Entrevistas

Uma das maiores atrizes do Brasil se depara com o sofrimento da vulnerabilidade repentina do marido, acometido por uma doença que compromete a sua funcionalidade. Introdução que une a vida e a arte de Marieta Severo.

Fora das câmeras, a atriz de 77 anos lidava com os cuidados de Aderbal Freire Filho, que sofreu um AVC hemorrágico durante a pandemia, em 2020. Ao mesmo tempo, em frente às lentes, ela encarnou uma também veterana das telas, marcada pelo diagnóstico de Alzheimer do parceiro de vida e escritor, interpretado brilhantemente por Zé Carlos Machado.

Atuando como a protagonista Margot, no filme Domingo À Noite, com estreia em 4 de abril nos cinemas, Marieta reflete com a Quem sobre os impactos do envelhecimento, o temor pela perda de memória e a relação com a finitude.

“A gente vai tendo a percepção sobre o envelhecimento dia a dia, a medida que vai envelhecendo. Você vai vendo os limites de seu corpo, da sua energia, que eu nem posso reclamar, porque eu sou pilhada, minha energia ainda está muito boa. Mas, de repente, já não dá para comer não sei o que, o desgaste do corpo, isso aí você tem diariamente, à medida que o tempo vai passando”, iniciou.

A importância da memória

A produção distribuída pela O2 Play Filmes e dirigida por André Bushatsky fez a artista repensar na importância de preservar lembranças. Na trama, a personagem principal também passa a sofrer com as consequências da doença que compromete a memória enquanto tenta concluir a gravação de seu último filme.

"Tocou para mim numa coisa que eu acho que é o grande temor da gente, porque o desgaste físico, você vai tomando um remedinho aqui, vai se cuidando ali, faz exercício, mas a questão da memória é crucial. A sua memória é a sua vida, é você poder acessar a sua vida, você perder isso é muito cruel”, afirmou.

Marieta Severo e Zé Carlos Machado no filme 'Domingo À Noite' — Foto: Divulgação/Christian Rodrigues
Marieta Severo e Zé Carlos Machado no filme 'Domingo À Noite' — Foto: Divulgação/Christian Rodrigues

Memória é identidade

Marieta demonstra ainda mais apego à memória por conta do repertório de quem se desdobra em personagens ao longo da vida. “Para nós, atores, o nosso material somos nós mesmos. O que nós usamos são as nossas sensações, as nossas vivências, a nossa memória. Quando a gente vai acessar para um personagem, a gente acessa uma lembrança, esse é o nosso manancial”, refletiu.

“Para qualquer ser humano, para qualquer país, você precisa da memória que forma a sua a história, quem você é, a sua identidade. Eu sou assim porque vivi tais coisas de tal maneira”, completou.

Marieta Severo no filme 'Domingo À Noite' — Foto: Divulgação/Christian Rodrigues
Marieta Severo no filme 'Domingo À Noite' — Foto: Divulgação/Christian Rodrigues

Medo de sofrer

Para além do temor do esquecimento, Marieta admite temer pelo sofrimento antes do fim da vida. A atriz não tem medo de morrer, mas da forma como isso irá acontecer. “Não tenho não [medo da morte]. Eu tenho medo de como a morte vai me levar. Quero que ela me leve suavemente, que aí tudo bem, que aí eu vou na boa, não tem problema, não”, afirmou.

O receio reserva uma experiência pessoal ainda muito recente. Ela relembra o período desafiador vivido com o marido, que veio a falecer em agosto de 2023, aos 82 anos, por complicações do AVC. “É o que apavora a gente e eu tive uma experiência muito cruel com relação a isso com o Aderbal. Foram três anos onde eu olhava e pensava: 'por que que a pessoa tem que passar por isso?”, declarou.

Aderbal Freire-Filho e Marieta Severo — Foto: Anderson Borde/AgNews
Aderbal Freire-Filho e Marieta Severo — Foto: Anderson Borde/AgNews

Foi muito difícil, muito doloroso, vê-lo passando o final de vida daquela maneira, isso é que é cruel, que você para e fala: ‘Não quero, não. Obrigada…Me leva’”, completou.

“Eu adoro a vida, queria ficar por aqui, acho ela muito boa, nos bons e nos maus momentos, mas me leva de um jeitinho bonitinho”
— Marieta Severo

A atriz reitera o quanto foi difícil testemunhar a degeneração do companheiro com quem foi casada por quase duas décadas. “No sofrimento anterior à morte, na consciência corporal, física, mental, de estar vivendo a finitude. Isso foi cruel de acompanhar, porque teve uma hora ali que ele sabia. Isso é muito cruel”, relatou.

“Quando você não sabe de onde que ela vem, você fica brincando que vai ficar por aqui para sempre, que é ótimo estar por aqui”, acrescentou ela.

Em conversa com jornalistas, Marieta chegou a dizer como reagiu ao convite para estrelar o longa-metragem logo no momento em que a ficção cruzava com a vida real no aspecto de vulnerabilidade do marido. Veja:

Marieta Severo refletesobre estrelar filme que cruza com história de sofrimento com marido

Marieta Severo refletesobre estrelar filme que cruza com história de sofrimento com marido

O que gostaria de esquecer (e o que temeria não lembrar)

Questionada sobre um acontecimento da vida que tiraria da memória, Marieta não titubeou na resposta. “Ter vivido a minha juventude, período de maior força, vigor, de quando você quer realmente mudar o mundo, numa ditadura militar. Eu não me conformo com isso. Ter vivido os meus 20 anos lutando contra a censura. Tabu de merda. Isso é a pior coisa”, desabafou.

Marieta Severo em 'Domingo À Noite' — Foto: Divulgação/Christian Rodrigues
Marieta Severo em 'Domingo À Noite' — Foto: Divulgação/Christian Rodrigues

Ela ainda questiona a onda de conservadorismo juvenil que anseia pela volta do período ditatorial. “Uma coisa que não passava na cabeça da minha geração era ver isso voltar. E você vê uma juventude que acha que é solução viver em uma ditadura. Eu falo incessantemente, sempre que eu posso, é uma merda, a pior coisa do mundo é a ditadura”, alfinetou.

“Viva a liberdade, viva a democracia, tenham consciência disso e lutem por isso. A partir disso, a gente vai lutar contra os tabus do machismo, etarismo, lutar contra tudo”, pontuou.

Marieta Severo na pré-estreia do filme 'Domingo À Noite' — Foto: Van Campos/AgNews
Marieta Severo na pré-estreia do filme 'Domingo À Noite' — Foto: Van Campos/AgNews

E o que teme não lembrar? “Mais doloroso seria esquecer a minha vida. Com isso, vem tudo... Esquecer os meus amores e tudo o que eu vivi”, concluiu.

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