Os dramas de Mark Ruffalo, o Hulk da Marvel: infância difícil, tumor cerebral e mortes trágicas do irmão e do melhor amigo

Infância e saúde mental

Conhecido por sua simpatia, carisma e ativismo, Ruffalo enfrentou dificuldades desde a infância, quando morava no estado do Wisconsin, EUA. A escola era vista como um desafio, já que ele sofria com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), dislexia e depressão não diagnosticados.

O convívio familiar não era dos mais simples, levando em conta que alguns de seus parentes passaram anos sem o diagnóstico correto de transtorno bipolar. Além disso, os pais de Mark se separaram enquanto atravessavam uma crise financeira.

Trágica motivação

O percurso, que não começou de forma simples, seguiu tortuoso em seus primeiros anos em Los Angeles, para onde se mudou tentando uma carreira no cinema. Ruffalo passou por, sem exageros, cerca de 800 testes até conquistar uma oportunidade. Sua motivação inabalada surgiu de um lugar obscuro, uma tragédia com a qual precisou lidar. Seu melhor amigo, Michael, cometeu suicídio.

“Ele era a única pessoa tão triste quanto eu, com quem eu podia conversar. Quando ele partiu, percebi que a morte não era uma saída, suicídio não era uma resposta. Entendi o valor da vida, e atuar virou minha forma de lidar com isso”, afirmou à Parade.

Atenção: Se você ou alguém que você conhece está lutando contra a depressão ou pensamentos suicidas, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (cvv.og.br), serviço gratuito disponível 24 horas pelo telefone 188.

Um novo choque

A vida do intérprete de Bruce Banner se estabilizou nas esferas pessoal e profissional, mas a calmaria não durou muito tempo. Já casado e prestes a se tornar pai, o ator recebeu uma dura notícia: o diagnóstico de um tumor no cérebro. Um dos alertas feitos pelos médicos era de que a cirurgia para remoção poderia ocasionar uma paralisia facial. O choque de Ruffalo foi ainda maior considerando o motivo que o levou a fazer os exames: um sonho perturbador que teve na noite anterior.

Ele manteve o diagnóstico em segredo até o nascimento de seu primogênito. Mark via a morte como uma certeza e chegou a gravar uma fita para que o filho encontrasse e assistisse quando estivesse mais velho.

A cirurgia salvou a vida do ator, mas deixou sequelas, como a paralisia facial parcial. Ele levou meses até conseguir controlar o próprio rosto novamente. Problemas cognitivos fizeram com que sua coordenação também fosse afetada. “Todos os dias, depois de chegar em casa, eu olhava no espelho para ver se meu rosto estava se mexendo, mas não estava,” afirmou à Parade. A única sequela permanente do procedimento foi a perda da audição do ouvido esquerdo.

A morte sem respostas do irmão

Scott Ruffalo, irmão do ator, morreu em 2008, em um crime que permanece sem resolução. Mark era “muito, muito próximo” dele e precisou lidar com o luto e a sensação de injustiça ao acompanhar o caso não desvendado. Ele foi encontrado morto em seu apartamento em Los Angeles com um ferimento de tiro na cabeça e uma arma na mão.

Embora a polícia tenha chegado a conclusão de que houve assassinato e suspeitos tenham sido presos, o delito não foi solucionado. Uma testemunha importante morreu durante o processo e as investigações não foram bem-sucedidas. Mark não esconde as dores relacionadas ao assunto e já declarou que apenas tenta “se acostumar. Você fica calejado, mais duro”.

Violência

As dificuldades da vida de Ruffalo fizeram com que sua carreira e personalidade se tornassem o oposto daquilo que ele enfrentou. Isso se reflete nos filmes dos quais participou. O ator prefere não se envolver com produções extremamente violentas, com armas de fogo, por ter presenciado o dano que elas causam no mundo real.

Em Los Angeles, quando morava com mais três pessoas em um apartamento, Mark relatou ter visto corpos “espalhados pela grama.” Na época, os Estados Unidos passavam por uma “epidemia” do uso de cocaína, contida com mais violência.

Ele ainda testemunhou uma morte a tiro quando trabalhava como bartender. Um policial que fazia bico como segurança do bar atirou em um homem que sacou sua arma dentro do estabelecimento. “É uma fantasia muito destrutiva, muito sexista. Nunca me interessei por isso,” Ruffalo argumentou sobre filmes baseados na violência à Reuters.

Ativismo

Além de seus trabalhos no cinema e televisão, o ator se tornou uma voz cada vez mais poderosa em diferentes causas. As lutas por ambientes mais receptivos a pessoas com transtornos mentais, uso de fontes renováveis de energia e proteção de áreas destinadas a povos originários são alguns dos exemplos. Sua caminhada por um mundo melhor, no entanto, começou em um projeto de rumos duvidosos.

Em 2010, Ruffalo criou uma fundação sem fins lucrativos chamada Water Defense. Seis anos depois, ao lado de Scott Smith, diretor de tecnologia, foi até Flint, no Michigan, onde alertou a população sobre uma suposta contaminação da água utilizada na cidade. Contudo, a informação foi desmentida por Marc Edwards, professor do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia, que também investigava a qualidade da água no local. Além disso, Smith foi acusado de possuir um conflito de interesses, já que recebia parte do dinheiro das vendas do material usado nos testes da Water Defense.

Apesar do episódio, o ator não deixou de utilizar seu alcance para tratar sobre assuntos importantes e segue como ativista ambiental. Ficaram conhecidos seus posts com posicionamento sobre questões de sustentabilidade e ecologia, principalmente a respeito da proteção da Amazônia.

Recentemente, ele também se colocou a favor da greve dos roteiristas que está impactando Hollywood, com atrasos de diversas produções, postando um vídeo diretamente de um dos piquetes.

Confira abaixo trailers de alguns dos principais filmes estrelados por Mark Ruffalo na sua brilhante carreira, com três indicações ao Oscar.

'De Repente 30'

'Os Vingadores'

'Zodíaco'

'Thor: Ragnarok'

'Spotlight - Segredos Revelados'