A cena 'expositiva e verdadeira demais' que quase fez Robert Pattinson desistir da carreira de ator

Felizmente, a situação atual é outra. Perto de lançar seu primeiro filme em parceria com Bong Joon-ho, vencedor do Oscar por 'Parasita' (2019), 'Mickey 17', previsto para ser lançado no ano que vem, Pattinson já tem no currículo muitas obras de renome, ao lado de grandes diretores.

Esteve, por exemplo, com Robert Eggers, quando contracenou brilhantemente ao lado de uma lenda da atuação, Willem Dafoe, em 'O Farol' (2019). Também trabalhou junto de Christopher Nolan em 'Tenet' (2020). E agradou tanto David Cronenberg que o cineasta fez com o ator uma elogiada dobradinha: 'Cosmópolis' (2012) e 'Mapas para as Estrelas' (2014).

Essas pinceladas no currículo provam como Pattinson é sim um ator de verdade.

Os olhos do grande público só se abriram para ele, entretanto, quando 'Batman' (2022), de Matt Reeves, estreou. Era o retorno do Homem-Morcego após Ben Affleck ter interpretado o personagem por alguns anos durante a primeira era do Universo Compartilhado da DC Comics.

A abordagem do filme de Reeves, obviamente, era diferente dos outros títulos lançados anteriormente com o personagem; tinha uma aura meio neo-noir, com referência, por exemplo, a 'Blade Runner - O Caçador de Androides' (1982), mas ainda assim era uma história que se passava em Gotham City e com os maneirismos do universo criado nas histórias em quadrinhos.

Mas, como se sabe, até vestir o uniforme do vigilante e se disfarçar como milionário Bruce Wayne, o caminho foi longo. E os perrengues antecederam 'Crepúsculo', cujo primeiro filme data de 2008. Durante as filmagens do pouco conhecido 'Poucas Cinzas: Salvador Dalí' (2008), uma cinebiografia sobre o popular artista plástico espanhol do século 20, Pattinson chegou a cogitar jogar a toalha e desistir do seu sonho. O motivo foi bem específico: uma escandalosa cena de masturbação.

O filme, lançado poucos meses antes de 'Crepúsculo', detalha a vida adulta de Salvador Dalí, interpretado pelo próprio Pattinson, e sua relação próxima com o poeta Federico García Lorca (Javier Beltrán), seu amante por algum tempo.

Ainda que o filme não tenha atores espanhóis e nem seja gravado na língua dos personagens históricos, é uma produção que chama bastante a atenção, ainda mais quem acha que Pattinson só tinha no currículo o personagem Cedric Diggory, de 'Harry Potter' antes de 'Crepúsculo'. E ficou conhecido justamente por causa da cena em que o ator teve que performar um momento íntimo em frente às câmeras - por incrível que pareça, nada ali é simulação.

Conversando com a 'Interview Magazine', tempos atrás, Robert Pattinson - que recentemente se tornou pai - contou sobre algumas das suas experiências no set de 'Poucas Cinzas'. Ele relatou que as cenas de nudez foram muitas, mas essa, especificamente, nunca saiu de sua cabeça.

"Uma vez eu decidi desistir da atuação. Foi quando eu fiz 'Poucas Cinzas'. Eu tive que me masturbar, tipo, de verdade".

Sem CGI, sem fingimento, foi tudo real. "Minha cara de orgasmo está gravada por toda a eternidade".

Robert Pattinson parece ter levado o tal ' O Método' - técnica utilizada por alguns atores para encarnar determinado personagem interpretando-o mesmo fora de cena, marcado por artistas como Marlon Brando, Robert De Niro e Daniel Day-Lewis - bastante a sério. Quando perguntado porque não simplesmente fingiu, ele foi direto na resposta: "É que não funciona".

Pelo menos ninguém pode dizer que a cena ficou artificial...

Com o passar dos anos, o momento constrangedor deve ter ajudado Pattinson a se acostumar com sequências da mesma frequência e deve ter entrado com o espírito mais preparado no set para enfrentá-las.

Uma em 'O Farol' talvez seja o melhor exemplo. Depois de uma cena real de masturbação em frente às câmeras, uma equipe de produção e do público, não seria uma sereia que deixaria o astro desconfortável.

Assista a Robert Pattinson no trailer de 'Poucas Cinzas: Salvador Dalí', de 2008.

*Com edição de Luís Alberto Nogueira