Priscila Fantin sobre carreira atrás das câmeras: "Lugar de destaque nunca foi tão confortável para mim"

"O lugar de destaque nunca foi tão confortável para mim. Não gosto de ser o centro das atenções. Gosto mesmo de colaborar com o todo, mas, estando no centro, muitas vezes não conseguia fazer essas outras coisas. Muito do seu tempo é tomado para o estar ali na frente das câmeras. Sentia falta de colocar a mão na massa e experimentar de tudo um pouco na arte. Me sinto mais confortável ficando nos bastidores. Eu sempre tentava ajudar um ator novato ou com dificuldade em entender o diretor. Adoro colaborar", explica.

Além de agente, ela produziu e dirigiu pela primeira vez, ao lado do marido, um espetáculo. O casal, que acaba de finalizar a temporada de Precisamos Falar de Amor sem Dizer Eu Te Amo, em São Paulo, conversou com a Quem sobre o trabalho em conjunto e a vida em família, que dividem com o filho dela, Romeo, de 12 anos.

Por que decidiram abrir a agência?
Priscila Fantin: Quando a gente se conheceu, cada um tinha um agenciamento. Mas eu estava há alguns anos questionando essa parte. É difícil falarem por nós exatamente do jeito que queremos falar com os nossos clientes. Muitas vezes, eu assumia a frente daquilo e negociava diretamente com a pessoa. O Bru também já estava neste processo. Depois de um mal-entendido em um trabalho, a gente decidiu abrir a agência. Agora um cuida da agenda do outro, orçamentos e tal. Eu já estava também, cada vez mais, preferindo ficar por trás das câmeras que na frente delas. Desde a época da escola, eu sempre fui mais da organização, logística e planejamento para alguém apresentar o trabalho.

Bruno Lopes: A gente sempre quer o melhor para quem está com a gente e isso se estende ao profissional. Quando a acompanho em um trabalho, ou ela me acompanha, a gente sabe exatamente o que o outro necessita ou se ele está incomodado ou não com algo. Talvez um outro profissional não tenha essa mesma intimidade para perceber isso. A gente sempre está por dentro de tudo o que acontece. Uma vez a gente foi para um trabalho, que outra agência estava negociando, e soubemos de exigências que a gente nem tinha feito. Então, às vezes, rola esse tipo de ruído, que a gente consegue evitar trabalhando junto.

Bruno, você também tem preferido ficar cada vez mais nos bastidores?
Minha carreira sempre foi muito variada. Eu sempre abri os meus caminhos para TV, cinema e teatro. Criei muito e fiz muita produção. Até quando eu estava atuando apenas como ator de uma produção, eu ia nas horas livres entender todo o processo, o trabalho do câmera, do diretor... Tenho o faniquito de produzir além de executar o meu ofício. Mas agora tenho me sentido mais tranquilo para estar na frente da câmera sabendo que ela vai fazer as coisas. Estou ciente de tudo, mesmo ela estando no controle. A gente debate tudo.

Como evitar que o estresse do trabalho interfira na relação amorosa?
Bruno Lopes: A gente trabalha 24 horas por dia. É prazeroso trabalhar junto, mas a gente não deixa a nossa relação cair no descuido. A gente tem o momento também para a família, como casal e da individualidade. A gente tenta estipular um período para focar com intensidade no trabalho.

Priscila Fantin: A gente se organiza. Estipulamos um horário de manhã e outro à tarde para trabalho. Se chegar algo fora deste período que não seja urgente, deixa para resolver nestes horários. A gente tenta equilibrar tudo. Tem momentos que cada um precisa para si, outro período para o casal, outro para a família...

Bruno Lopes: E é muito importante não se acostumar a achar que por estarmos trabalhando juntos, estamos tendo um momento de casal. É muito fácil confundir isso. Mas o momento enquanto casal é de leveza. Não confundir essas esferas é o trunfo.

Precisamos Falar de Amor sem Dizer Eu Te Amo. Como esse título do espetáculo se faz valer na vida de vocês como casal nos sete anos de união?
Bruno Lopes: O amor é feito de atitudes e a palavra é a cerejinha do bolo. A gente aprendeu as formas de amor de cada um e, como cada um lida com isso. É muito fácil desistir hoje em dia. Antes era um absurdo. A gente ouve muita gente falar: "Queria tanto um amor igual ao de vocês". E, às vezes, o amor passou pela vida daquela pessoa várias vezes, mas ela desistiu dele. Vai ter dificuldades. O segredo é não desistir. A gente não desistiu e não pretende desistir.

Priscila Fantin: E enxergar o que há de bom nas dificuldades. Há sempre uma evolução. A gente tem que estar disposto e aberto a querer evoluir. A gente joga no mesmo time também, torce um pelo outro. Amor é querer que o outro seja inteiro para a gente poder compartilhar desses momentos, dando liberdade para o outro ser quem ele é.

Vocês pensam em mais um filho?
Priscila Fantin: Não... Deixa o Romeo voar. Estamos preparando o nosso filho para a vida. Quanto mais independente ele for, mais tempo a gente vai ter para curtir, viajar... Isso é algo que a gente vislumbra.

Bruno Lopes: Mas a gente não fecha as janelas do futuro. A gente vive o presente. No momento, não cabe, mas, no futuro, não sabemos.