O apresentador que 'inventou' o 'Namoro na TV', foi gravado pelos Ramones e disse ter sido matador da CIA

Americano escreveu a canção "Palisades Park" cantada pela banda punk, também apresentou programa nos moldes do 'Show de Calouros' e teve sua história adaptada em filme dirigido por George Clooney

Por Henrique Januário


Sam Rockwell em 'Confissões de uma Mente Perigosa' — Foto: divulgação

O filme é 'Confissões de uma Mente Perigosa' e não é exagero. O longa dirigido por George Clooney e estrelado por Sam Rockwell conta a história real absurda demais para ser verdade de um grande astro da TV americana nos anos 1960 e 1970 que fez - ou diz que fez - tanta coisa que até Naldo duvida.

Sim, tal apresentador teve uma trajetória brilhante, criando o formato do 'Namoro na TV', programa em que um homem ou uma mulher são cortejados por pretendentes que tentam conquistá-lo ou conquistá-la através de perguntas e provas sem que eles se vejam, algo como um precursor do 'Beija Sapo'. Ele também foi por anos o mestre de cerimônias do 'The Gong Show', o famoso 'Show de Calouros' em que anônimos apresentavam talentos e ganhavam prêmios ou eram 'gongados' (e expulsos do palco da atração) pelo instrumento que dava nome ao programa e à gíria. Sim, a gíria usada até hoje se dá por causa desse programa.

Chuck Barris no 'The Gong Show' — Foto: NBC Television Network/ domínio público

A figura, que só pela sua participação televisiva já seria digna de nota ainda traz características incríveis e absurdas em iguais medidas, é Chuck Barris (1929-2017), que atacava de compositor e escreveu "Palisades Park", cantada por Freddy Cannon e pela lendária banda punk Ramones. Incrível, não? E olha que nós nem passamos da ponta desse iceberg pop.

Em sua história mais rocambolesca, Barris alegou, em sua biografia homônima ao filme de 2002, que havia sido um matador à serviço da CIA, o serviço de inteligência norte-americano, e que muitas de suas atividades televisivas estavam vinculadas a seu trabalho como agente secreto.

Sam Rockwell e Chuck Barris nos bastidores de 'Confissões de uma Mente Perigosa' — Foto: divulgação

A polêmica informação, publicada em 1984, foi amplamente divulgada. No entanto, foi desmentida pelo próprio Barris em entrevista ao Today Show da NBC no mesmo ano. "Não, nunca fui um assassino da CIA. Nunca fiz essas coisas. Certa vez, me inscrevi para a CIA e, enquanto passava pelo processo, consegui um emprego e apareci na televisão. Mas sempre me perguntei o que teria acontecido se eu tivesse feito as duas coisas", confidenciou.

As diferentes versões da história contada por Barris e a máxima da espionagem "se eu contar a verdade, vou ter que te matar", deixaram uma eterna aura de mistério sobre o "causo". Em 2010, em entrevista à Television Academy Foundation, ele foi questionado se ele já havia revelado a verdade (verdadeira) a alguém, incluindo sua esposa, no que respondeu: “Não, nunca. Eu nunca direi, de uma forma ou de outra".

George Clooney e Sam Rockwell em 'Confissões de uma Mente Perigosa' — Foto: divulgação

Contudo, na época do lançamento do filme, quando a absurda história voltou à moda, um porta-voz da CIA, Paul Nowack, veio à público negar quaisquer vínculos de Chuck com a agência e dizer que tal afirmação era "ridídula" e que absolutamente "não era verdade".

Seja verdade ou não, Barris viveu para repetir sua história e ainda incluiu ao incrível roteiro da vida real um câncer de pulmão, ao qual sobreviveu mesmo contraindo uma infecção que o levou por um mês à UTI. O apresentador morreu de causas naturais, aos 87 anos, em sua casa em Palisades, estado de Nova York, em 21 de março de 2017.

Mais recente Próxima Brad Pitt planeja dates a quatro sem álcool com Bradley Cooper e namoradas dos dois, diz revista

Leia mais