Arqueologia

Por Redação Galileu

Arte, ciência e história se misturam em um recente trabalho realizado pelo Museu da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), na Noruega. No mês passado, a instituição divulgou através do Facebook um modelo 3D em tamanho real de uma idosa que viveu há cerca de 800 anos

Apresentado pela arqueóloga Ellen Grav, da NTNU, o vídeo mostra uma mulher que nasceu em Trondheim, cidade norueguesa, no final do século 13 e foi trazida de “volta à vida” pelas mãos de alguns designers e cientistas. A anciã foi batizada de Tora.

O modelo realista é uma reconstrução esculpida em tamanho real e baseada no esqueleto de Tora, encontrado em uma escavação em 1970. “Passamos muito tempo pensando em como retratá-la. Nós utilizamos informações que já sabíamos e adivinhamos o resto”, conta Grav em comunicado.

Uma velhinha medieval

Tora nasceu perto do final dos anos 1200 e viveu em Trondheim. Segundo o museu, nessa época, a metrópole medieval crescia rapidamente e atingiu seu auge durante a Idade Média sendo habitada por muitos artesãos e comerciantes.

Com base no local onde a mulher foi enterrada, os especialistas acreditam que ela pode ter feito parte de uma família de comerciantes. Por meio de pistas sobre o local onde o esqueleto foi exumado, os especialistas conseguiram construir uma história.

De acordo com os cientistas, Tora era baixa, com 1,55 cm de altura, tinha osteoartrite, problemas nas costas e nos quadris e perdeu alguns dentes ao longo de sua vida. Eles também descobriram que a mulher tinha mais de 65 anos quando morreu, o que era uma idade avançada em uma época em que a maioria das pessoas vivia entre 40 e 50 anos.

“O fato de ela ter envelhecido tanto significa que ela recebeu uma boa alimentação na infância e pelo resto da vida, o que indica que a mulher era rica”, explica a arqueóloga.

Modelo em 3D

Para a reconstrução, Grav trabalhou com Thomas Foldberg, um maquiador de efeitos especiais da indústria cinematográfica, para tornar a mulher a mais realista possível. Em entrevista à Live Science, a cientista conta que, ao contrário de muitas reconstruções faciais que envolvem o uso de raios-X ou tomografia computadorizada, neste trabalho Foldberg se baseou apenas no esqueleto de Tora.

Foi usado silicone para fazer a pele e as manchas foram pintadas a mão. “Cada fio de cabelo nas sobrancelhas, cílios e pelos faciais foi colocado um por um. É um trabalho artístico realmente incrível”, relata Grav.

Para a reconstrução o museu contou com o auxílio de um maquiador cinematográfico — Foto: Reprodução/Lena Erikke Hatland
Para a reconstrução o museu contou com o auxílio de um maquiador cinematográfico — Foto: Reprodução/Lena Erikke Hatland

As roupas ficaram sob a responsabilidade de Marianne Vedeler, professora do Departamento de Arqueologia da Universidade de Oslo. O vestido foi inspirado em achados da época em que a mulher viveu, reconstituindo a moda medieval adequada. Todo esse trabalho durou cerca de um ano.

Todos os detalhes foram meticulosamente trabalhados — Foto: Reprodução/Lena Erikke Hatland
Todos os detalhes foram meticulosamente trabalhados — Foto: Reprodução/Lena Erikke Hatland

Quanto à expressão amigável escolhida, Gray conta ao site americano que decidiram fazer desta forma para criar uma conexão do humano medieval com o público atual. "As pessoas sempre tendem a pensar que a idade medieval foi sombria e pesada, mas também havia alegria e felicidade, as pessoas se amavam e algumas até viveram uma vida longa”, completa.

A cientista finaliza explicando que o fato de não conhecerem com 100% de certeza a origem de Tora pode atrair algumas críticas para o museu, no entanto, ela defende que há beleza em adivinhar, fantasiar e se deixar fascinar de que ela poderia ser assim.

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