A 28ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo pretende colorir a Avenida Paulista, palco do evento, de verde e amarelo neste domingo (2). A iniciativa surgiu após Pabllo Vittar e Madonna se apresentarem juntas no Rio de Janeiro usando figurinos com as cores da bandeira do Brasil. "Foi genial. Acho que a ideia partiu da própria Pabllo. A Madonna não vivenciou os momentos tensos que nós vivemos na questão política", declarou Nelson Matias, sócio-fundador e presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, em entrevista a Quem.
A ideia casou com o tema defendido pela Parada SP deste ano, que é: Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo - Vote consciente por direitos da população LGBT+. Isso, no entanto, não foi algo intencional. Quando Pabllo e Madonna brilharam na praia de Copacabana em um show histórico, o tema já estava escolhido.
“A gente tem um fórum que chama ‘Que Parada nós queremos?’, porque a Parada é da comunidade, portanto ela tem que ser participativa. Todo ano a gente chama os coletivos e este ano teve um diferencial, pois chamamos as Paradas do interior para a discussão. Lá, surgem várias possibilidades e logo na primeira reunião já houve uma sinergia”, contou Nelson.
“Todo mundo achou que era a hora da gente cobrar publicamente do Congresso Nacional. O evento é uma manifestação de massa que tem muita visibilidade, então é um momento oportuno da gente falar com os nossos sobre essas questões. Estamos em ano de eleição e a política rege nossa vida”, completou.
O ato de Pabllo e Madonna, artistas de gerações distintas que são ícones do movimento LGBTQIAPN+, veio para coroar a mensagem que a Parada deste ano quer passar. “Estou sentindo todo mundo feliz com isso, porque a gente pegou um certo ranço das cores da nossa bandeira já que em certo momento ela passou a ser utilizada por um grupo que não prega a democracia. Eu acho que é um momento sensacional e, se essa ação der certo, a gente retoma o símbolo que é de todos os brasileiros”, comentou Nelson.
Além do fervo
O presidente da Parada explicou que o objetivo é incentivar a população a escolher bem seus representantes para que leis contra a comunidade não sejam criadas. Como exemplo, ele citou que recentemente tentaram impedir o casamento homoafetivo. “Como não há lei, há brecha para o que vimos recentemente, que foi a tentativa de apresentação de uma lei que proíbe pessoas homoafetivas de se casarem. Eles querem tirar aquilo que o STF [Supremo Tribunal Federal] reparou.”
Por fim, Nelson destacou que toda Parada LGBT+ tem um propósito que vai além da celebração: “Uma coisa que precisa ser lembrada é que todas as conquistas passaram pela Parada. Lá em 2005, a gente já falava de casamento, em pelo menos seis Paradas a gente pediu a criminalização da lgbtfobia e em uma parada a gente falou da lei de identidade de gênero, que não foi aprovada, mas foi reconhecida. Além da festa e do fervo, sempre temos uma pauta política”.