Entrevistas

Uma turnê de sucesso, destaque no Grammy Latino 2023, parceria com Ney Matogrosso e estreia em festivais marcaram a celebração das cinco décadas de carreira de Simone. Aos 74 anos, a cantora relembra o início da trajetória musical, abre bastidores de gostos simples e reflete sobre a comunicação com diferentes gerações.

Para que hoje seja a estrela da turnê Tô Voltando, dirigida por Pupillo e Marcus Preto, com show neste sábado (4), em São Paulo, a baiana fez uma troca crucial na juventude. Uma das maiores intérpretes da música brasileira foi atleta profissional de basquete e educadora física antes de dar voz às primeiras versões de letras de ícones como Milton Nascimento, Gonzaguinha e Chico Buarque.

Do basquete para a música

No rebobinar de sua história, Simone conta que "nasceu no esporte" por influência do pai em jogos de bola e conheceu o basquete aos 10 anos, quando começou a jogar pela escola, em Salvador, na Bahia. Depois se dividiu entre jogos da equipe de um clube e do colégio até ir parar na seleção baiana de basquete, onde teve o primeiro contato com meninas do sudeste.

Após terminar os estudos do ensino fundamental na capital baiana, Simone se mudou para São Caetano do Sul, em São Paulo, com a família, e foi convidada para o time da cidade, onde também se juntou a algumas colegas de equipe para prestar vestibular de Educação Física.

O esporte é um encontro do ser humano com sempre querer se superar, é uma coisa mais física. E a música também, porque é preciso estar preparado fisicamente. O esporte e a música são muito irmãos, ligados um com o outro, na minha maneira de ver

Simone — Foto: Lorena Dini
Simone — Foto: Lorena Dini

Ela ingressou em uma faculdade de Santos quando a instituição selecionou diversos atletas para o curso, que incluiu ninguém menos do que Pelé na turma da artista. Foram quatro anos na ponte diária entre a região da capital paulista e a baixada santista, imersa no esporte, como jogadora, estudante e professora, porém sempre conectada com a música.

"A gente sempre levava para os campeonatos e torneios um violão e alguém cantava, não era só eu, e tocava também"

No meio da vida corrida de atleta e universitária, Simone credita a musicista Elodir Barontini pelo primeiro convite para adentrar no universo artístico após um jantar na casa do gerente de marketing da gravadora Odeon, Moacir Machado.

"Por meio dela que tentei aprender a tocar violão, mas não consegui. Era uma pessoa muito ligada à música, várias pessoas da noite de São Paulo, cantores como Ivan Lins, e ela me convidou a fazer um teste. Mas isso não demorou dias, foram anos para acontecer desde que a gente se conheceu"

O pontapé da cantora

Filha de um cantor de ópera com uma pianista, Simone reforça o quanto a música permeou a sua vida tal qual o esporte. Ela já estava lecionando como educadora física quando o questionamento do que queria realmente fazer da vida a fez mudar o rumo da trajetória.

"Falei para as minhas alunas: 'A partir do ano que vem, vocês não vão mais ter aula comigo'. Elas ficaram perguntando o porquê e eu falei: 'Vocês vão saber, espero'. E larguei. Nesta época que eu fui ao jantar e a Elo perguntou se eu queria fazer um teste "

O marco inicial da carreira é 1973, quando lançou o primeiro disco, intitulado Simone. No mesmo ano, o compositor Hermínio de Carvalho a convidou para fazer uma turnê pela Europa após a desistência de nomes como Elza Soares, antes mesmo de fazer um grande sucesso.

"Só pensava em minha mãe, porque minha mãe dizia: 'Vá ao Chacrinha, você tem que se apresentar'. Eu falava para ela que não iria nem pensar pela timidez. E eu comecei e tive bastante sorte, é um fator importante também"

Música atemporal

Com 31 álbuns de estúdio e quase 50 faixas em trilhas de novelas globais, é indiscutível dizer que a cantora atravessa gerações entre o clássico, modernidade e o hino Então É Natal. Ela acredita que a atemporalidade das músicas, marcadas por interpretações de sucessores, que desperta a conexão com a intérprete.

"A música é muito surpreendente, porque, você ouve uma voz no rádio, na televisão, e fica imaginando como é a pessoa, quem é essa possuidora desse timbre. Tem pessoas que te tocam bastante, de querer conhecer e isso começou a passar de pessoas cantando as minhas músicas"

Um exemplo é um sucesso cantado por Simone em 1981, que se eternizou na voz da filha de Elis Regina pela abertura de Senhora do Destino, da TV Globo, em 2003.

"Quando a Maria Rita cantou Encontros e Despedidas, todo mundo achou que ela que cantava, ela que lançou, mas já vinha de duas, três gerações anteriores. O mistério da música é isso e você também ouvir o outro lado, ou seja, o jovem faz com que você fique curioso, vá atrás daquilo ali"

Para Simone, tudo é cíclico, apenas com roupagens diferentes. "Hoje, usam uma calça curta, tinha horror dessas calças, pescando siri, você vê todas essas coisas voltando. Tanto a moda, quanto a música não morrem. O ritmo, o bolero, que você gravou há 60 anos e está cantando hoje, acham que é música nova, mas não"

Simone — Foto: Lorena Dini
Simone — Foto: Lorena Dini

Gostos simples e caseira

Marcada por hábitos simples, Simone gosta de se aventurar na cozinha, mexer com plantas, caminhar na areia da praia e ama viajar sem ser por trabalho além de passar muito tempo na companhia da cachorrinha, Lulinha. Inclusive, é declaradamente caseira.

Gosto dos amigos aqui em casa e não gosto de sair. Prefiro ficar dentro de casa, não gosto de sair para noite, ficar em bar. Isso não faz minha cabeça em absolutamente nada. Prefiro ficar em casa batendo papo, tomar um vinho

Contrariando qualquer cardápio rebuscado de celebridade, Simone faz uma confissão: “Saio do palco e quero comer pão com manteiga…Vai entender”

Ritual para os palcos

Antes de subir ao palco, Simone sempre reza e se cerca da essência floral "portátil" - que leva para qualquer lugar aonde vá se apresentar e se hospedar.

"Em todos os lugares que eu vou, o local é borrifado, no camarim, no hotel. Eu gosto do cheirinho, é uma continuação do que eu coloco na minha casa para não sentir muita falta"

Ela ainda faz questão de se reunir com os músicos antes de entrar em cena, mesmo que seja uma troca de olhares, quando ficam separados antes do palco. "É ficar formando a energia para a gente não dispersar".

Simone — Foto: Lorena Dini
Simone — Foto: Lorena Dini

Conexão com artistas jovens

A conexão de Simone com a classe jovem vem da própria banda da turnê Tô Voltando. Um time de músicos que atualizaram os arranjos sem perder as características essenciais das melodias. Fábio Sá (baixo), Filipe Coimbra (guitarra e violão), Chico Lira (teclados), Ronaldo Silva (bateria) e André Siqueira (percussão) representam a mescla de gerações da carreira da artista na prática.

"Tenho uma banda que chamo de jardim da infância, imagina a energia desses meninos, o que é legal, eu tenho um quinteto. É uma coisa novíssima para mim, como também é novo para eles, porque eles não sabiam como era o meu trabalho, não sabiam como eu era

Ela relembra quando recebeu Chico Lira pela primeira vez em casa e se surpreendeu com a jovialidade do músico. "Um bebê, tinha 23 anos. Mas esse é o lance, da gente fazer um trabalho juntos que ali existe uma diferença de 50 anos. Eles tocando as músicas que me fizeram ser conhecida e curtindo, dando a leitura deles, é maravilhoso"

Simone com a banda jovem na turnê 'Tô Voltando' dos 50 anos de carreira — Foto: Reprodução/Instagram
Simone com a banda jovem na turnê 'Tô Voltando' dos 50 anos de carreira — Foto: Reprodução/Instagram
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