Astros de 'A Bruxa de Blair', um dos filmes mais lucrativos da história, revelam que receberam uma 'cesta de frutas' quando bilheteria chegou a 100 milhões de dólares

Os atores do filme de terror, que também tiveram que aprender a operar câmeras e equipamentos de som para fazer o filme no estilo "pseudo documentário", receberam US$ 500 por semana de trabalho. Além disso, antes do início das filmagens, a produtora Haxan Films apresentou ao elenco um documento de uma página e meia que incluía a seguinte cláusula: caso o longa rendesse à empresa mais de $1 milhão, os atores teriam direito a 'uma participação de 1% nos lucros excedentes desse montante. Os artistas, que admitem terem lido o documento rapidamente antes de assinar, acharam que isso nunca aconteceria com um filme tão pequeno.

Já na fase de divulgação de 'A Bruxa de Blair', a Artisan Entertainment teria proibido entrevistas com os atores e pedido para eles permanecerem longe dos holofotes – dessa forma, parte do público poderia pensar que o filme de terror era realmente um documentário real.

Leonard, Hance e Michael C. Williams acreditam que as restrições da produtora impactaram negativamente suas carreiras artísticaas. Após o longa, o trio acabou buscando outros empregos; Williams, por exemplo, desistiu de atuar no final dos anos 2000 e hoje trabalha em uma escola.

"Estou envergonhado por ter deixado isso acontecer comigo", ele desabafou à Variety, em meio a lágrimas. "Você tem que esconder essas [situações], porque você é um perdedor se não conseguir. Porque todo mundo está se perguntando o que aconteceu, e sua esposa está na fila do supermercado e não pode pagar porque um cheque voltou. Você está no filme independente de maior sucesso de todos os tempos e não consegue cuidar de seus entes queridos."

Williams acrescentou: "Sou muito grato pelo que tenho agora e por quanto lutei para conseguir isso. Mas ainda me afeta. Eu enterrei tudo isso. Grandes corporações não se importam que isso aconteça com jovens artistas. É uma porcaria. E isso precisa mudar de alguma forma. Espero que possamos ajudar alguém a entender isso: não faça o que fizemos."

Em 2000, Donahue, Leonard e Williams processaram a Artisan Entertainment após a sequência de 'A Bruxa de Blair', 'Book of Shadows: Blair Witch 2', usar filmagens de arquivo deles três sem autorização prévia. Eles chegaram a um acordo de aproximadamente US$ 300 mil.

"A Artisan Entertainment não pode mais 'usar nossos nomes e imagens para ganhar dinheiro para eles mesmos'", explicou Leonard na nova entrevista, ao que Donahue adicionou: "Eles continuam fazendo isso de qualquer maneira."

Em 21 de abril de 2023, após surgir um anúncio sobre uma nova sequência, os três atores decidiram escrever uma carta aberta no Facebook. Nela, pediram ao estúdio Lionsgate, que comprou a Artisan em 2003, que lhes pagasse "royalties retroativos e também futuros" pelo trabalho deles em 'A Bruxa de Blair'. Além disso, a carta exigia que a compensação fosse equivalente ao valor que teriam recebido através do Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA), o sindicato que representa atores nos Estados Unidos, se eles tivessem sido representados pelo grupo na época.

Por fim, o trio pediu que fosse consultado "em qualquer projeto futuro" da série cinematográfica e que a Lionsgate fizesse uma doação anual de US$ 60 mil para cineastas iniciantes em seus primeiros longas-metragens. A empresa, no entanto, ainda não se manifestou sobre qualquer acordo com os atores.

Confira o trailer de 'A Bruxa de Blair' abaixo: