A busca por um sapatinho para o batizado do filho nascido durante a pandemia fez com que Mariana Spadacio, 37 anos, tivesse o insight de um negócio: a franquia de brechós infantis Repitikos. Sem encontrar alternativas em meio às restrições impostas pelo período, e com más experiências em brechós comuns, ela acabou pagando R$ 800 em um par de calçados artesanais, exclusivos e feitos à mão. No entanto, logo se arrependeu.
“Estava calor na cerimônia e ele acabou ficando descalço. Depois, cresceu muito rápido e nem chegou a usá-lo. Fiquei frustrada”, conta. O episódio também a fez perceber que outras mães poderiam passar pela mesma situação e que outros bebês poderiam usar aquele calçado.
Advogada de formação, Spadacio já tinha feito uma transição de carreira para o empreendedorismo havia alguns anos. Ela se tornou franqueada das redes Kopenhagen e Casa Bauducco entre 2018 e 2019, e sonhava em criar uma marca própria. Durante a licença maternidade, com o episódio do sapato e de todo o enxoval do pequeno, veio a ideia da rede de brechós infantis Repitikos.
“Resolvi juntar as pontas: minha necessidade de vender as roupas que mal foram usadas, gerar renda extra para quem tem essas peças paradas em casa e começar a estimular um consumo consciente. Eu decidi empreender em algo que meu filho vai se orgulhar”, conta.
![Repitikos: rede de brechós infantis vende roupas, acessórios e brinquedos — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-pegn.glbimg.com/F_H0BxTmDTaQkj0ghO6PAN2Zlzw=/0x0:900x675/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba41d7b1ff5f48b28d3c5f84f30a06af/internal_photos/bs/2024/I/c/HKBelITVqwJAyLGYBPJQ/thumbnail-image2.jpg)
Spadacio fundou a Repitikos em 2021. A empresa de moda circular é focada em vestuário, brinquedos e acessórios infantis de segunda mão – ou “gentilmente usados”, como ela prefere chamar –, com itens que vão do tamanho RN ao 16. A empreendedora pesquisou o mercado, colocou o próprio enxoval no estoque e captou mães e pais que poderiam ajudá-la a formar o estoque da primeira loja em Cuiabá (MT).
Como o negócio já nasceu com a visão de se transformar em uma franquia, a empreendedora fez tudo para que o modelo fosse escalável, incluindo um software que precifica as peças tanto para compra quanto para a venda. O cliente pode receber o valor à vista ou por meio de uma moeda própria, que, de acordo com ela, tem o objetivo de ajudar a criar consciência financeira nas crianças. Spadacio calcula ter investido cerca de R$ 350 mil para tirar a ideia do papel.
Guia de franquias
Busque e compare as melhores franquias para você investir
Preencha ao menos uma das opções abaixo:
Um ano depois, ela já tinha conseguido formatar o negócio, e a primeira franquia foi inaugurada em São José do Rio Preto (SP). Hoje, são três lojas no total, incluindo outra própria em Curitiba (PR). Somadas, as operações projetam um faturamento de R$ 2,1 milhões neste ano. O tíquete médio nas lojas é de cerca de R$ 85, fora de períodos sazonais.
O investimento inicial para ter uma franquia é a partir de R$ 190 mil, já incluindo taxa de franquia, enxoval, capital de giro e estoque inicial. “Como tenho visão de franqueada, eu quis ser bem conservadora para o franqueado não ter surpresas desagradáveis depois”, afirma.
Há cerca de três meses, Spadacio ganhou uma sócia na Repitikos: a empresária Ana Paula Ferro, fundadora da rede de franquias de estética Emporium da Beleza. “Nos conhecemos na feira da ABF do ano passado. Falamos sobre o negócio e ela, além de empreendedora, é mãe de gêmeos. Quando resolveu diversificar os investimentos, ela nos ligou”, conta. De acordo com Spadacio, a nova sócia trouxe conhecimento para aprimorar a estrutura de suporte da franqueadora.
Hoje, já são dez franquias em processo de implantação, e a empreendedora tem estudado alguns convites para levar a marca para shopping centers, que passaram a se abrir para o mercado de moda circular.
Para o futuro, Spadacio adianta que pretende lançar uma linha de roupas próprias, feitas com material reciclado, como garrafa pet e insumos orgânicos, além de um projeto de logística reversa de grandes marcas. “Eles produzem peças piloto ou para representantes e não têm estrutura para fazer seus próprios showrooms. Então, nós captamos essas peças com um valor de mercado menor, que iriam para o lixo, e fazemos elas circularem novamente”, diz.