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Saúde pública

Medicamento anti-Aids ainda é mal distribuído

Eduardo Cesar / Revista Pesquisa FapespComprimidos da PrEP, indicados para quem não se infectou e tem relações sexuais de riscoEduardo Cesar / Revista Pesquisa Fapesp

Desde o início de 2018, quando começou a ser distribuída no sistema público de saúde brasileiro, até 2022, a Profilaxia Pré-Exposição Sexual (PrEP) – uma pílula de uso diário para prevenir a transmissão do HIV, causador da Aids – foi adotada por 124.796 pessoas. Houve, porém, disparidades regionais, influenciadas por fatores socioeconômicos, de acordo com o estudo de um grupo da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Com base em dados do Ministério da Saúde (MS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Conselho Federal de Medicina (CFM), essa análise indicou que, em cinco anos, o uso de PrEP se concentrou em cidades com maior densidade populacional, com mais médicos e unidades de saúde, principalmente nos estados de Minas Gerais (112,8 usuários dessa forma de tratamento para cada grupo de 100 mil habitantes), São Paulo (104,1) e Santa Catarina (87,7). As mais baixas proporções de usuários foram registradas no Distrito Federal (4,1), Maranhão (11,6) e Alagoas (12,9). As 667 unidades de saúde aptas a fornecer a medicação se distribuíam em apenas 414 municípios (7,4% do total): o estado de São Paulo tinha 163 unidades e o do Rio de Janeiro 161; inversamente, Alagoas e Tocantins tinham apenas duas, Acre e Amapá, quatro, Distrito Federal e Paraíba, cinco. “O Brasil é um dos 10 países com o maior número de usuários de PrEP no mundo, mas enfrentamos desafios significativos relacionados à desinformação e ao estigma, que limitam o acesso a essa estratégia de prevenção contra o HIV”, comenta o médico Paulo Martins-Filho, coordenador do grupo de pesquisa. “É fundamental abordar esses desafios para expandir o acesso à PrEP e maximizar seu potencial preventivo” (Pesquisa FAPESP n° 267; International Journal of STD & AIDS, 8 de maio).

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