Por Felipe Martins

Divulgação/TV Liberal

No mês do Orgulho, o É Do Pará apresentou a história de diversos artistas LGBTQIAPN+ paraenses que brilham na cena musical paraense. A diversidade nos palcos, nas boates, nos barzinhos da capital e ainda uma receita especial no quadro “Hora da Broca”.

Tainá Aires bateu um papo com esses artistas sobre carreira, lançamentos, preconceitos vividos, superação, relacionamentos, as culturas plurais dentro da comunidade, a força da diversidade, quem andou para que os artistas de hoje pudessem correr, ou seja, tudo o que alimenta o “mundinho” LGBTQIAPN+.

Um nome que dispensa apresentações, Eloi Iglesias, considerado um ícone da cultura paraense e uma referência quando o assunto é diversidade. Natural de Belém, especificamente, do bairro do Reduto, o cantor conta que: “não nasceu, estreou!”, e existe uma justificativa para essa frase: “Eu nasci, dia, hora, mês e ano que a Carmen Miranda morreu, mas sabe que artista tem que agregar coisas, que na verdade, eu não ia perder uma história dessa, um momento desse, uma sincronicidade do universo, com a minha carreira.” disse sem a intenção de substituí-la.

O artista era uma criança que gostava de "poetar", cantar, dançar, de “frescar”, em sua casa tinha violão, logo não perdia a oportunidade de se expressar. Começou a fazer teatro na Sociedade Artística Internacional, onde se apresentavam grandes ídolos e divas. E o desejo de subir aos palcos surgiu quando fazia muitos trabalhos da Maria Minhoca com o grupo Experiência. Na década de 80, iniciou a carreira de shows com uma banda, uma época que falava muito da onomatopeia, de sons de gibi.

Eloi Iglesias em entrevista para o É Do Pará - É do Pará - TV Liberal — Foto: Divulgação/TVLiberal

“Tínhamos um carro velho, e em uma viagem para Salinas, foi onde aconteceu o ‘Pecados de Adão’, na praia do farol velho, era uma música que eu nem achava que eu era ‘rock and rool’, eu falava muito sobre sexualidade” disse. A música foi um sucesso pelo Brasil durante o verão na época.

A “Festa da Chiquita”, uma tradicional festividade paraense, foi uma idealização audaciosa para época. Segundo o cantor, teve início na década de 70, quando o teatro tinha força em Belém, numa época em que tudo acontecia ao redor do Theatro da Paz, do Teatro Waldemar Henrique e do bar do parque na época do carnaval. “A gente criou um bloco em que as pessoas cultuavam Carmem Miranda, e a gente dava uma volta cantando, esse bloco saía todo domingo, e era na praça da república.” contou.

Atualmente, a festividade acontece depois da procissão da Transladação do Círio de Nazaré. E o artista conta o motivo da festa sair da época de carnaval e ser inserida no mês de Outubro. “O Círio é da rua, sempre foi da rua, é o único momento que o Pará tem uma visibilidade que atravessa as fronteiras. (...) Hoje a festa, vai fazer 49 anos, a festa é um produto, já internacional.”, afirmou.

Diante da representatividade LGBTQIAPN+, Iglesias conta que a festividade é uma manifestação com uma diversidade de culturas sobre essa temática. “Ali está a cultura, por exemplo, quando a gente fala de cultura LGBTQIAPN+ tem várias culturas, a cultura trans, das mulheres, das drags, das mais antigas, por isso vai surgindo várias letras, tem coisas específicas. Então ali, é um palco aberto.” contou.

De Ourém para o mundo, Scarlety Queen, cantora e drag queen performada pelo intérprete criador Carlos Henrique, teve seu primeiro contato com a arte drag, na infância, quando avistava as drag queens em carros alegóricos nos carnavais da cidade, todas montadas, cheias de plumas, porém não conhecia sobre a temática. Com o tempo, tendo como inspiração, a cantora Pabllo Vittar, uma das maiores drags queens do Brasil e com reconhecimento mundial; Scarlety se encontrou como artista. O nome de drag, surgiu de um bullying que sofria em sala de aula, com isso, apoderou-se dessa nomenclatura.

Scarlety Queen em entrevista para o programa - É do Pará - TV Liberal — Foto: Divulgação/TV Liberal

“Ser Scarlety é uma forma de escudo, uma forma de poder (...) porque quando eu me monto e eu entro no meu ser drag, até a minha personalidade muda”, afirmou.

No começo, a dona do hit “Prepara e trava”, afirma ter sofrido discriminação por ser gay e drag queen no âmbito familiar, mas com o tempo foi acolhida e respeitada. “A gente que é Drag, a gente sai do armário duas vezes, porque tem que sair do armário quando se assume gay e também como drag”, disse. Na vez em que assumiu ser drag queen, passou por momentos sensíveis. “Fui expulso de casa, eu morava com a minha avó, e comecei a morar com a minha mãe biológica. Mas conforme eu fui trabalhando, hoje em dia, eu tenho o apoio de todos eles”, afirmou.

Saiu de Ourém para a capital com uma drag e um sonho: ser reconhecida pelo seu trabalho. Começou do zero, sem conhecer ninguém, com uma condição financeira estável, trabalhou em casas de família, garçom, empresa de personagens, que enfim se aproximou da vida artística. “Hoje eu posso dizer que Scarlety Queen é o meu trabalho, no palco, por trás da câmera, gravando música, seja o que for fazendo. Eu consigo acordar todos os dias com a direção de que eu tô trabalhando e vivendo o meu sonho.” contou.

“Ser drag queen brasileira é resistência, porque se a gente tá nesse ‘corre’, é porque a gente quer muito, de verdade, porque é muito pouco valorizado, infelizmente. E ser drag queen, aqui no norte, é o dobro de resistência, porque a gente sabe o quanto precisamos lutar, pra nossa arte sair daqui, sair fora da bolha. Sem sombra de dúvidas a palavra que define ‘o que é ser drag queen? É ser resistência’.” disse.

Direto do bairro do Telégrafo, Julia Passos, cantora e compositora, afirma que o lugar é conhecido como o bairro dos artistas. Vindo de uma família de músicos, bisavô era flautista transversal, amante das artes cênicas e visuais, principalmente da música, uma mãe cantora profissional e tios na mesma frequência, Júlia se encontrou como cantora. Com 13 anos, começou a cantar na noite de Belém, aos 15, fez parte de uma banda chamada “Baile” e fez voz e violão, segura do que queria para a vida.

Julia Passos falando sobre a sua carreira - É do Pará - TV Liberal — Foto: Divulgação/TV Liberal

“Hoje eu tenho meu trabalho solo, com uma banda inclusive que é 100% feminina, estou há 3 anos no mercado autoral, lançando as minhas próprias músicas, meus trabalhos, venho de uma carreira de 12 anos profissional.” disse.

Em 2023, a cantora venceu o “Prêmio Amazônia de Música” com a canção autoral “Paraoara” , lançada em 2022, e também performada do programa É do Pará no mesmo ano. Atualmente, “Viro Onça” em parceria com a cantora Naieme é a sua música de sucesso.

Segundo a cantora, ao longo de sua carreira, lidou com muitos preconceitos na noite, em barzinhos, nos shows por ser LGBTQIAPN+. Fugindo dos estereótipos, a cantora acredita sofrer uma pressão diante das narrativas criadas em cima de uma pessoa. “O estereótipo é tanto pro artista, quanto para o LGBTQIAPN+, cria-se na cabeça das pessoas que artista é assim, e lgbt é assim, junta os dois e só pode ser uma coisa.” afirmou.

Atualmente noiva, a cantora, reconhece seus privilégios em que a família de ambas aceitam e vivem harmoniosamente com essa relação, diferentemente da realidade de muitos outros da comunidade. “Então eu olho pra isso com muito mais gratidão, e faço disso algo muito maior, porque eu olho pro meu relacionamento, eu olho pra naturalidade que eu trato ele, que é como eu vejo o mundo, como eu quero que o mundo veja o amor LGBTQIAPN+ e levanto a bandeira mesmo.” contou.

Ducileia Pinheiro e Tainá Aires no "Hora da Broca" - É do Pará - TV Liberal — Foto: Divulgação/TV Liberal

E no quadro “Hora da Broca”, Ducileia Pinheiro, cozinheira, com o preparo do “Bolinho de Filhote” uma receita prática e saborosa, um filhote com temperos que acrescentam um sabor especial no preparo como alho, sal, limão e cebola. Veja o passo a passo no site Receitas.

Reveja o É do Pará sobre Artistas LGBTQIAPN+ paraenses

É do Pará: Artistas LGBTQIAPN+ paraenses - Bloco 1

 É do Pará: Artistas LGBTQIAPN+ paraenses - Bloco 1

É do Pará: Artistas LGBTQIAPN+ paraenses - Bloco 1

É do Pará: Artistas LGBTQIAPN+ paraenses - Bloco 2

 É do Pará: Artistas LGBTQIAPN+ paraenses - Bloco 2

É do Pará: Artistas LGBTQIAPN+ paraenses - Bloco 2

É do Pará: Artistas LGBTQIAPN+ paraenses - Bloco 3

É do Pará: Artistas LGBTQIAPN+ paraenses - Bloco 3

É do Pará: Artistas LGBTQIAPN+ paraenses - Bloco 3

Não perca o programa É do Pará, às 11h45, todo sábado, após o É de Casa, na TV Liberal.

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