Um Concerto para o Bioceno, ou melhor, um convite para uma nova era que coloca a vida no centro.
Um Concerto para o Bioceno, Eugenio Ampudia

Um Concerto para o Bioceno, ou melhor, um convite para uma nova era que coloca a vida no centro.

Hoje essa imagem me veio como um raio que não saia da minha cabeça. Eu lembrava dela da época do lockdown quando foi divulgada, mas não parei de procurá-la dentro da minha memória e das referências até achar. Viva o repertório acumulado, não é!

"Concerto para o Bioceno" por Eugenio Ampudia. Um nome de obra maravilhoso, que faz uma ode ao bioceno.

Aliás, a obra vem com um subtítulo tão especial quanto o título: "Concerto para plantas como proposta simbólica de uma mudança de paradigma"

Basicamente, o artista propõe uma reformulação do presente (não do futuro, mas do agora) com um novo compromisso eco-social.

Bioceno é um conceito que substitui a ideia do Antropoceno que define a mais recente história de deterioração do nosso planeta pelo impacto do homem. O tal do homem no centro. O Bioceno nos convoca para um novo paradigma que é o início de uma nova era que coloca finalmente, a vida no centro.

Fiquei revendo essas imagens tão potentes e com tantas camadas de significados que não pude deixar de fazer algumas reflexões sobre a ideia de regeneração, cultura e marcas.

Um Concerto para o Bioceno. Vista para o palco

1) a ideia de totalidade: Visão Sistêmica e Integral

É explícita a sensação de completude, interconexão dos ecossistemas e as relações harmoniosas entre todos os elementos. Vemos o todo, as partes, tudo interconectado. É visão sistêmica integrada na prática. Além da própria diversidade. O maior exemplo de diversidade reside na natureza, que olha para ela com resiliência e adaptabilidade. Uma planta soma-se à outra e o todo de um conjunto garante uma visão plural, diversa e ao mesmo tempo total.

2) a ideia de evolução e adaptação

A natureza se desenvolve. Ela aqui é cuidada, honrada e coloca em pé de igualdade à um possível espectador humano. Ela está sendo nutrida por uma arte sonora e visual ao mesmo tempo do espaço que a acolhe. Dá pra pensar aqui em temas como desenvolvimento, evolução, capabilities em geral.

3) a ideia de essência

A essência carrega a identidade, caráter e autenticidade de uma pessoa. Aqui nessa obra, ecoa a essência de cada planta, de cada músico e de cada nota musical dentro de um ritmo que parece ser perfeito. 

4) a ideia de potencial

Como cada planta com seu ponto de vista desbloqueia oportunidades e vira o elemento central protagonista mesmo quando ocupa um lugar mais periférico. Seu potencial é enorme, em qualquer lugar e é através da criatividade e da inovação que cada planta se "exibe" da platéia invertendo o eixo do palco cenico e criando novas avenidas de protagonismo.

5) a ideia de reciprocidade

Relação "ganha-ganha". As plantas ganham um concerto, os artistas ganham uma experiência única e o teatro,  uma noite icônica e memorável para sua história. É a ideia de rede que se incentiva e colabora entre si buscando relacionamentos equilibrados.

6) a ideia de nodal

Se uma planta adoece, pode influenciar todo o ecossistema. Ou, se um músico desafina ou erra a partitura, o concerto desanda.  Essa ideia reconhece que as intervenções em pontos nodais podem influenciar todo o sistema.

7) a ideia de organização

Todas as espécies estão interconectadas, dentro de uma complexidade de hierarquia de relacionamentos. Qualquer movimento nesta "organização" movimenta o todo que precisa se reacomodar. é sobre resiliência e adaptação também.

Tenho certeza que em alguma medida você vive estes conceitos no seu dia-a-dia. Se não vive, deveria. A conscientização deles já é um passo pra facilitar a chegada do bioceno, uma nova era que coloca vida no centro. Topa entrar nessa também? 🌳


Vista aérea do Concerto para o Bioceno


Un Concerto para el Bioceno - video

#RegenerativeSystem #DesignRegenerativo #RegenerativeFutures


Lais Hauschild Cobra

Estratégia, Branding. Consultora independente

3 m

Que coisa mais linda, n conhecia!

Franklin Lopes

Cultural Research Director - Founder & Partner na Zodiaco Cultural Strategy

3 m

Lendo seu texto, não pude deixar de lembrar de três livros: - Nature as Teacher, do Viktor Schauberger: O autor é um dos primeiros ambientalistas a falar de mudanças climáticas. Neste livro ele faz uma critica profunda à ciência moderna e traz visões importantes para que possamos repensar nossa relação com a natureza. - O despertar de tudo, do David Graeber: Este livro me ajudou a entender o papel e a relevância da cosmovisão dos povos originários na construção do pensamento moderno. - The Necessity of Art, do Ernst Fischer: Um livro lindamente escrito que fala da importância da arte para nos reconectarmos com o mundo e nos sensibilizarmos com a magia e a beleza que se coloca diante de nós. Acho que são livros que dialogam muito com suas reflexões. Recomendo a leitura. Forte abraço.

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