuna do pai - a família era tão rica, que tinha quadros originais (no plural mesmo) de Vincent Van Gogh e Pablo Picasso. Com o dinheiro, Oppenheimer, que era judeu não praticante e em um ponto da vida se aproximou do hinduísmo, financiou organizações antifascistas e ajudou cientistas que fugiam da Alemanha nazista. O físico também se envolveu com organizações comunistas e políticos radicais que ele conheceu por meio de Jean Tatlock, vivida Florence Pugh no filme.

A diferença de idade do casal era de dez anos, e ela também era física, além de psiquiatra, e considerada tão genial quanto ele. Oppenheimer chegou a pedir Jean algumas vezes em casamento, mas ela sempre recusou. Os dois continuaram se encontrando mesmo depois de ele se casar com Katherine Puening, com quem teve dois filhos. Alcóolatra, ela é interpretada por Emily Blunt no longa.

Robert Oppenheimer — Foto: Wikimedia Commons

Oppenheimer foi chamado de "o coração intelectual e emocional do Projeto Manhattan". Ele foi recrutado em 1942 para comandar o projeto, que se tratava de um esforço entre Estados Unidos, Reino Unido e Canadá para desenvolver a bomba atômica. Oppenheimer já tinha sido um dos cientistas procurados pelo governo americano para descobrir se a bomba atômica poderia, de fato, ser uma realidade. Ele foi apontado como diretor científico do laboratório de Los Alamos, no Novo México, onde dezenas de físicos, engenheiros, químicos e outros profissionais levaram a cabo a construção da bomba.

Ele acreditava que a bomba atômica seria usada contra os nazistas. Mas elas foram usadas na população de Hiroshima e Nagasaki para forçar a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial. Oppenheimer se tornou, então, um defensor da regulamentação do poder nuclear, sobretudo diante do cenário da Guerra Fria. Ele foi veementemente contra a bomba de hidrogênio, a bomba H, 700 vezes mais poderosa que as bombas da Segunda Guerra.

Robert Oppenheimer — Foto: Wikimedia Commons

Oppenheimer foi perseguido pelo governo americano. Ele, como muitos intelectuais de sua geração, se aproximou do comunismo na década de 1930, quando os Estados Unidos viviam a Grande Depressão, e as organizações de esquerda e extrema-esquerda lutavam por direitos civis e mudanças na sociedade. O físico nunca se filiou ao Partido Comunista, mas tinha família (seu irmão) e vários amigos que foram. Houve oposição para que ele fosse líder do Projeto Manhattan e por várias vezes seu nível de acesso a informações consideradas de máxima segurança quase foi revogado, o que aconteceu em 1954. Perseguido pelo macarthismo, o movimento anticomunista nos EUA, ele começou a ser reabilitado em 1963, e só em 2022 o governo americano admitiu que estava errado em 1954.

Oppenheimer fumava cem cigarros por dia e chegou a pesar 52 quilos para 1,78 metro. Ele morreu de câncer na garganta em 1967. Nos últimos anos de sua vida, o físico continuou dando aulas e fazendo palestras pelo mundo inteiro, se dividindo entre os Estados Unidos e a propriedade que tinha nas Ilhas Virgens americanas. Katherine morreu em 1972 e a filha do casal, Toni, se suicidou em 1977. O filho deles, Peter, é carpinteiro e vive recluso no Novo México.

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Cillian Murphy e J. Robert Oppenheimer — Foto: Getty Images

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