Saúde

Por Redação Galileu

Beber café é um hábito histórico e cultural do Brasil, que é o maior produtor de café no mundo e o segundo país que mais consome a bebida, ficando atrás somente dos Estados Unidos. A ingestão dela tem vários benefícios para a saúde, já que, apesar de a cafeína ser a principal substância do café, ele é composto por mais de 100 agentes biológicos que podem atuar de forma protetora.

Confira algumas pesquisas que mostram que, além de delicioso, tomar aquele cafézinho pode ser bom para o corpo, do intestino ao coração.

Consumir uma xícara de café (cerca de 3mg de cafeína, equivalente a uma dose forte) meia hora antes de fazer exercícios físicos pode aumentar a queima de gordura de forma considerável. É o que diz um estudo publicado no periódico Journal of the International Society of Sports Nutrition em 2021.

A pesquisa calculou a oxidação de gordura em testes aeróbicos com 15 homens com, em média, 32 anos de idade. Antes de cada exercício, realizado quatro vezes em intervalos de sete dias, os participantes ingeriram 3mg de cafeína ou um placebo, em dois horários diferentes: às 8h e às 17h. Condições como tempo decorrido desde a última refeição e atividade física, por exemplo, foram estritamente padronizadas entre o grupo.

Os resultados da análise reforçam o título mundial da cafeína como uma das substâncias mais eficazes para melhorar o desempenho esportivo: independentemente da hora do dia, o consumo do composto foi capaz de aumentar significativamente a taxa máxima de oxidação de gordura (MFO) durante o exercício. Se comparado ao turno matinal, o desempenho se mostrou ainda maior durante a tarde: 10,7% contra 29%, respectivamente.

De acordo com uma pesquisa publicada em 2022 no European Journal of Preventive Cardiology, consumir de duas a três xícaras de café — seja descafeinado, moído ou instantâneo — pode causar uma redução no diagnóstico de doenças cardiovasculares e na mortalidade, em comparação àqueles que não tomam a bebida.

Os especialistas analisaram dados do Biobank do Reino Unido e acompanharam quase 450 mil pessoas que não tinham arritmias ou outras doenças cardiovasculares no início do estudo ao longo de 12,5 anos. Os participantes tinham média de 58 anos de idade, responderam questionários sobre o nível de consumo diário de café e o tipo preferido.

Observou-se que beber de uma a cinco xícaras por dia de café em pó ou instantâneo (mas não descafeinado) foi associado a uma redução significativa nos casos de arritmias – isso significa beber de 4 a 5 xícaras de café em pó ou 2 a 3 xícaras do tipo instantâneo solúvel. O consumo cotidiano de 2 a 3 xícaras por dia também foi associado à redução no risco de doença cardiovascular (inclusive insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral isquêmico) quando comparado com quem não consome a bebida.

Um estudo da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, revelou que quem consome pelo menos uma xícara de café por dia tem menos risco de desenvolver lesão renal aguda (LRA), em comparação com quem não bebe café. A redução do risco foi de 15% para quem bebe qualquer quantidade da bebida, e ficou entre 22% e 23% no grupo que bebeu de duas a três xícaras diárias. A descoberta foi publicada em 2022 na revista científica Kidney International Reports.

A pesquisa utilizou dados de um estudo contínuo sobre doenças cardiovasculares em quatro comunidades americanas. Os pesquisadores reuniram 14.207 adultos recrutados entre 1987 e 1989 com uma idade média de 54 anos. Os participantes foram analisados sete vezes em um período de 24 anos, divididos em grupos entre quem consumia de zero a mais de três xícaras de café por dia. Durante o período do estudo, houve 1694 casos registrados de LRA.

Considerando características demográficas, econômicas, comportamentais e nutricionais, houve um risco 15% menor de LRA para os participantes que consumiram qualquer quantidade de café, comparado aos que não consumiram. Ao levar em conta comorbidades adicionais – como pressão arterial, índice de massa corporal (IMC), diabetes, uso de medicação anti-hipertensiva e função renal –, os indivíduos que bebiam café ainda tinham um risco 11% menor de desenvolver LRA em comparação àqueles que não bebiam.

Estudo revela que só a ideia de beber café pode melhorar a concentração — Foto: Unsplash/Toa Heftiba
Estudo revela que só a ideia de beber café pode melhorar a concentração — Foto: Unsplash/Toa Heftiba

Um estudo publicado na BMJ Open Diabetes Research & Care em 2020 indica que o hábito de consumir chá verde e café está relacionado a um menor risco de mortalidade entre as pessoas com diabetes tipo 2, que têm maior propensão a sofrerem com problemas circulatórios, demência, câncer e fraturas ósseas.

Cientistas acompanharam a saúde de 4.923 japoneses (2.790 homens, 2.133 mulheres) com diabetes tipo 2 por pouco mais de cinco anos. Dentre os participantes, 607 não tomavam chá verde; 1.143 bebiam até uma xícara por dia; 1.384 consumiam de duas a três xícaras; e 1.784 bebiam quatro ou mais. 994 deles não tomavam café; 1.306 bebiam até uma xícara por dia; 963 consumiam uma xícara todos os dias; e 1.660 tomavam duas ou mais xícaras.

Em comparação com aqueles que não consumiam nenhuma das bebidas, indivíduos que tomavam uma delas ou ambas pareciam ter menor chance de falecer por alguma condição de saúde. O consumo diário de uma xícara de café foi associado a um risco de mortalidade 12% menor, enquanto tomar uma xícara por dia pareceu reduzir essa chance em 19%. Beber duas ou mais xícaras diariamente, por sua vez, indicou um risco de mortalidade 41% menor.

Um estudo realizado por pesquisadores dos Estados Unidos em 2019 mostrou que tomar café regularmente pode fazer bem para o intestino, já que a cafeína melhora a saúde dos microrganismos que vivem no trato digestivo.

Durante exames endoscópicos realizados em 34 pessoas, os cientistas coletaram amostras de bactérias intestinais do cólon, a parte central do intestino grosso. Os participantes que beberam dois ou mais copos de café por dia durante um ano tinham microrganismos intestinais em maior quantidade e melhor distribuídos pelo intestino. Tinham também menos chances de desenvolverem bactérias Erysipelatoclostridium, ligadas à obesidade.

A pesquisa tem uma hipótese: componentes do café, como a cafeína, impactam o metabolismo das bactérias. O café tem antioxidantes e compostos bioativos chamados de polifenóis, que podem estar por trás dos benefícios da bebida no intestino. Esses benefícios, de acordo com os cientistas, também são absorvidos com o consumo de outros alimentos.

A influência do café é tão forte que, só de pensar nele, ocorre uma melhoria no nosso foco. Uma análise publicada em 2019 no periódico Consciousness and Cognition sugere que isso acontece com aqueles que relacionam a bebida com produtividade, foco e ambição.

A pesquisa surgiu da percepção dos pesquisadores de que culturas onde beber chá é mais comum, como no Japão e na China, por exemplo, o pensamento sugestivo do café não era mais efetivo do que do outro tipo de bebida.

O estudo foi feito com uma amostra pequena de voluntários, mas a equipe acredita que os resultados são significativos, e aponta para o fato de que, ao ingerir café, o fator psicológico também conta para seu efeito, e não apenas o fisiológico. Isso quer dizer que a agitação despertada pela ingestão do café também pode vir de pensamentos e expectativas sobre o café, além da quantidade real de cafeína na bebida. Segundo os cientistas, a forma como cada um representa mentalmente um comportamento e atividade pode mudar o grau de motivação que uma pessoa terá realizando essa ação.

O café tem ainda uma história interessante. Assista no vídeo abaixo:

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