'Duna: Parte 2' é tudo o que os fãs de ficção científica precisavam

Na segunda adaptação da série literária de Frank Herbert, Paul Atreides (Chalamet) inicia sua jornada ao lado dos Fremen e da companheira, Chani (Zendaya). O protagonista pretende vingar os familiares e amigos mortos a mando do Imperador (Christopher Walken), mas se depara com desafios maiores envolvendo sua própria identidade.

Assim como o povo Fremen, Villeneuve extrai o máximo que consegue das paisagens desérticas apresentadas no longa: ao longo de 2 horas 46 minutos, o diretor envolve o espectador em uma experiência quase sensorial - mergulhando nos sons, silêncios e texturas presentes no modo de vida dos personagens principais.

A trilha desenvolvida por Hans Zimmer - músico alemão responsável pelas músicas de Interestelar (2014), Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e Gladiador (2000) - é tão vivaz que se torna um personagem por si só. Junto ao som, a fotografia já premiada de Greig Fraser traz takes contemplativos, mas que trazem sentido para os rumos da história. Em muitos momentos, é possível sentir a claustrofobia, raiva ou medo junto com os personagens. Outro aspecto que deixa a obra ainda mais realista são os efeitos especiais, que te fazem duvidar se Timothée Chalamet estaria andando em um verme do deserto na vida real.

Ao contrário do primeiro filme, que foca em apresentar contextos históricos e termos importantes para seguir a história, Duna: Parte 2 traz vida e emoção aos personagens. O enredo dinâmico não apressa a absorção do público, mas não 'deixa a peteca cair' e faz com que as quase três horas se transformem em minutos.

O amadurecimento e transformação de Paul no deserto de Arrakis fazem com que o público possa torcer para que ele sobreviva em meio aos desafios para se provar como pertencente ao novo grupo - algo essencial para fãs de filmes de ficção científica. Tratado como um "messias" para a população desértica, ele ganha força e postura com discursos imponentes, e mostra um comportamento menos passivo como os apresentados no primeiro filme.

Mesmo com inúmeros momentos de tensão alimentados pela trilha sonora, a obra acerta em não se levar a sério o tempo todo e descontrair em momentos precisos, como nas tiradas cômicas de Javier Bardem, intérprete de Stilgar, líder dos Fremen, que acredita fielmente que Paul - ou Muad'Dib - seja o messias religioso que seu povo tanto espera.

Lutas corpo a corpo chamam a atenção para a obra, especialmente nas cenas de ação do vilão Feyd-Rautha (Austin Butler), que fazem qualquer um ficar na pontinha da cadeira. O astro de Elvis incorpora a maldade em forma humana e se destaca em todo o seu tempo de tela.

A aparição 'relâmpago' de Anya Taylor Joy - que só foi anunciada no elenco duas semanas antes de sua estreia - e o final aberto confirmam que Messias de Duna, o terceiro filme da saga, será a próxima obra de Villeneuve. O cineasta adiantou ao jornal The Times que não pretende 'apressar' o ritmo das produções: “O perigo em Hollywood é que as pessoas fiquem entusiasmadas e pensem apenas nas datas de lançamento, e não na qualidade," declarou.