Sociedade

Por Redação Galileu

A ONG Peta Ásia conduziu, pela terceira vez, uma investigação sobre a indústria de coco da Tailândia, denunciando que macacos acorrentados são forçados a passar longas horas subindo em árvores para colher frutos. Um relatório sobre os maus-tratos aos primatas foi divulgado na última segunda-feira (14).

A inspeção aconteceu entre dezembro de 2021 e julho de 2022, quando os investigadores descobriram 57 operações em que os animais eram abusados. A Peta acusa a empresa de entrega de alimentos alemã HelloFresh de usar leite de coco obtido a partir do trabalho forçado dos macacos. Segundo a ONG, os animais são presos, chicoteados e espancados para colherem os frutos pesados.

Após as duas primeiras investigações da instituição, choveram críticas internacionais. O governo tailandês e as empresas que fabricam produtos de coco alegaram que os macacos não são mais usados ​​na fabricação de produtos exportados. Mas a nova averiguação indica que o abuso aos animais continua.

“Apesar de saber há anos sobre o uso desenfreado de trabalho de macacos na indústria tailandesa de coco e após novas imagens da Peta Ásia denunciarem dois de seus fornecedores de leite de coco, a HelloFresh ainda se recusa a fazer a coisa certa, transferindo sua cadeia de suprimentos para fora do mercado da Tailândia”, afirma a ONG, em comunicado.

Macacos acorrentados são forçados a passar longas horas subindo em árvores altas e colhendo cocos — Foto: Peta
Macacos acorrentados são forçados a passar longas horas subindo em árvores altas e colhendo cocos — Foto: Peta

Os fornecedores de leite de coco da HelloFresh incluem Suree e Aroy-D. Corretores nas cadeias de suprimentos de ambas as marcas admitiram aos investigadores usar trabalho de macaco. Um fornecedor dessa última, inclusive, manteve os primatas acorrentados em pneus que serviam de “abrigo” em lixões e áreas alagadas.

Macaco é preso para colher coco direcionado à fabricação de leite  — Foto: Peta
Macaco é preso para colher coco direcionado à fabricação de leite — Foto: Peta

Sequestro e maus-tratos

Um trabalhador confirmou que a maioria dos animais é sequestrada de suas famílias na natureza, mesmo que as espécies exploradas pelo comércio de coco estejam ameaçadas ou em perigo.

O proprietário de um dos locais visitados admitiu ter comprado os macacos de fazendeiros que usam redes para sequestrar filhotes selvagens, prática ilegal no país. Em uma das instalações investigadas, animais jovens que seriam treinados para colher coco eram mantidos longe de outros membros de sua própria espécie em gaiolas.

 Imagens investigativas mostram um treinador golpeando um macaco, pendurando-o pelo pescoço e depois chicoteando-o com corda — Foto: Peta
Imagens investigativas mostram um treinador golpeando um macaco, pendurando-o pelo pescoço e depois chicoteando-o com corda — Foto: Peta

Em outro recinto, os investigadores viram uma macaca acorrentada que também foi mantida longe de outros membros, sem comida ou água por perto e com pouco acesso à sombra. “Macacos em treinamento são mantidos acorrentados com coleiras rígidas de metal em volta do pescoço”, descreve a Peta.

A ONG compartilhou inclusive a imagem de um menino tentando treinar um macaco assustado, repetidamente balançando-o no ar e deixando-o possivelmente sem oxigênio (abaixo).

Menino tenta treinar macaco assustado, puxando a corrente em volta do pescoço e repetidamente o balançando no ar  — Foto: Peta
Menino tenta treinar macaco assustado, puxando a corrente em volta do pescoço e repetidamente o balançando no ar — Foto: Peta

Catadores de coco relataram ainda que os primatas às vezes quebram os ossos ao caírem de árvores ou serem arrancados delas. Um trabalhador da cadeia de suprimentos da Suree disse que os macacos são forçados a colher cocos por mais de uma década e depois passam o resto da vida acorrentados.

A Peta pede a todos, incluindo a HelloFresh, que parem de comprar leite de coco enlatado da Tailândia até que os primatas não sejam mais abusados ​​para fins lucrativos. “Os macacos são acorrentados pelo pescoço e forçados a trabalhar dia após dia, tudo para a HelloFresh e outras empresas que não têm consciência”, condena a vice-presidente executiva da ONG, Tracy Reiman.

Além da Suree e Aroy-D, a investigação vincula o trabalho de macacos a Chaokoh e Ampol Food (cuja controladora é Theppadungporn Coconut Co.), Cocoburi, Tropicana Oil, Thai Pure Coconut Co., Ampawa, Edward & Sons Trading Co., e outras marcas.

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