Nova pesquisa revela que CRISPR pode ajudar na cura da cegueira hereditária

A terapia envolveu uma única injeção de um medicamento de edição de genoma CRISPR/Cas9 no olho de 14 pacientes selecionados, que apresentaram melhora na visão

Por Redação Galileu


Jason Comander, MD, Ph.D., realiza o procedimento para administrar o medicamento baseado em CRISPR como parte do ensaio BRILLIANCE em setembro de 2020, no Mass Eye and Ear Mass Eye and Ear

Um estudo clínico editou os genes CRISPR em 14 pessoas com cegueira hereditária. Destas, 11 relataram melhorias na visão após procedimento, ocorrido em setembro de 2020. Esses resultados mostram que esse tratamento pode ser um método seguro e o potencial da terapia para tratar condições incuráveis, de acordo com estudo publicado no início de maio na revista The New England Journal of Medicine.

A pesquisa faz parte do projeto BRILLIANCE, liderado por Eric Pierce, do Mass Eye and Ear. Para realizá-la, foram selecionados participantes com uma forma de amaurose congênita de Leber (LCA) causada por mutações no gene CEP290, uma doença genética rara responsável pela perda de visão desde o nascimento ou nos primeiros meses de vida, levando à degeneração dos fotorreceptores.

Entre os 14 selecionados, 12 eram adultos (17 a 63 anos) e, dois, crianças (10 e 14 anos), que nasceram com a mutação genética e receberam uma única injeção de EDIT-101, uma medicina de edição de genoma CRISPR/Cas9, em um olho através de um procedimento cirúrgico especializado. O estudo focou principalmente na segurança, com uma análise secundária de eficácia, incluindo o primeiro paciente a receber uma medicina CRISPR diretamente no corpo.

A segurança dos pacientes era a principal preocupação da equipe — Foto: Mass Eye and Ear

"Ouvir de vários participantes o quão felizes eles estavam por finalmente conseguirem ver a comida em seus pratos — isso é muito significativo. Essas eram pessoas que não conseguiam ler nenhuma linha em uma tabela de visão e que não tinham opções de tratamento, o que é a triste realidade para a maioria das pessoas com distúrbios retinianos hereditários”, conta Eric Pierce, diretor do Instituto de Genômica Ocular e do Laboratório Berman-Gund para o Estudo de Degenerações Retinianas no Mass Eye and Ear e na Harvard Medical School, em comunicado.

Pierce destaca que os resultados iniciais são promissores, embora mais pesquisas sejam necessárias para identificar quem pode se beneficiar mais. Não foram relatados eventos adversos graves ou toxicidades limitantes de dose no estudo.

Os pesquisadores avaliaram a eficácia do tratamento com base em quatro medidas: acuidade visual corrigida (BCVA), teste de estímulo de campo visual escuro-adaptado (FST), navegação de função visual (VNC), que foi medida por um labirinto, e qualidade de vida relacionada à visão.

Onze participantes apresentaram progresso em pelo menos um dos resultados, e seis mostraram avanços em dois ou mais. Quatro tiveram um aprimoramento clínico significativo na BCVA. Seis tiveram avanços significativos na visão mediada por cones, responsável pela visão diurna e central, conforme indicado pelos FSTs, e cinco deles também melhoraram em pelo menos um dos outros três resultados.

"Os resultados do estudo BRILLIANCE fornecem prova de conceito e aprendizados importantes para o desenvolvimento de novos e inovadores medicamentos para doenças retinianas hereditárias. Demonstramos que podemos fornecer com segurança uma terapia de edição de genes baseada em CRISPR para a retina e ter resultados clinicamente significativos", diz Baisong Mei, MD, Ph.D., Diretor Médico, Editas Medicine.

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