Capas

Por Mateus Phyno (@phynocomph_)

Talvez você ainda não conheça Bruno Matos, mas com certeza conhece a personagem dele: Blogueirinha. Aos 29 anos, o ator que nasceu em Mesquita, no Rio de Janeiro, se tornou o assunto da internet e, indiscutivelmente, o nome mais quente do momento nas redes sociais. Tudo culpa da Xanaína Horta, nome de "batismo" da Blogueirinha. A personagem, que surgiu em 2017 como sátira às blogueiras que bombavam na época, deu ao Bruno uma carreira nos lugares em que ele sempre sonhou, fama e independência.

Bruno conta que desde sempre as pessoas ao seu redor diziam que ele tinha um instinto para o teatro e, aos 14 anos, resolveu fazer o primeiro curso de improviso -- por influência de uma amiga e escondido dos pais. "Não é que minha família era preconceituosa, era mais algo 'com filho dos outros, ok, com o meu não'. Minha irm�� sempre foi mais o exemplo, eu sempre fui meio rebelde, entrei e saí da igreja, larguei a escola, fui fazer teatro, me assumi gay... ", conta. Foi nesse curso que ele se apaixonou pelo universo teatral e percebeu a veia que tinha para o humor.

Blogueirinha usa casaco Boldstrap — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa casaco Boldstrap — Foto: Maltchique

Fez outros cursos e, em pouco tempo, largou os estudos para se dedicar à profissão que escolhera. Não deu muito certo; depois de três meses, a companhia de teatro infantil onde trabalhava, faliu. Sem dinheiro para pagar o curso que queria fazer, Bruno voltou à escola tempos depois e passou a cuidar do pai, que havia sofrido um AVC e agora precisava de assistência intensiva. Foi nesse contexto que Xanaína nasceu, num misto de vontade de explorar a própria veia artística e de fazer algo seu, enquanto cuidava do pai. "Era até uma válvula de escape, porque eu não trabalhava e não podia fazer nada, era realmente 24 horas cuidando dele", diz.

Dizer que a Blogueirinha é um viral seria diminuir o poder de presença online da influenciadora, pois semana após semana, Xanaína acumula uma série de virais -- muitas vezes a partir de pedaços das entrevistas que faz no programa De Frente Com Blogueirinha. O talk show pode ser definido como a versão meme do clássico De Frente Com Gabi, de Marília Gabriela. Semanalmente, às segundas-feiras, Blogs entrevista uma personalidade sobre vida e carreira, com o jeito irreverente e incisivo pelo qual é conhecida. Nomes como João Guilherme e Gkay já passaram pela cadeira (quase elétrica) do programa. De lá sai inúmeras pérolas.

Converso com Bruno por chamada de vídeo, dias após as fotos de capa que ilustram esse ensaio de capa. Nesse meio tempo, Blogueirinha foi assunto em praticamente todos os portais de notícia e perfis de fofoca nas redes sociais, muito por conta do show de Pabllo Vittar no The Town. Semanas antes, ao entrevistar a drag queen, Bruno perguntou se ela se apresentaria com banda ou sem banda no festival, retomando uma cobrança dos fãs da cantora para que ela fizesse shows acompanhada por instrumentos. A entrevista bombou, Blogueirinha fez o assunto render e, no dia da apresentação, o que todo mundo queria saber era a reação da influenciadora ao ver Pabllo performar, enfim, com banda.

Blogueirinha usa top e saia Guilherme Valente, anéis Mariah Rovery e scarpin acervo — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa top e saia Guilherme Valente, anéis Mariah Rovery e scarpin acervo — Foto: Maltchique

Se pensarmos numa fórmula para os virais da Blogs, daria para usar esse episódio como referência: irreverência e cara de pau para quase tudo somado a conhecimento em cultura pop e nos assuntos quentes da internet (em especial do Twitter). Entram ainda nesse mix dois pontos chave para entender o fenômeno: capacidade de improviso rápido e habilidade em fazer o mesmo assunto render o quanto for preciso. Se na internet os acontecimentos costumam morrer bem cedo, Bruno tem criatividade suficiente de transformá-los para que eles durem por semanas a fio.

Outro excelente exemplo disso é a "briga" entre Blogueirinha e a influenciadora e empresária Mari Maria. O assunto também começou numa entrevista do seu programa, quando a infuencer jogou uma xícara de água em Bruno, mas se desdobrou de tal forma que a água virou chá, quentão e até gasolina e a briga levou a "facadas" e muito mais, se torando um dos principais assuntos do Blogsverso. No estúdio para as fotos dessa capa, ao ver o resultado dos cliques com garra de lagosta, ele brincou: "Já sei até a legenda! Vou dizer que estou me transformando numa nova mulher, depois dos ataques da Mari Maria".

Como Blogueirinha, além de acumular milhões de seguidores e uma presença absurda na internet, Bruno já participou de uma série de programas televisivos, deu entrevista ao Pedro Bial (uma de suas maiores realizações) e até lançou músicas. Ganhou independência financeira, realizou a vontade de mudar para São Paulo, casou e hoje busca seus principais sonhos: levar a personagem à TV e conseguir ter uma vida tranquila.

Blogueirinha usa top e saia Guilherme Valente, anéis Mariah Rovery e scarpin acervo — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa top e saia Guilherme Valente, anéis Mariah Rovery e scarpin acervo — Foto: Maltchique

Vamos voltar pro começo? Quem era você antes da Blogueirinha?
Eu sou de Mesquita -- nasci em Nilópolis, mas morei minha vida toda em Mesquita, no Rio de Janeiro -- e desde criança os professores falavam para os meus pais que eu podia fazer teatro. Com 14 anos comecei a fazer teatro escondido, porque meus pais eram meio preconceituosas, no projeto Fórmula, em Nova Iguaçu. Na época, uma amiga minha me apresentou o teatro e eu como não tinha nada para fazer... Na primeira aula, me apaixonei. Amei a energia e como as pessoas eram mais livres, o teatro tem disso.

"Na primeira aula, me apaixonei. Amei a energia e como as pessoas eram mais livres, o teatro tem disso"

Como sua carreira começou, de fato?
Comecei a trabalhar com três meses. Minha primeira peça era bem Escolinha do Professor Raimundo e eu esqueci todas as minhas falas! Só ficava calado e a plateia achava engraçado. Foi ali que vi que eu tinha uma veia voltada pro humor. Depois disso, me formei no curso de improviso, peguei o diploma e mudei para uma escola em Nilópolis, Jornalista Tim Lopes. Nessa época eu morava perto da escola e fiz uma formação para professores do primeiro ao quinto ano.

Chegou a viver do teatro?
Sim. Saí da escola na época, larguei tudo para viver de teatro -- fui bem irresponsável. Eu ganhava R$ 50 por peça - o que, na época, era muito para mim. Eu sempre fazia muita peça infantil, pois sempre tive um estereótipo mais feminino ou infantil. Mas a companhia em que eu trabalhava faliu (durou três meses) e não pagaram tudo. Depois de um ano, voltei á escola, mas só concluí os estudos com 23 anos e já fazendo vídeos da Blogueirinha. Nunca fui um aluno muito nota 10, sempre fui na média para menos.

"Na época as pessoas zoavam muito as blogueiras e minhas inspirações eram a Kéfera e a Darlene, da novela 'Celebridade'. (...) Queria fazer uma menina que o sonho dela era ser famosa, como a Darlene"

Como foi que a Blogueirinha surgiu?
Em 2016 eu fazia um curso de improviso no centro do Rio... Só fiz por um mês na verdade, porque eu não tinha mais dinheiro para poder pagá-lo. Tinha que pagar passagem de ônibus e de metrô e eu não tinha condições, porque vivia da aposentadoria do meu pai, de quem eu cuidava na época. Como saí do curso, resolvi fazer isso [improviso] na internet. Na época as pessoas zoavam muito as blogueiras e minhas inspirações eram a Kéfera e a Darlene, da novela Celebridade, vivida por Deborah Secco. Eu gostava muito dessa personagem e queria fazer uma menina que o sonho dela era ser famosa, como a Darlene -- que era meu sonho, também. As pessoas compraram muito a ideia da Blogueirinha, que segundo ela, era famosa e não era do Brasil.

Blogueirinha usa top e saia Estúdio Traça, mangas Estúdio Cena e brincos Vanda Jacintho no Trash Chic  — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa top e saia Estúdio Traça, mangas Estúdio Cena e brincos Vanda Jacintho no Trash Chic — Foto: Maltchique

E quando foi que quando foi você viu que a personagem ia para algum lugar? Quando percebeu que estava fazendo sucesso?
Começar a ficar conhecido foi diferente de começar a ganhar dinheiro. Comecei a ser conhecido quando os artistas, tipo Bruno Gagliasso, começaram a me repostar, com mais ou menos um ano. O dinheiro começou a chegar na conta depois, quando comecei a me apresentar em baladas. Meus shows juntavam bastante gente e nesse momento percebi que estava ficando "famoso". Na verdade, não sei dizer, mas nunca me senti famoso, até hoje não me sinto. Sempre achei que era algo que poderia acabar, talvez por isso que eu não me achava famoso. E pode acabar, porque é a imagem da Blogueirinha que eu vendo, não a minha.

O que você fazia nas apresentações das baladas?
Era tudo no improviso. Eu chegava, começava a falar um monte de coisa e inventava umas musiquinhas -- não eram nem paródias, eu pegava um instrumental do YouTube e fazia. Era um saco, um fiasco, o povo só queria me ver falar. Até ano passado fazia isso e sempre percebi que as pessoas pessoas ficavam esperando a hora que eu fosse falar, mas tinham que aceitar (risos).

Mas você gostava?
Nunca gostei muito não, mas eu fazia para dar vida à personagem. Ano passado me apresentei em três lugares fora do Brasil, foi muito legal, mas ali para mim já deu.

Teve algum momento em que você percebeu que a Blogueirinha tinha acontecido?
Quando fiz meu primeiro Prêmio Multishow, em 2018! Foi uma felicidade que não dá para explicar. Foi o momento que eu realmente senti 'caramba, olha onde eu cheguei'. E agora, recentemente, quando dei uma entrevista para o Pedro Bial, tive essa mesma sensação.

Blogueirinha usa top e saia Estúdio Traça, mangas Estúdio Cena e brincos Vanda Jacintho no Trash Chic  — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa top e saia Estúdio Traça, mangas Estúdio Cena e brincos Vanda Jacintho no Trash Chic — Foto: Maltchique

"No início, eu era sem filtro nenhum. Não tinha nada a perder, então falava muita coisa mesmo, fazia muita coisa, corria... Era bem gostoso, eu me divertia"

Me fala mais desse primeiro Prêmio Multishow...
Eu tinha um contrato com o canal, comecei fazendo um programa de maquiagem com a Pabllo Vittar e depois fiz dois Música Boa Ao Vivo com a IZA, tudo voltado para internet. E aí a gente assinou um contrato de seis meses para eu fazer várias coisas com eles, incluindo um programa meu para a internet e várias coisas da casa, como o Prêmio Multishow. O canal abriu portas e aumentou meu contato com o público, que gostava porque a premissa a personagem era ser famosa, então era muito legal eu estar no meio dos famosos. No início, eu era sem filtro nenhum, nenhum. Não tinha nada a perder, então falava muita coisa mesmo, fazia muita coisa, corria... Era bem gostoso, eu me divertia.

Lembro que quando você começou você era Blogueirinha de Merda e depois o sobrenome caiu. Porque teve essa mudança?
Eu quis mudar, ninguém pediu para mudar. Lembro de ter tido uma conversa com o Felipe Neto, no Prêmio Miaw MTV, e ele perguntou se eu pretendia mudar o nome para só Blogueirinha, para poder fechar publicidades. Na época, eu falei que não, que era personagem. Não deu uma semana, fiquei com isso na cabeça e resolvi mudar. (risos) Na época eu tinha outros empresários e eles já tinha me falado que a tendência era as pessoas me chamarem assim, porque Blogueirinha de Merda era grande. No início o pessoal não gostou tanto, mas foi isso. Hoje as pessoas me chamam de Blogs ou de Blô, eu até brinco que que daqui a um tempo serei só "Blô", porque, enfim... Dou vários motivos, mas é só uma brincadeira.

Sua carreira foi crescendo aos poucos, não foi uma coisa do dia para noite, porém, é visível que seu programa te levou para outro patamar... Como foi que ele surgiu?
O De Frente Com Blogueirinha, ainda mais por ser no meu canal, me levou para um outro lugar. Não só por mim, mas por toda a equipe de produção que tem por trás. Eu queria fazer um programa; sou da agência Dia Estúdio e eles tinham uma sala de podcast, então tive uma temporada de nesse formato -- nunca gostei muito, não gosto de microfone, de headset... Mas, era o que tinha, era o que estava disponível, então eu fazia do jeito que dava. Só conseguimos fazer quatro episódios e foram superlegais. Com a ideia da Dia TV, o Rafa [Dias] chegou até mim querendo fazer mais uma temporada, só que agora com formato de TV e eu falei 'quero um programa igual ao da Marília Gabriela, com mesa e tudo mais'. Ele foi adaptando o formato para que tivesse mais a cara da Dia TV e minha cara, também.

Blogueirinha usa maxi colete Felipe Fanaia na Das Haus, cinto Gucci no Trash Chic, colar e brincos Gansho — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa maxi colete Felipe Fanaia na Das Haus, cinto Gucci no Trash Chic, colar e brincos Gansho — Foto: Maltchique

As entrevistas são roteirizadas ou é tudo no improviso?
Até o episódio da Mari Maria era mais improviso -- até tinha um roteiro, mas eu seguia tipo 20% --, mas acho que eu passei uma mensagem errada, as pessoas acharam, de fato, que eu não gostei da participação dela e que ela também não gostou, sendo que quando terminou o programa estava tudo tranquilo entre a gente. Mesmo assim, achei que passou um pouco de limite, então passei a ler mais do roteiro, segui-lo de fato e participar mais a construção dele, escrever as piadas. Na verdade, acho que desde o primeiro programa eu e o Rafa achávamos que o tom (ou algo) não estava legal e sempre nos questionávamos o porquê.

Falando na Mari Maria, essa suposta rivalidade entre vocês ganhou desdobramentos cada vez mais absurdos, tinha gente que até achou que a briga era verdadeira. Como isso tomou tanta proporção? Foi premeditado?
Não foi pensado. Depois da brincadeira que a gente fez ao vivo, é uma coisa que a Blogueirinha exageraria. E, óbvio que as pessoas perguntam, então, para não ficar na mesma coisa, vou dando um novo tom a cada vez que a história é contada. Não foi proposital inventar uma nova história a cada entrevista, talvez agora até seja, mas depois que viralizou um vídeo que fizeram de mim dando várias entrevistas do mesmo assunto com diferentes histórias.

"Não foi pensado. Depois da brincadeira que a gente fez ao vivo, é uma coisa que a Blogueirinha exageraria. Não foi proposital inventar uma nova história a cada entrevista, talvez agora até seja" - Blogueirinha sobre as várias versões da briga com Mari Maria.

Blogueirinha usa maxi colete Felipe Fanaia na Das Haus, cinto Gucci no Trash Chic, colar e brincos Gansho — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa maxi colete Felipe Fanaia na Das Haus, cinto Gucci no Trash Chic, colar e brincos Gansho — Foto: Maltchique

O quanto a Blogueirinha dominou sua vida?
No momento, se eu estou de Blogueirinha é porque eu quero gravar alguma coisa. Hoje, ela domina o dia inteiro e à noite paro para descansar e viver minha vida. Ultimamente tem sido muita coisa, tenho me montado todos os dias para gravar, mas é mais a caracterização, porque quando não estou gravando, estou falando normal, não estou gritando, nem fazendo piada...

Como é essa logística, já que hoje a Blogueirinha vai à praia, aparece no seu intercâmbio.. Você anda sempre meio preparado para gravar?
Quando eu vou viajar, me preparo no sentido de ter que levar uma malinha de maquiagem, uma peruca e uma quantidade de roupa, caso algo aconteça e eu queira gravar, mas não muda minha vida.

Como tem encarado a fama? Gosta de ser famoso?
Ah, eu gosto, né? Melhor do que antigamente, que ninguém me via, ninguém reparava em mim, nem nada! (risos) Tem a parte boa e a parte ruim. Me incomoda um pouco se eu estou bebendo com meus amigos, comendo ou se estou conversando e tenho que ou interromper ou pedir para pessoa esperar um pouco, mas eu entendo se alguém me vê e vai querer falar. Mas, por exemplo, fui para o The Town e já fui sabendo como seria, então fui preparado para isso.

"Ah, eu gosto, né? Melhor do que antigamente, que ninguém me via, ninguém reparava em mim, nem nada!" - Blogueirinha sobre fama.

Como faz para separar a Blogueirinha da sua vida pessoal, considerando que hoje ela domina parte do seu dia e ainda tem os fãs?
Tenho as coisas que eu gosto de fazer sozinho ou entre amigos. Gosto de colocar coisinhas no YouTube para assistir sozinho, comer algum lanche sozinho... E gosto de estar com meus amigos, a maioria não é famoso ou influencer, com eles são outros assuntos. Gosto de ir para festas também, gosto muito de sair.

Blogueirinha usa maxi colete Felipe Fanaia na Das Haus, cinto Gucci no Trash Chic, colar e brincos Gansho — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa maxi colete Felipe Fanaia na Das Haus, cinto Gucci no Trash Chic, colar e brincos Gansho — Foto: Maltchique

Me fala um pouco do relacionamento com seu marido, Edson?
Nos casamos ano passado no intercâmbio, nos conhecemos numa balada, acho que na segunda vez que vim para São Paulo. Ficamos por anos, ele não queria namorar comigo; aí teve um dia que ele aceitou namorar e estamos juntos até hoje. Edson me ajuda, é ele, inclusive, que consegue todos os convidados do programa.

"Minha irmã sempre foi mais o exemplo, eu sempre fui meio rebelde. Nunca fui muito correto, não. Entrei e saí da igreja, larguei a escola, fui fazer teatro, me assumi gay..."

Como está a relação com sua família agora? Você me falou que fez teatro escondido..
Tenho uma irmã, Bruna, ela tem 35 anos e é enfermeira. Foi a primeira da família a saber que eu queria fazer teatro. Não é que minha família era preconceituosa, era mais algo "com filho dos outros, ok, com o meu não", entende? Minha irmã sempre foi mais o exemplo, eu sempre fui meio rebelde. Nunca fui muito correto, não. A Bruna era da igreja, terminou os estudos cedo, começou a faculdade cedo... Eu entrei e saí da igreja, larguei a escola, fui fazer teatro, me assumi gay... Meu pai já faleceu, mas as coisas começaram a mudar quando ele teve um AVC e eu que cuidei dele. Acho que a visão da minha família sobre mim começou a mudar nesse período. Eu morava com ele e não podia trabalhar, inclusive, tive que sair do meu emprego para cuidar do meu pai.

Seu pai conheceu a Blogueirinha?
Foi aí que eu comecei a fazer a Blogueirinha, era até uma válvula de escape, porque eu não trabalhava e não podia fazer nada, era realmente 24 horas cuidando dele. Depois de uns cinco meses, fui arrumando formas de poder sair para algum lugar, mas tinha horário para tudo, como se cuidasse de um bebê. Antes de falecer, meu pai viu tudo estava acontecendo, inclusive, quando me mudei para São Paulo, ele era vivo ainda. Hoje a relação com a minha família é de boa, eu ajudo muito a minha mãe, minha irmã é casada e a relação com eles é boa. Minha mãe disse que gosta do meu trabalho! Sempre tenho o pensamento que, se eu fosse hétero eles iriam gostar mais, mas óbvio que ninguém fala, é uma coisa que eu sinto.

Por que mudou para São Paulo?
Foi um misto de coisas. Morar em São Paulo é muito legal! Onde eu morava no Rio, em Nilópolis, não era bom, não tinha nada para fazer. Eram duas horas de carro de casa até o aeroporto, para poder vir para São Paulo, que era uma horinha só de voo... Quando vinha para cá, ficava na casa do Edson, então tudo era uma desculpa para vir. E aí eu conheci a noite paulistana, que é maravilhosa, os eventos daqui, o bairro onde o Edson morava, a Vila Mariana, os amigos que eu estava fazendo... Era tudo muito bom, era muito legal. Minha vida foi se criando aqui, não tinha muito porque eu ficar no Rio, a não ser o meu pai que, na época, deixei sob os cuidados da minha irmã e de uma cuidadora de idosos. Queria ter trazido ele para cá, mas não deu tempo. Até hoje não troco minha vida em São Paulo para voltar para o Rio, gosto muito daqui.

Blogueirinha usa maxi colete Felipe Fanaia na Das Haus, cinto Gucci no Trash Chic, colar e brincos Gansho — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa maxi colete Felipe Fanaia na Das Haus, cinto Gucci no Trash Chic, colar e brincos Gansho — Foto: Maltchique

Viralizar traz tanto amor quanto hate. Como lida com isso?
Tenho tido bastante hate, principalmente agora. Não sabia que tinham tantas formas assim. As pessoas se incomodam porque brinquei com algum artista que elas amam, ou porque a Blogueirinha está mais conhecida agora (e antes era mais nichada), ou porque nunca gostaram dela... A cada programa tenho descoberto várias formas [de hate]. Não é tão difícil, porque sei que não é direcionado a mim mesmo, eu, Bruno -- até tem, só que é uma proporção bem menor. É chato ver um monte de gente falando mal de você, principalmente no Twitter. Fico meio mal, mas acho que tenho muito mais gente que gosta, do que que não gosta, então, acabo me apegando nessas pessoas que gostam mesmo de mim. A Pabllo tinha razão quando falou sobre o hate no Twitter, tem muito mesmo, é onde mais tem.

Tem alguém que você quer muito entrevistar?
A Anitta. Tenho muita vontade de entrevistá-la, mas acho que não tem ninguém que é um grande sonho, não.

"A maior parte da graça é que a Blogueirinha passa dos limites, mas, na verdade, tem um limite. Trabalho dentro do limite de que eu seja respeitosa, por exemplo"

Tem artistas que têm medo de ir ao seu programa?
Vários! No festival [The Town], vários vieram falar que me adoram, que amam o programa, aí eu faço o convite e falam "mas eu morro de medo de ir". Tem artistas que vão sem medo, tipo a Wanessa Camargo, que foi e falou que estava sem medo algum, porque sabia que não ultrapassaria o limite. A maior parte da graça é que a Blogueirinha passa dos limites, mas, na verdade, toda entrevista tem um limite. Trabalho dentro do limite de que eu seja respeitosa, por exemplo.

Blogueirinha usa vestido Studio Ellias Kaleb, brincos Mugler para H&M e scarpin Louis Vuitton no Trash Chic — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa vestido Studio Ellias Kaleb, brincos Mugler para H&M e scarpin Louis Vuitton no Trash Chic — Foto: Maltchique

Para onde você quer levar a Blogueirinha no futuro?
Meu sonho sempre foi levar Blogs para a TV! No início da minha carreira era o que eu queria, hoje não sei se ainda tenho essa vontade... [Bruno faz uma pausa e repensa] A última vez que fui na TV foi no Pedro Bial e eu quase chorei de emoção ali... Então, tenho, sim, uma vontade, não é da mesma forma que antes, mas gosto da ideia. Tenho vontade de fazer um filme dela, chegar nesse tipo de lugar. Também gostei muito de ter feito intercâmbio, mostrar a cultura de outro país para o Brasil, gostaria de fazer mais. Mas, agora, não sei para onde levaria a Blogueirinha, estou muito feliz com o resultado do programa.

Algo especial planejado ainda para esse fim de ano?
Já tem data para terminar o De Frente e planejo um evento de Natal beneficente, esse é o foco. A ideia veio do evento do Neymar! (risos) A princípio, alguns artistas vão doar seus looks e faremos um leilão... Não sei nem se podia falar isso, vai que não acontece, né?

E o Bruno? Pra onde você quer ir, com ou sem a Blogueirinha?
Eu acho que eu quero ter uma vida tranquila, acho que é essa a minha vontade, poder envelhecer bem e dar uma condição melhor para minha família.

Tem vontade de ter outros personagens ou de fazer outras coisas enquanto ator?
Não, não tenho vontade. Acho que trabalho ali na minha zona de conforto, que é a Blogueirinha -- que já ultrapassa e me faz sair da minha zona de conforto.

Blogueirinha usa vestido Studio Ellias Kaleb, brincos Mugler para H&M e scarpin Louis Vuitton no Trash Chic — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa vestido Studio Ellias Kaleb, brincos Mugler para H&M e scarpin Louis Vuitton no Trash Chic — Foto: Maltchique

Créditos:

Texto e produção executiva: Mateus Phyno (@phynocomph_)
Fotografia: Maltchique (@maltchique)
Vídeos: Tiago Zani (@twz________)
Styling: Miguel Cuenca (@miguelcuenca)
Beleza: Ronaldo Hass (@ronaldohass)
Edição: Ana Carolina Moura (@acmoura)
Design de capa: Izamara Marinho (@i.z.m.r)
Direção de Arte: Juliano Brito (@julimesmo)
Produção de moda: Hannah Rodrigues (@hanitahh) e Giovanna Padoan (@_giovannapadoan)
Light Design: Gustavo Barros (@gustavo__uehara)
Digitech: Magu Marioto (@magumarioto)
Assistente de foto: Yasmin Dib (@yasmindibb)
Retouch: Mateus Moraes/ Alt Retouch (@mateuscmoraes/ @altretouch)
Agradecimentos: Padaria Feliciana (@feliciana.paes), 3T locadora (@3t_locadora) e Damn Good Advice (@damngoodadvice.cc)

Blogueirinha usa macacão Stacy Trend, corset Só croppeds, garras Rober Dognani na Das Haus e botas Okoko & Abel — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa macacão Stacy Trend, corset Só croppeds, garras Rober Dognani na Das Haus e botas Okoko & Abel — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa macacão Stacy Trend, corset Só croppeds, garras Rober Dognani na Das Haus e botas Okoko & Abel — Foto: Maltchique
Blogueirinha usa macacão Stacy Trend, corset Só croppeds, garras Rober Dognani na Das Haus e botas Okoko & Abel — Foto: Maltchique
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