Impact First na prática: conheça o Vale do Mel

Impact First na prática: conheça o Vale do Mel

Aqui na Bemtevi nós trabalhamos com um espectro bem específico de negócios sociais: os que priorizam o impacto – seja ele ambiental ou social. A gente acredita que esse tipo de empreendedorismo traz uma forte mudança na dinâmica do negócio e nas relações humanas. Um bom exemplo vem do Piauí, estado que, segundo recente pesquisa de Daniel Duque, da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), teve aumento de 5,3 pontos nos índices de pobreza estipulados pelo Banco Mundial, passando de 41,1% em 2019 para 46,4% em 2021.

Se o cenário social já não é privilegiado na região, o ambiental não fica para trás. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), revelou em pesquisa recente que até 1º de agosto a Caatinga sofreu com mais de 2.130 focos de incêndio, uma alta de 164% em relação ao mesmo período de 2020. Em 2021, o Piauí foi o Estado com mais focos de incêndio (32,3%). Com isso, segundo o Map Biomas, restam apenas 46,5% da vegetação nativa original.

E é por lá, na região chamada de Canto do Buriti, que desde 2017 atua o Instituto Anjos do Sertão, braço social de uma empresa com o mesmo nome, com o objetivo de promover benefícios sociais e ambientais, levando renda e estimulando a proteção e a regeneração ambiental através do empreendedorismo. Criado por três membros de uma família que mora na capital paulista (mas já está preparando as malas para se mudar para o Piauí), o Instituto identificou diversas aptidões na região e vem há anos trabalhando com frutos como o caju, por exemplo. Mais recentemente, há alguns meses, eles decidiram também atuar com o mel, e nos procuraram.

“Nosso objetivo era que a Bemtevi entrasse no instituto e olhasse como a gente organizaria essa parte do mel como um negócio social”, conta Tatiana Correa da Fonseca.

E, de fato, trabalhar nesta organização é uma das nossas expertises, além de ser o desafio enfrentado pela grande maioria dos negócios sociais. Um estudo do PipeSocial nos ajuda a entender a importância dessa atuação, indicando que 76% dos negócios sociais estão em fase de organização ou anterior, e 67% deles buscam doações e empréstimos. É por isso que hoje temos uma equipe experiente que trabalha conosco na identificação, avaliação e atuação dos negócios com os quais atuamos. 

Lá no Piauí, a Tatiana e a sua família perceberam dois fatores que os fizeram desejar trazer a transformação socioambiental tendo o mel como produto: “As pessoas dos povoados ficam nas mãos de atravessadores, que não deixam uma boa renda para o apicultor. Além disso, para ganhar o dinheiro, as famílias entram na mata e começam a pegar as abelhas da florada, que estão na natureza, e não de colmeias cultivadas. Para fazer isso, eles colocam fogo para matar as abelhas. E aí eles acabam colocando fogo na mata”, relata.

Eles iniciaram o trabalho conosco em agosto de 2021. O Instituto já passou por diversas fases, como a definição de plano estratégico e análise financeira. Sendo assim, já definiram os macroindicadores com os quais irão trabalhar, e desenharam o modelo do negócio.

“O olhar da equipe Bemtevi quanto a questão de indicadores foi muito bacana. É sempre positivo trocar com especialistas, porque a gente se sente muito sozinho empreendendo, principalmente num negócio que é ambiental e rural. É bom ter esse olhar e essa troca para dar confiança”, comenta Tatiana. Entre os indicadores que desejam trabalhar, ela destaca: “inclusão de mulheres na apicultura para geração de renda, inclusão de jovens para geração de novos ofícios e consciência de preservação e regeneração do bioma. Quantidade percentual que teremos desses públicos, além da questão do número de enxames, quantas árvores a gente vai plantar com a florada que dá o pólen e a proteína para as abelhas e geração de renda para as famílias locais”.

Não dava para ser melhor, não é mesmo? Com isso, o Instituto Anjos do Sertão pretende produzir de 50 a 80 toneladas de mel, de modo gradual, trabalhando com 12 povoados da região. No caso específico do Instituto, a Bemtevi atuou apoiando a construção do Plano de Negócio para o Vale do Mel e agora fazendo uma captação de recursos, que nesse caso será por filantropia, para que sejam adquiridos equipamentos de proteção e colmeias para produzir todo esse mel, que vai beneficiar a natureza e a população da região. 

“Nossa direção continua a mesma de antes da entrada da Bemtevi, mas a jornada vem acrescentando muitas informações para nós, e é como se esse incremento de informações deixasse uma estrutura mais coerente e consistente para esse rumo”, resume Tatiana.

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