'The Idol', série com filha de Johnny Depp, é criticada em Cannes por conta de cenas gráficas de sexo

Já a revista The Hollywood Reporter cravou a série como "mais regressiva que transgressora". "Jocelyn afirma seu livre arbítrio nos primeiros dez minutos, apenas para abandoná-lo a cada momento concebível. Raramente uma cena passa sem que a câmera mostre flashes de seus seios ou bunda. Você começa a se perguntar se isso está construindo alguma coisa e, no episódio dois, parece que provavelmente não está", escreveu a jornalista Lovia Gyarkye.

Em outro momento, segundo Gyarkye, uma personagem alerta Jocelyn quanto a não se aproximar de Tedros, que tem "uma vibe de estupro". Ao ouvir isso, no entanto, a protagonista diz "que é por isso que ela gosta dele". "'The Idol' mostra vislumbres de potencial quando para de se esforçar tanto para ser chocante. Há um esforço nas cenas de sexo entre Depp e Tesfaye que mata qualquer sensação de erotismo. É um alívio quando o programa se afasta deles e se concentra na luta de Joceyln para conseguir sua retomada", acrescenta a jornalista.

A revista Vanity Fair também falou sobre Jocelyn e Tedros terem um affair com tons de sadomasoquismo que parecem "algo do tipo 'Cinquenta Tons de Cinza' atravessado pelo brilho noturno de Los Angeles".

As resenhas vêm mais de dois meses após a Rolling Stone americana relatar que 'The Idol' teve vários problemas em seus bastidores. “O que eu tinha concordado em fazer era uma sátira sombria da fama e do modelo de fama no século 21”, explicou um membro da produção à revista, que ouviu 13 fontes ao todo. “As coisas às quais submetemos nossos talentos e estrelas, as forças que colocam as pessoas no centro das atenções e como isso pode ser manipulado no mundo pós-Trump. [...] Mas passou de uma sátira para a própria coisa que estava satirizando.”

Segundo outro insider, Levinson – que assumiu a direção do programa após Amy Seimetz sair da equipe com cerca de 80% do material pronto – mudou o tom original da história, que focaria na perspectiva de Jocelyn como vítima de uma indústria predatória. "Ficou como qualquer fantasia de estupro que qualquer homem tóxico teria na série – e a personagem feminina volta para mais, porque isso tornaria sua música melhor”, explicou o contato.

Uma das fontes ainda categorizou o programa como "pornografia de tortura" após relatar uma suposta cena em que a personagem de Lily-Rose Depp deveria carregar um ovo dentro de sua vagina; e, caso ele quebrasse, o protagonista de The Weeknd se recusaria a fingir um estupro" com ela. Ao ouvir isso, Jocelyn se desesperaria, pois ela acreditaria que sofrer a violência sexual a torna uma artista melhor.

Essa cena acabou não sendo gravada.

"É quase tão extremo que parece que não há mensagem”, considerou um membro da equipe. "Não tem sentido. Eles estão apenas tentando ver quanta reação eles podem obter do público."

O estúdio por trás de The Idol reforçou em um comunicado que a série teve "um ambiente de trabalho seguro, colaborativo e mutuamente respeitoso" e passou por "mudanças criativas que consideravam do melhor interesse da produção, do elenco e da equipe".

Depp também defendeu Levinson das críticas: "Sam é, por muitas razões, o melhor diretor com quem já trabalhei. Nunca me senti tão apoiada ou respeitada em um espaço criativo; minhas contribuições e opiniões foram muito valorizadas. Trabalhar com Sam é uma verdadeira colaboração em todos os sentidos – é importante para ele, mais do que tudo, não apenas o que seus atores pensam sobre o trabalho, mas como nos sentimos ao interpretar. Ele contrata pessoas cujo trabalho valoriza e sempre criou um ambiente em que me senti vista, ouvida e apreciada".