História

Por Beatriz Lourenço*


O navio Kasato Maru trouxe os primeiros imigrantes japoneses para o Brasil (Foto: Wikimedia Commons) — Foto: Galileu
O navio Kasato Maru trouxe os primeiros imigrantes japoneses para o Brasil (Foto: Wikimedia Commons) — Foto: Galileu

Em 1908 teve início a imigração japonesa no Brasil com a chegada do navio Kasato Maru, em Santos. Nele, desembarcavam pessoas com o sonho de construir a vida em outro país, já que, em seu lugar de origem, as tensões sociais pelo alto índice demográfico só aumentavam. O Brasil, por sua vez, necessitava de mão-de-obra para trabalhar nas fazendas de café, principalmente em São Paulo e no norte do Paraná.

Essa primeira embarcação trouxe, numa viagem de 52 dias, os 781 primeiros imigrantes vinculados ao acordo estabelecido entre Brasil e Japão, além de 12 passageiros independentes. Hoje, a cultura japonesa já integra o nosso país e está no cotidiano de grande parte da população.

Conheça cinco fatos sobre a imigração japonesa no Brasil:

1. Os primeiros japoneses
Embora o Japão tenha enviado seus primeiros imigrantes ao Brasil em 1908, eles não foram, de fato, os pioneiros por aqui. Em 1803, o barco Wakamiya Maru afundou na costa japonesa e os náufragos foram salvos por um navio de guerra russo que os levou em sua viagem. A rota passou pelo Porto de Desterro, atual Florianópolis (SC), e os estrangeiros permaneceram por dois meses em solo brasileiro.

2. O destino da imigração
No século 19, a economia do Brasil era agrícola e dependente da monocultura cafeeira. Assim, para suprir o lugar que os escravos deixaram quando foram libertos, o governo brasileiro criou os tratados de imigração. No entanto, os recém-chegados enfrentaram um duro período de adaptação por não conhecerem a língua, pelo trabalho pesado e pela cultura diferente.

Os grupos não permaneceram nas fazendas por muito tempo: contratados pela Companhia Agrícola Fazenda Dumont, por exemplo, não ficaram mais do que dois meses. Aos poucos, porém, as dificuldades foram diminuindo e a permanência ficou mais duradoura.

3. As primeiras professoras japonesas
Em 1918, as irmãs Teruko e Akiko Kumabe concluíram o magistério no Rio de Janeiro, tornando-se as primeiras mulheres japonesas a obter diplomas de professoras primárias no Brasil. Um ano depois, elas também se tornaram as primeiras imigrantes naturalizadas brasileiras.

Imigrantes no porto de Santos (Foto: Reprodução/sp.gov) — Foto: Galileu
Imigrantes no porto de Santos (Foto: Reprodução/sp.gov) — Foto: Galileu

4. Comunidade crescente
Em 1932, a comunidade nikkei era composta por 132.689 pessoas, sendo que a maioria dessas pessoas dedicava-se à agricultura. Naquela época, havia também diversas publicações em japonês com periodicidade semanal, quinzenal e mensal para que os imigrantes também pudessem ter acesso às informações. Em 2008, só o estado de São Paulo somava 1,3 milhão de nikkeis; no país todo, eram 2 milhões.

5. Cultura japonesa
Após tantos anos de convivência e contribuições, a cultura japonesa já integra o cotidiano da maioria dos brasileiros. Os sabores da culinária, a religião e até mesmo o esporte se misturaram e modificaram as antigas tradições nacionais.

A paisagem urbana também tem grande influência dos japoneses: além de trazer as belas árvores cerejeiras, a arquitetura de diversos lugares do país, como o Bairro da Liberdade, em São Paulo, e a cidade de Assaí, no Paraná, ganhou elementos típicos. Já na área das artes, foi o desenhista Claudio Seto que trouxe para o Brasil o mangá, famoso estilo de quadrinho japonês.

*Com supervisão de Luiza Monteiro

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