Quem disse

Aos 28 anos de idade, o roteirista, ator e comediante Rafa Chalub, conhecido como "Esse Menino", sempre sonhou com o futuro na comédia. Nascido em Teófilo Otoni, no interior de Minas Gerais, o artista -- que tem se consolidado entre as revelações da nova geração do humor brasileiro -- cresceu assistindo a vídeos de humor de estrelas da comédia, como Eddie Murphy, Robin Williams, Paulo Gustavo e Tata Werneck. "Tive uma infância bem interessante, cresci querendo sair de Teófilo Otoni, querendo ser artista e fazer parte do mundo que faço hoje", recorda em conversa com Quem.

Gay e militante, Rafa não só se mudou para Belo Horizonte assim que fez 18 anos, como começou a cursar Cinema e a produzir vídeos para as redes em 2018. "Já sabia que não pertencia àquele lugar, sempre soube que era gay e que queria ser artista. E lá era completamente fora do circuito. Não tinha ninguém na minha família que chegasse nem perto de uma profissão artística, eu era muito fora da curva", conta.

Após cursar quatro semestres da faculdade de Cinema, Rafa decidiu postar seu primeiro vídeo no Instagram e foi um sucesso na web. Mas os vídeos do comediante mineiro começaram a "bombar" mesmo durante a pandemia. Mais especificamente quando viralizou um vídeo em que debochava de recusas à vacina da Pfizer. Na ocasião, ele saltou dos 40 mil seguidores para 500 mil em dois dias. "Tudo que fiz na internet foi com a intenção de chegar neste momento. Obviamente que hoje a web me proporciona várias outras coisas e trocas incríveis, mas tudo que fiz foi na intenção de mostrar o que sabia fazer e para quem quisesse assistir", avalia.

Além de lotar os teatros com suas apresentações pelo Brasil e mundo afora do stand-up comedy Esse Menino Ao Vivo, Rafa também já realizou participações em grandes reportagens e produções de TV, de repórter no Fantástico, da Globo, até júri convidado da primeira temporada da versão brasileira do reality show RuPaul’s Drag Race, em 2023. Mês passado, ele estreou como apresentador do programa Dando Duro, ao lado de Bianca Dellafancy, uma coprodução da DiaTV e Mynd.

Rafa Chalub e Bianca DellaFancy em 'Dando Duro' — Foto: Reprodução/Instagram
Rafa Chalub e Bianca DellaFancy em 'Dando Duro' — Foto: Reprodução/Instagram
Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Celina Barbi
Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Celina Barbi

Leia a entrevista completa:

Quem: No seu stand-up comedy, Esse Menino Ao Vivo, você aborda com naturalidade assuntos como política, sexo, acontecimentos do cotidiano e elementos da cultura pop. E foca especialmente na sua sexualidade. Quando você se entendeu como gay?
Rafa Chalub
: Muitas pessoas têm esse momento de despertar. Primeiro gostam de menina e depois entendem. Eu, desde muito novinho, com uns 10, 11 anos, já tinha essa noção e já sabia que não só eu gostava de menino como existia algum problema em gostar de menino. Eu não sabia exatamente qual era o problema, eu não achava que tinha nada de errado comigo. E também não passei por essa fase de negação, essa coisa religiosa. Quando eu era muito novinho, eu assistia a muitos filme e séries. Eu sempre fui muito apaixonado por comédia. Lá com meus 12 anos tinha uma série chamada Will and Grace, que era um homem gay e uma mulher que moravam juntos em NY. E eles viviam na cena gay, trabalhavam com isso e tudo mais. Isso me ajudou muito a ver: 'existe uma vida além disso aqui, um lugar onde isso não é um problema e a gente pode existir, viver e ser feliz tranquilamente'. Cresci nesse lugar, com essa projeção do futuro. Cresci ansioso pelo futuro, para ser adulto, para ser independente, para correr atrás disso tudo.

Cresci nesse lugar, com essa projeção do futuro. Cresci ansioso pelo futuro, para ser adulto, para ser independente, para correr atrás disso tudo.

Quem: Como seus pais lidavam com sua sexualidade?
Rafa Chalub
: Era uma confusão (risos). Minha mãe é dona de casa, mas, na minha infância, chegou a ser chefe de pousada. Tenho mais dois irmãos e ela precisou fazer algumas escolhas na vida para dar suporte para a gente. Sou o filho do meio. Tenho um irmão mais velho e uma irmã mais nova. E o filho do meio sempre dá problema (risos).

Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Celina Barbi
Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Celina Barbi

Quem: Mas eles tinham dificuldade para entender você?
Rafa Chalub
: Minha mãe e meu pai sempre tiveram dificuldade comigo, principalmente porque meu irmão mais velho também é gay, mas sempre foi mais contido, certinho, tirava boas notas, era muito educado, e é até hoje. Inclusive ele trabalha comigo hoje em dia, é o meu produtor porque tem essas lindas qualidades e eu não (risos). E meus pais tiveram mais dificuldade comigo porque sempre fui mais para frente, sou muito falador, sempre amei essa coisa de fazer os outros rirem, então acaba que onde vou, chamo atenção. Desde muito novo eles tiveram muita dificuldade. Porque quando comecei na fase da pré-adolescência, comecei a me interessar muito por essa coisa da moda e de emprestar roupa, então minha mãe ficava apavorada: 'como é que ele vai sair hoje?' O meu corte de cabelo era diferente, o óculos que eu usava de grau não era normal, era grande. Carregava em mim vários sinais de quem eu era e de como eu era e minha mãe tinha muita dificuldade porque Teófilo Otoni é uma cidade pequena e as pessoas comentam, falam. Todo mundo se conhece.

Era uma relação conflituosa, mas nunca me colocaram para fora de casa, como acontece por aí. Era mais uma coisa assim: 'você precisa ser desse jeito, sabe? Calma, quando você sair daqui, você faz o que quiser'

Quem: Eles não te aceitavam?
Rafa Chalub
: Eles achavam que meu comportamento refletia em como eles eram como pais. E não tem nada a ver, era só a minha personalidade mesmo. Mas eles se preocupavam muito, não só com o meu bem-estar, para me proteger, mas também com a reputação deles. Era uma relação conflituosa, mas nunca me colocaram para fora de casa, como acontece por aí. Era mais uma coisa assim: 'você precisa ser desse jeito, sabe? Calma, quando você sair daqui, você faz o que quiser'.

Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos
Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos
Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos
Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos

Quem: Teve algum momento marcante nesse sentido?
Rafa Chalub
: Para trazer mais trauma para a história, quando eu tinha 13 anos, eu resolvi me assumir porque eu estava sofrendo muito bullying na escola e queria muito rebater, responder. Eu sempre fui muito respondão, mas, de certa forma, respondendo eu ia meio que confirmar o que estavam falando. Como era uma cidade pequena, se eu falasse alguma coisa e chegasse até meus pais… Então contei que era gay com 13 anos. E meus pais não aceitaram bem. Porque eles são de uma geração que não tem muita informação sobre sexualidade, então eles acharam que eu estava fazendo alguma coisa errada. Não acharam que eu nasci assim, mas que eu estava fazendo algo que eu não deveria, que eu estava andando com pessoas erradas. Foi uma grande confusão. Eles ficaram mal, deu uma esfriada na relação e cresci com essa coisa de sou eu por eu mesmo. Não teve esse apoio: se tudo der errado, volta para casa. Para mim nunca foi muito uma opção.

Contei que era gay com 13 anos. E meus pais não aceitaram bem. Porque eles são de uma geração que não tem muita informação sobre sexualidade, então eles acharam que eu estava fazendo alguma coisa errada.

Quem: Com quantos anos você deixou Teófilo Otoni?
Rafa Chalub
: Saí de lá com 18 anos. Na época demorou para eu sair, esperei dos 13 aos 18, foram 5 anos eternos (risos). Ainda mais para adolescente, que é dramático. Com 18 fui para Belo Horizonte, morar na casa de uma tia, e comecei a fazer cinema. Já tinha intenção de ser comediante, mas quis trabalhar em uma coisa mais possível. Então fui fazer cinema para ser roteirista. Quis começar pelo lado mais carteira assinada. Mas saí alguns semestres antes do fim do curso, ainda faltavam alguns semestres. Aí veio a pandemia, não consegui terminar o curso e acabei viralizando.

Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos
Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos

Quem: Você viralizou com um vídeo político em que debochava as recusas à vacina da Pfizer. Como se sentiu ao ver que o vídeo estava bombando nas redes?
Rafa Chalub
: Eu estava postando vários vídeos e meu irmão falou assim: esse vídeo que você postou agora está agradando muito. Fui dormir e achei que ia bater 100 mil seguidores e minha vida ia mudar, ia conseguir fazer publis e trabalhar com isso. Mas acabei indo dormir com 500 mil seguidores.

Quem: Você tinha quantos seguidores antes do vídeo?
Rafa Chalub
: Eu tinha 39 mil. Postei o vídeo à tarde e quando fui dormir já estava com 500 mil. Meu irmão falou: vai bater um milhão! Eu falei: será? E aí já bateu um milhão. Foi uma loucura. Foi pânico total, foi pane no sistema, fiquei desorientado (risos). Mas, ao mesmo tempo, foi uma sensação de… Foi chegando em camadas porque postei o vídeo à tarde. Na época, morava em Belo Horizonte com meu irmão, estava na pandemia, sem poder sair… Eu já estava postando vários vídeos.

E aí já bateu um milhão. Foi uma loucura. Foi pânico total, foi pane no sistema, fiquei desorientado (risos).

Quem: Você já era um micro-influenciador...
Rafa Chalub
: Sim, eu já trabalhava com internet há três anos. Mas muitas ideias que tinha como roteiro e tudo mais como comediante não tinha onde trabalhar. Na época meu sonho era trabalhar no Porta dos Fundos. Pensava que o máximo que poderia chegar era o Porta. Porque era um lugar que tem tudo o que gosto de fazer: esquete, atuação. E aí comecei a fazer coisas na minha própria página na internet para tipo assim: se alguém um dia me descobrir por aí. E é isso. Tentava juntar público e fazia isso há três anos, então quando rolou foi: meu Deus, agora vou poder monetizar o que tenho feito há três anos. Mas nunca imaginei que seria dessa forma. Achei que seria uma crescente. Mas foi do dia para a noite que tudo mudou. E mudou total. Fui de uma pessoa completamente anônima para um artista que estava testando para ter reunião com Multishow, e ver outros comediantes conhecendo meu trabalho para participar de evento. Tudo que sonhava chegou de uma hora para outra.

Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos
Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos

Quem: O sucesso trouxe visibilidade e, consequentemente, lovers e haters. Sofreu muitos ataques?Rafa Chalun: Sofri bastante. Foi bem pesado, só que é muito doido porque, na verdade, eu já meio que esperava. Eu já falava de política há tempos, e uma vez ou outra ia alguém ali que discordava. Mas eu sempre fui certo no que eu estava fazendo, eu entendia o que eu estava fazendo e as consequências que teria. Não imaginei que chegaria a nível nacional e internacional que nem chegou. Depois que o meu vídeo viralizou, começou a vir ameaça de morte. Mas depois começou mais um hate em relação ao sucesso que eu estava fazendo. Aí nessa hora você começa a ficar: meu Deus, será que eu mereço estar aqui? Será que vai acabar amanhã? Fui pego tão de surpresa que comecei a entrar em uma pira de questionar meu valor e a pensar várias coisas. Começaram a testar a insegurança de quem estava começando. E aí esse hate acabou pegando mais do que a questão política.

Mas chegou um momento que criei uma confiança tão grande no que estou fazendo, na minha carreira e nas minhas intenções que falei: Esse Menino está mais me afastando do meu público do que me deixando próximo dele. Então decidi tirar um pouco essa carcaça que criei para me proteger e mostrar mais quem eu sou mesmo. Agora sou Rafa Chalub, que é meu nome de batismo.

Quem: Por que escolheu o nome Esse Menino e agora mudou para Rafa Chalub?
Rafa Chalub
: Meus pais sempre deixavam eu e meus irmãos com minha avó. No verão a gente ficava na casa dela na Bahia: eu e todos os meus primos. E era muito primo. Ela tinha medo de esquecer o nome de alguém e aí falava: esse menino, passa aqui para mim. Quando fui fazer meu Instagram eu queria um nomezinho diferente e aí fiz Esse Menino e com o tempo fui criando essa persona Esse Menino. Eu queria fazer uma coisa meio Lady Gaga, um nome que não fosse meu, até para poder separar essa coisa da fama e do pessoal. E foi meu nome durante muito tempo. Mas chegou um momento que criei uma confiança tão grande no que estou fazendo, na minha carreira e nas minhas intenções que falei: Esse Menino está mais me afastando do meu público do que me deixando próximo dele. Então decidi tirar um pouco essa carcaça que criei para me proteger e mostrar mais quem eu sou mesmo. Agora sou Rafa Chalub, que é meu nome de batismo. É de origem árabe, meu avô veio do Líbano muito novinho para o interior de Minas e minha bisavó é libanesa, não falava português, é uma família de imigrantes.

Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos
Esse Menino Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos

Quem: Como você define seu humor e a que atribui seu sucesso?
Rafa Chalub
: Sempre digo que sou o comediante que gostaria de assistir. Cresci assistindo muito ao Comédia MTV, e comédia americana e europeia, que tem esse olhar meio crítico, que não separa muito essa coisa da política, é uma coisa só. A comédia é uma ferramenta de crítica artística. É igual a música, tem música que fala sobre rebolar a bunda e tem música que fala sobre a existência do ser, da alma. Acho que a comédia tem esse mesmo alcance, você pode falar de coisas cotidianas e de coisas mais sérias. O que gosto muito de fazer é olhar para o humor como potência. Acho que isso me ajuda muito. Me vejo como um artista. E meus fãs começaram a me ver assim também, até a forma como me porto no palco, acho que isso foi me ajudando muito a mostrar para as pessoas que a comédia é muito complexa e requer muito cuidado, talento e técnica. Acho que, às vezes, as pessoas me veem como essa pessoa que está falando até por elas algumas vezes. Elas se sentem representadas. Isso contribuiu para o meu sucesso nos últimos tempos.

Acho que a comédia tem esse mesmo alcance, você pode falar de coisas cotidianas e de coisas mais sérias. O que gosto muito de fazer é olhar para o humor como potência. Acho que isso me ajuda muito. Me vejo como um artista.

Quem: O que o seu trabalho te deu de material?
Rafa Chalub:
Os últimos anos foram para capitalizar esse sucesso, fazer o dinheiro entrar. Não tenho um estilo de vida muito luxuoso. O que eu mais gasto dinheiro é com o meu próprio trabalho. Figurino do show, me dá muito prazer poder fazer meus projetos autorais. Mas entendi que não tem como eu viver uma vida me privando de muitas coisas porque também tenho que ter a questão da criatividade. Hoje moro em um apartamento que gosto muito, que é alugado, mas que era meu sonho de morar. Nunca tinha ido para fora do Brasil, e fui fazer a turnê e aproveitei também. Mas voltei esse ano e, pela primeira vez, vou ter minhas férias programadas e pretendo dar uma viajada por aí. E pude ajudar meus pais, que era uma coisa que eu queria muito fazer. O sucesso me proporcionou poder dar a eles uma vida mais confortável.

Quem: Como é a sua relação com seus pais hoje?
Rafa Chalub
: A gente teve conflitos na infância, na adolescência, porque eles queriam me proteger e que eu tivesse o melhor. E fui atrás desse melhor do meu jeito. Às vezes o meu melhor não era o melhor que eles esperavam, mas hoje eles vivem felizes, tendo condições de serem independentes, trabalhando com o meu irmão também, participando da vida deles. Eles estão muito realizados e são meus maiores fãs, inclusive.

Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos
Rafa Chalub — Foto: Angel Castellanos

Quem: Quem é o Rafa fora da internet?
Rafa Chalub
: O Rafa é um grande nerd da comédia. Nerdzão, nerd desse meio do entretenimento. Eu realmente sempre assisti de fora querendo fazer parte. Por isso acho que tudo que eu faço tem muita intenção, eu não saio aceitando qualquer coisa. Eu quero poder, lá na frente, olhar para as coisas e ter orgulho de tudo. Sou um grande nerd que quer fazer as coisas bem feitas. Olho para a fama como uma coisa tão performática, é um teatro tão grande. Sei voltar para mim. Nas redes sociais não posto minha vida, não posto meu dia a dia, não posto minha família. Pensei muito nisso até para ser suportável para mim também. Acho que sou muito cuidadoso e apaixonado pelo que faço. Sou muito apaixonado por arte e tenho uma grande sorte de poder viver disso. Ao mesmo tempo sei que posso viver a minha vida normal, descobrir o mundo, me apaixonar, sofrer. Mas não envolvo namorado nas mídias, me preocupo muito com esse Rafa para que ele possa usufruir das coisas boas que isso tudo traz, e também poder separar.

Quem: Como cuida da sua saúde mental?
Rafa Chalub
: No final de 2021 tive um burnout, eu já estava muito depressivo e ansioso demais com o que estava acontecendo e cheguei a um momento de exaustão até por conta do excesso de trabalho. E fiquei mais ou menos uns dois meses fora da internet, anunciei, falei que daria uma pausa. E sumi durante dois meses. Parei esse tempo para olhar para mim, e entender que as coisas não iam sumir do dia para a noite, que as oportunidades de trabalho ainda estariam ali, fui tratar das coisas que precisava tratar porque não dava nem para continuar nesse meio, não estaria com essa confiança que eu estou hoje se eu não tivesse parado ali e entendido que eu não sou refém disso tudo. Eu trabalho com essas coisas mas eu não sou refém delas. Esse tempo foi muito importante. Na época até comecei a fazer terapia duas vezes na semana para digerir tudo que tinha acontecido, digerir meus sentimentos. Tinha inseguranças que eu não sabia nem o quais eram, nem de onde vinham, mas estavam ali. Foi meio que o momento de parar e entender, uma pausa para me recarregar e continuar. Para olhar para dentro.

Comecei a entender que não sou uma máquina e que eu não consigo criar 50 virais em uma semana. Como tudo chegou da noite para o dia, eu ficava imaginando que tudo ia sumir da noite para o dia. Só que não tem como voltar atrás, só se eu fizesse muita m%rda. Eu fui entendendo o processo natural das coisas.

Quem: Depois disso, procura ter mais momentos offline hoje em dia?
Rafa Chalub
: Eu fico até chocado quando vejo outros criadores sendo engolidos pelo celular. Eu acho que também são escolhas, cada um sabe o que faz, mas eu realmente sempre pautei tudo o que eu faço na minha criatividade e entendi naqueles primeiros seis meses que, se eu não estiver bem, minha criatividade não funciona. Hoje eu não posto vídeo todo dia. Quanto consigo: três vezes na semana? Então vou postar três vezes na semana. Comecei a entender que não sou uma máquina e que eu não consigo criar 50 virais em uma semana. Como tudo chegou da noite para o dia, eu ficava imaginando que tudo ia sumir da noite para o dia. Só que não tem como voltar atrás, só se eu fizesse muita m%rda. Eu fui entendendo o processo natural das coisas.

Quem: Como usa sua influência para dar visibilidade às causas LGBTQIAPN+?
Rafa Chalub
: Na verdade, como cresci onde cresci… Moramos em capital e estamos no meio artístico, mas esquecemos como é fora da bolha. As coisas ainda são bem precárias, ainda temos pouquíssima informação, e, com certeza, agora, tem uma criança no interior, bichinha, que acha que não conseguirá viver uma vida plena e feliz e casar e tudo mais pela forma como o meio a trata. Então sempre olhei muito para isso, porque acho que tem uma questão na comédia muito incrível que é essa questão do ponto de vista. Meu show hoje em dia fala sobre a vida de um homem gay que cresceu no Brasil, no interior. Falo sobre o nosso sexo, sobre nossas questões. Dois caras dão um beijinho na novela e vira uma grande confusão. Cara, esse é o beijo que dou na vida! Não é um grande alvoroço, é a minha vida, é a minha sexualidade, é o meu romance. Tento levar para esse lugar que somos pessoas aqui vivendo e héteros inventaram que isso está errado, a igreja inventou que isso está errado. A gente já está aqui para provar que não tem nada a ver, que estão viajando. E principalmente na comédia, que é um meio muito hétero. O stand-up é muito dominado por esses caras. Quando fiz o meu show fiz uma pesquisa: assuntos que nunca foram falados, como nosso sexo, nossas questões, nossas histórias… Então eu tento sempre levar essa visibilidade para o palco, para o humor. De não ser a piada, mas de fazer a piada, que é muito diferente. Realmente é um compromisso que tenho e é o que vivo. É sobre isso que vou falar sempre.

Rafa Chalub — Foto: Estevão Andrade
Rafa Chalub — Foto: Estevão Andrade
Rafa Chalub — Foto: Estevão Andrade
Rafa Chalub — Foto: Estevão Andrade
Rafa Chalub — Foto: Estevão Andrade
Rafa Chalub — Foto: Estevão Andrade
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