Comportamento

Por Jennifer de Carvalho

Com a construção civil presente na sua vida desde a infância, Geisa Garibaldi passou por uma grande referência materna, oficinas e dificuldades com recursos até fundar seu empreendimento: a Concreto Rosa.

Dentre as filosofias do projeto, uma delas é gerar oportunidades para mulheres na construção civil, a partir de diálogos e estratégias para transformar esse setor em um espaço igualitário. Em uma área com tantas vertentes, para Geisa, o segmento é uma possibilidade de todos serem aliados.

Construindo os primeiros passos

Até a oficialização da Concreto Rosa, no Rio de Janeiro, Geisa passou por momentos que a inspiraram ainda mais no desenvolvimento de seu projeto. Sua mãe foi a maior referência: “ela era empregada doméstica, não tinha letramento, e construiu a nossa casa”. Na época, por não ter muito dinheiro para comprar materiais, Geisa lembra que sua mãe foi fazendo a obra aos poucos.

Somada a sua referência materna, a inclinação em ser uma pessoa que já gostava de fazer reparos, pintar ou trocar o chuveiro, também foi um grande estímulo para empreender.

“Sempre gostei de decoração, de plantas e de ter uma casa com conforto e qualidade, porque quando criança, eu vi o meu lar se transformando. Então, vi que é possível mudar a nossa realidade”, relata.

Após sair da Baixada Fluminense, realizou um curso do projeto Mão na Massa que, no final, as participantes ganhavam ferramentas. “Fiz um panfleto, criei uma página no Facebook e comecei a divulgar meu trabalho. Então, com dois reais no bolso e uma ideia na cabeça, surgiu a Concreto Rosa, oficializada em 2015”, conta Geisa.

“A Concreto é rosa, mas a pele é preta”

Algo que dificultou o processo de seu negócio foi não ter um valor para investir. “Por isso, falo de se entender a potência que é: eu sou a base da pirâmide, mulher preta, mas 'meti as caras'”, diz.

A Concreto Rosa também faz parte de oficinas que oferecem capacitações para mulheres trabalharem no setor da construção civil — Foto: Concreto Rosa / Divulgação
A Concreto Rosa também faz parte de oficinas que oferecem capacitações para mulheres trabalharem no setor da construção civil — Foto: Concreto Rosa / Divulgação

No meio da trajetória, ela também percebeu diferenças em relação a patrocínios. Quando os aportes financeiros são voltados para mulheres brancas, o tratamento é outro, mas quando são para pretas, ela destaca como “parece que estão fazendo favor”. Aliás, vale ressaltar que essa questão não se trata de rivalidade feminina.

“Acredito nas micropolíticas e nos movimentos orgânicos. Claro que poderia ser mais fácil, porque não romantizo. Mas não vejo as ausências, vejo as potências”, ressalta Geisa.

Construção para somar

Algo lembrado pela fundadora é como as pessoas ainda se impactam com o fato da mulher entender sobre ferramentas de construção civil e estar a frente de lugares desse setor. “Se precisa de um serralheiro, vou buscar uma serralheira. Marcenaria? Também”, aponta.

Em seu time, há uma composição de engenheiras, arquitetas, eletricistas, pintoras, entre outras profissionais. Os serviços atendem desde reparos residenciais, instalações e manutenções hidráulicas e elétricas, design de interiores e decoração. Além disso, a Concreto Rosa faz parte de capacitações e palestras voltadas para o ramo.

Geisa lembra que a Concreto Rosa também já serviu de inspiração para outras pessoas criarem seus empreendimentos — Foto: Concreto Rosa / Divulgação
Geisa lembra que a Concreto Rosa também já serviu de inspiração para outras pessoas criarem seus empreendimentos — Foto: Concreto Rosa / Divulgação

Mas algo ressaltado por Geisa é que homens também não deixam de ser atendidos. "Queremos construir juntos e fazer parte das tomadas de decisões. Ainda estamos engatinhando nesse processo para falarmos que conseguimos tal posição. Conquistamos na marra. Mas não conseguimos desconstruir o machismo se não chamarmos eles para o diálogo", comenta.

O desejo de contribuir com mudanças efetivas

O que também motiva a inclusão de mais mulheres nesse mercado é o fato de muitas estarem em casa, sem perspectiva e, por vezes, vivendo um relacionamento abusivo. “A maioria são mulheres negras e trans, e aí estamos falando sobre como conseguimos contribuir com mudanças efetivas”, diz.

Para Geisa, “autonomia” foi a palavra que sempre a proporcionou uma intuição para suas decisões e escolhas — Foto: Concreto Rosa / Divulgação
Para Geisa, “autonomia” foi a palavra que sempre a proporcionou uma intuição para suas decisões e escolhas — Foto: Concreto Rosa / Divulgação

Geisa lembra que existem mulheres realizando grandes movimentos há muito tempo. “Não queremos ser caladas e silenciadas. Estamos aqui e ponto. Não queremos brigar, só ter um espaço para todo mundo”, aponta.

A fundadora da Concreto Rosa compreende como esse movimento coletivo é importante para entender a confiança que uma mulher tem com a outra e ressalta que a qualidade de uma casa é essencial para auxiliar na saúde dos próprios moradores.

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