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É impossível torcer contra Al Pacino. O ator que fez história ao se equiparar aos grandes do cinema ao estourar em sua aparição como Michael Corleone na trilogia de Francis Ford Coppola, 'O Poderoso Chefão', e seguir em uma crescente de sucessos comerciais e críticos ao decorrer de sua extensa carreira é certamente uma das maiores lendas da cultura pop de todos os tempos. Mas existiu um único momento na carreira do americano em que vencer não era uma opção — no Oscar de 1974, o astro de 'Serpico' torcia ao máximo, por incrível que pareça, para perder o prêmio para o qual fora indicado.

Qualquer ator que se preze tem em seu altar pessoal Al Pacino como um de seus guias. É fato que são poucos os que se equiparam ao seu carisma, talento e influência no cinema; chamá-lo apenas de 'bom ator' é um gigantesco eufemismo. Assim como outros de seus amigos mais íntimos, Alfredo James Pacino começou a carreira cedo, na cidade que representa o coração da 'Nova Hollywood', Nova York, com papéis pequenos, até conseguir seu primeiro grande personagem, o viciado em heroína e apaixonado pela protagonista, Bobby, de 'Os Viciados'.

Kitty Winn e Al Pacino no clássico indie 'Os Viciados', de 1971 — Foto: Reprodução
Kitty Winn e Al Pacino no clássico indie 'Os Viciados', de 1971 — Foto: Reprodução

Foi esse inclusive que abriu as portas para que seu grande e triunfante estouro em Hollywood acontecesse. Francis Ford Coppola assistiu ao romance nada feliz de Jerry Schatzberg e resolveu contatar o jovem Al, que de início nem pensava que poderia ser escolhido para interpretar o protagonista, Michael Corleone. É claro que acabou rolando, e a trilogia é até hoje reverenciada.

Não por acaso, Al ainda chegou a receber uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 1973 por sua primeira aparição — quando Michael acaba tomando o lugar do pai, Vito, como o novo Don da família Corleone após uma torrencial de acontecimentos inesquecíveis.

Al Pacino em O Poderoso Chefão — Foto: Divulgação
Al Pacino em O Poderoso Chefão — Foto: Divulgação

Se você conhece bem a carreira do americano de origem italiana, sabe que ele não fez nem questão de comparecer à cerimônia. O motivo era simples: detestou ter recebido a indicação com o selo de 'coadjuvante', enquanto Marlon Brando, que deu vida a seu pai, Vito Corleone, que teve muito menos tempo de tela que ele, recebeu a indicação (e ainda o prêmio) de Melhor Ator — ainda que não fosse o protagonista. De qualquer forma, Al perdeu o prêmio naquela noite em 1973, quando Joel Grey venceu por seu Mestre de Cerimônias no clássico 'Cabaret', com Liza Minelli.

Joel Grey como o Mestre de Cerimônias do absoluto 'Cabaret' — Foto: Divulgação
Joel Grey como o Mestre de Cerimônias do absoluto 'Cabaret' — Foto: Divulgação
Al Pacino em 'O Poderoso Chefão' — Foto: Reprodução
Al Pacino em 'O Poderoso Chefão' — Foto: Reprodução

No ano seguinte, em uma incrível crescente, Al foi indicado novamente. Dessa vez, por outro filme, 'Serpico'. Nesse inédito da lenda Sidney Lumet ('12 Homens e Uma Sentença'), Al Pacino é o Agente Frank Serpico, um policial honesto da cidade de Nova York que é constantemente posto à prova ao ter que conviver diariamente com a corrupção que se estende por todos os cantos da corporação.

Ainda que essa seja uma trama já bastante conhecida hoje, em 1973 ainda se podia fazer grandes coisas com ela; até como prova disso, 'Serpico' recebeu duas indicações no Oscar, uma de Melhor Ator e outra de Melhor Roteiro Adaptado.

Al Pacino em 'Serpico', filme de Sidney Lumet — Foto: Divulgação
Al Pacino em 'Serpico', filme de Sidney Lumet — Foto: Divulgação

Foi em seu retorno pós-boicote à maior cerimônia do cinema, em 1974, que Al teve mais uma chance de vencer. Dessa vez poderia ter acontecido — mas a competição era difícil: contra Pacino estavam Jack Nicholson, pela comédia 'A Última Missão', Robert Redford por 'Golpe de Mestre', novamente Marlon Brando, pelo escabroso de Bernardo Bertolucci, 'Último Tango em Paris'; por último, a lenda do cinema americano, Jack Lemmon, por 'Sonhos do Passado'. Seria difícil, mas não era impossível para o meio-italiano.

Al Pacino em 'Serpico' — Foto: Reprodução
Al Pacino em 'Serpico' — Foto: Reprodução

Os fãs, é claro, torciam para que sim, Al Pacino, por sua vez, queria mesmo é perder. O motivo ele explicou à Playboy, em uma antiquíssima entrevista bastante reveladora. "Eu estive no Oscar uma vez, por 'Serpico'. Foi a segunda vez que eu fui indicado. Eu estava na terceira ou quarta fileira ao lado da Diane Keaton [sua namorada da época]. Ninguém esperava que eu fosse. Eu estava meio chapado. Alguém tinha feito algo ao meu cabelo, fez uma escova ou algo parecido, e parecia que tinha um ninho na minha cabeça ou alguma coisa assim, uma bagunça de verdade", começou contextualizando.

Al estava, literalmente, drogado. Bem provavelmente sob o uso de erva, o ator não estava exatamente 100% saudável e muito menos consciente para poder subir ao palco e receber o prêmio — ele mesmo tinha noção disso. Para piorar, a vontade de fazer xixi era terrível e, até então, ele não sabia que o Oscar duraria cerca de três longas e árduas horas. Era um pesadelo!

Al Pacino no Oscar de 1974 — Foto: Reprodução | X (@mubibrasil)
Al Pacino no Oscar de 1974 — Foto: Reprodução | X (@mubibrasil)

"Eu sentei lá e tentei parecer indiferente porque eu estava muito nervoso. Toda vez que eu fico nervoso, eu tento ficar com esse olhar indiferente ou frio. Daí em determinado momento, eu me virei para o [ator] Jeff Bridges e disse: 'Olha, parece que não tem muito tempo restando para entregarem o prêmio de Melhor Ator'. Ele me olhou estranho e respondeu: 'Ah, é?'. E eu falei: 'Acabou, já passou uma hora'; ao que ele disse: 'Mas duram três horas'. Eu pensava que funcionava igual um programa de TV, acredita? E eu precisava fazer xixi, muito", declarou à revista adulta — que ao decorrer de sua existência teve incontáveis entrevistas renomadas com grandes nomes da indústria.

Infelizmente Al teve a pior ideia possível para aliviar o problema: resolveu tomar um Diazepan, famoso calmante bastante comercializado em todos os cantos.

Al Pacino como Frank Serpico em 'Serpico' (1974) — Foto: Reprodução
Al Pacino como Frank Serpico em 'Serpico' (1974) — Foto: Reprodução

"Eu resolvi ingerir um Diazepan. Eu estava tomando Diazepans como se fossem doces. Mastiguei alguns. E aí finalmente veio [a categoria de] Melhor Ator", revelou tranquilamente. Não é preciso dizer que Al estava em péssimas condições para subir ao palco, caso ganhasse. Imagine: a maconha, que segundo estudos da American Heart Association de 2020, tem associação com frequência cardíaca reduzida e, por consequência, baixa pressão arterial, conjunta aos efeitos do calmante, poderiam ter derrubado Al Pacino ao vivo e a cores para todo o mundo.

Facilmente veríamos Al tornando real a cena de 'Nasce Uma Estrela' em que o personagem de Bradley Cooper, Jackson Maine, tropeça e cai ao tentar subir ao palco do Grammy para receber um prêmio, enquanto acaba também urinando no meio do caminho. Por mais trágico e exagerado que pareça, a possibilidade de Pacino ter escandalizado aquela edição do Oscar era real, bastante real. E ele tinha noção disso.

Cena de personagem de Bradley Cooper em um escândalo no Grammy em 'Nasce Uma Estrela' — Foto: Reprodução
Cena de personagem de Bradley Cooper em um escândalo no Grammy em 'Nasce Uma Estrela' — Foto: Reprodução

"Você consegue imaginar em que forma eu estava? Eu jamais chegaria ao palco. Eu ficava rezando: 'Por favor, que não seja eu. Por favor'. E aí eu ouço: '... Jack Lemmon!'. Eu fiquei tão feliz por não ter que levantar, porque eu jamais teria conseguido", disse o astro de 'Um Dia de Cão', que seria lançado no ano seguinte, sob a direção, novamente, de Sidney Lumet.

Al Pacino em sua próxima colaboração com Sidney Lumet, 'Um Dia de Cão' — Foto: Reprodução
Al Pacino em sua próxima colaboração com Sidney Lumet, 'Um Dia de Cão' — Foto: Reprodução

Apesar de preocupante, a cena chega a ser desconcertante: Al obviamente não parece bem. Com o olhar afastado, como se não estivesse presente, e ao mesmo tempo inquieto, ele tentava mascarar o que, depois de sua entrevista para a Playboy, ficou óbvio: a mistura de erva com calmante não é exatamente a melhor combinação.

Ainda bem que a inquietude e estranheza do jovem Alfredo foi rapidamente ofuscada pelo carisma, simpatia e felicidade de Jack Lemmon, o vencedor daquele ano. Jack já era renomadíssimo à época, tendo feito outros gigantes trabalhos de Hollywood como a revolucionária comédia romântica de 1960, 'Se Meu Apartamento Falasse' e ainda, tinha contracenado com Marilyn Monroe no clássico absoluto 'Quanto Mais Quente Melhor'.

O ator Jack Lemmon — Foto: Divulgação
O ator Jack Lemmon — Foto: Divulgação

Sua vitória foi reverenciada, comemorada e, para o alívio de Al, conseguiu apagar seu curto momento de pânico, que poderia ter arruinado sua carreira, que só estava no começo. Pacino só viria a ganhar seu primeiro, e surpreendentemente, único Oscar em 1993, por sua interpretação fenomenal do Coronel Frank Slade de 'Perfume de Mulher'. Ainda assim, é fato que suas performances superaram qualquer vitória em premiações: para além de números, Al Pacino fez (e é) história.

Relembre o momento em que Al Pacino perde o Oscar de Melhor Ator em 1974. Em seguida, reveja o trailer de 'Serpico', que felizmente, não lhe deu seu primeiro Oscar.

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