O que vi em Davos este ano

O que vi em Davos este ano

No meio de janeiro estive mais uma vez em Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial. Escrevo somente agora pois emendei a ida a Davos com merecidas férias com a família. De qualquer forma, o Fórum ainda é tema quente porque é lá que se tecem as previsões para o ano todo. E, embora nem sempre os consensos se mostrem verdadeiros, as discussões que acontecem nessa simpática cidade dos Alpes suíços são importantes para entender o mundo de hoje e planejar o futuro próximo. Fora os encontros que acontecem nos eventos paralelos ao Congresso principal, que reúnem lideranças importantes de governos, empresas e terceiro setor.


Mas, afinal, o que significa Davos e por que esse evento é tão importante? O nome da cidade é uma forma abreviada para se referir ao Fórum Econômico Mundial. Criado em 1971 pelo economista alemão Klaus Schwab, no princípio a ideia era reunir apenas empresários americanos e europeus. Ao longo dos anos, o evento cresceu e acabou se tornando o ponto de encontro da elite mundial, onde se discutem os problemas globais, com temas que variam dos clássicos econômicos à tecnologia e sustentabilidade. Daí sua importância: em uma única semana, líderes do mundo todo, de todos os setores, se encontram para debater as questões mais relevantes do momento.

 

Como tudo no mundo polarizado atual, Davos divide opiniões. Ambos os lados do espectro político/ideológico têm suas teorias da conspiração e as adaptam para as narrativas que lhes convêm. Em quase todas, Davos não passa de uma reunião de homens ricos e poderosos tramando em segredo como manipular o mundo e a vida das pessoas. Para mim, ir a Davos é uma oportunidade única de entender as principais tendências e discussões globais que vão impactar a economia e os negócios no próximo ano. E, em um intervalo de poucos dias, ter reuniões com gente e empresas do mundo inteiro gastando só uma passagem. Produtividade é isso!

 

Esse foi o meu terceiro ano no evento. Se em 2019 os temas principais eram ESG, mudanças climáticas e desigualdade, em 2022 os temas mais urgentes eram decorrentes dos fatos que abalavam o mundo naquele momento, como a Guerra na Ucrânia, crise energética e o mundo pós-pandemia (aliás, em 2020 e 2021 não houve evento por causa da Covid-19). Agora, em 2023, as discussões foram mais sóbrias e os temas dos anos anteriores – crise energética, meio ambiente e inflação – voltaram de forma mais madura.

 

O sentimento geral este ano foi mais positivo. Os preços de energia estão diminuindo, o crescimento é melhor do que o esperado, a Covid ficou para trás e a inflação parece ter atingido o pico. Apesar do tom mais positivo, o consenso é que as taxas de juros sigam altas por mais tempo por conta da inflação, escassez de trabalhadores e preços de energia e commodities em patamares mais altos em decorrência do esforço de descarbonização do planeta.

 

Se falou de um “mundo 4/4/4”: 4% de desemprego, 4% de crescimento do PIB e 4% de taxas de juros. A abertura da China, os impactos nas exportações da Rússia e da Ucrânia por causa da longa guerra e os desafios dos investimentos sustentáveis num mundo cada vez mais preocupado com a mudança climática – sempre o tema mais importante do Fórum na última década – foram outros relevantes tópicos.

 

Em relação ao mundo crypto, o tom também foi mais maduro. Os caminhos da regulação mundo afora foi o tema mais abordado e, para minha surpresa (estava mais otimista nesse ponto), a expectativa geral é que a regulação nos Estados Unidos não avance neste ano. Por outro lado, falou-se muito sobre o marco regulatório no Brasil e avanços similares em países como Inglaterra e Singapura.

 

A necessidade do amadurecimento do setor após as mazelas vividas em 2022, em especial a quebra da FTX, também foi assunto importante. A convergência da colaboração entre empresas nativas de crypto e empresas tradicionais segue em curso e a narrativa anarco-utópica original de crypto tem cada vez menos espaço. Por fim, os desdobramentos de crypto como tecnologia e os avanços da infraestrutura estiveram presentes na maioria dos debates. Há muita coisa a ser construída e a indústria está cada vez mais preparada para isso.

 

Abraços e até o próximo Crypto Insights!

 

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#Davos #FórumEconômico #2023 #Expectativas

Como participar do World Economic Forum? Somente os convidados tem acesso?

Gostei da análise global do evento, abordando as diferentes esferas da economia mundial de uma forma prática e completa. Obrigada!

Em 2020 não tínhamos nenhuma empresa de crypto la. Maio do ano passado, Promenade estava repleta de crypto companies. Fiquei positivamente surpreso de ver muitas foram novamente esse ano, mesmo depois do crypto winter. Veremos como 2024 será.

Gab Piumbato

Alquimista das palavras | Elevo a sua reputação no LinkedIn com escrita antifrágil | Chief Poetry Officer | Consultoria e Mentoria para Carreira e Negócios | Posicionamento Estratégico | Top 1% SSI | XBA

1 a

Essa fileira de 4s me lembrou o filme do Abel Ferrara... Esperemos que o nosso destino não seja este...

Mariana Braoio

Product Marketing | SaaS • Digital Assets • Martech • Rayls • WEB3

1 a

concordo plenamente! 2023 será o ano de crypto se unindo com finanças tradicionais e desenhando os próximos passos! obrigada pela reflexão Andre Portilho

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