Diferentes estratégias institucionais de mudança sistêmica

Diferentes estratégias institucionais de mudança sistêmica

Acompanho o #SkollForum desde meus tempos de Askoka.

Estive presencialmente pela primeira vez em 2019 e até hoje algumas frases repercutem na minha mente. Como Jimmy Carter dizendo aos 90 anos que dedicaria todos os dias da sua vida à luta da desigualdade de gênero.

Este ano percebi uma diversidade maior de perfil de atores e vozes mais diversas.

Nesta edição fui convidada para duas falas no Skoll Forum. E como acontece para muitos, falar em público sempre me dá muito frio na barriga.

Primeiro, tive a honra de falar foi sobre filantropia brasileira para a Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, a Secretaria Nacional de Bioeconomia, Carina Pimenta Pimenta, e Antonio Patriota, embaixador do Brasil em Londres. ao lado de uma série de lideranças globais como Mary Robinson, Claire Wathen , Don (Skoll Fórum), o casal de filantropos indianos Nandan Nilekani (Infosys), filantropos brasileiros e lideranças da sociedade civil.Destaquei que o Brasil tem mais de 400.000 milionários, +70.000 com patrimônio maior que R$ 500 milhões. Quanto precisamos em vida para vivermos bem? Mesmo deixando muito para seus filhos e netos, ainda daria para para estas famílias criarem suas fundações ou simplesmente doarem!! Em contraste o nosso GIFE tem apenas 176 membros (fundações e instituto corporativos).

Depois participei do painel: Blueprint for Better Giving: Philanthropy for Systems Impact. Estava acompanhada da Bernadette Moffat/ ELMA Philanthropies; Hilary Pennington/Ford Foundation e a moderadora @Nidhi Sanh /Bridgespan.

Refleti sobre diferentes perspectivas e estratégias de mudança sistêmica que usei nas 3 organizações que trabalhei. 1. Ashoka: é através da seleção de empreendedores com uma idéia inovadora que tenha potencial para causar mudança sistêmica e a através da conexão destes por temas. 2. No Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), atuando desde os primeiros anos da chegada dos investimentos e negócios de impacto, montamos nossa estratégia de mudança sistêmica atuando com ecossistemas, a análise era por ator (universidades, fundações, famílias, empresas, aceleradoras e incubadoras, governo), baseado em seus papeis e como poderíamos destravar e potencializar sua ação. A Coalizão Pelo Impacto foi estruturada para apoiarmos 6 ecossistemas de impacto nas 5 regiões do Brasil.  Alguns aprendizados que compartilhei: governança distribuída, capital filantrópico mobilizado para ser alocado em 5 anos. Atenção: mesmo tendo alinhado uma visão comum, você precisa sempre ajustar sua estratégia entre os diferentes atores.

Chego há pouco no Instituto Beja, e nesta mesa fui estimulada a pensar em estratégias que trago como ex ongueira para contribuir com fundações mais ágeis, com mais confiança e mais aportes (unrestricted). Estas são algumas das formas que me animaram a ir para o Instituto Beja e atuar numa fundação que quer um ecossistema de filantropia mais inovador, colaborativo e criativo.

Destaco aqui:

O Beja apoia projetos por um período de 3-5 anos, grande parte dos financiamentos são livre, contribuindo com o desenvolvimento institucional e próximo na jornada dos nossos parceiros, oferecendo cursos, mentoria, conexão.

Há 20 anos trabalhando na análise de problemas complexos e na seleção de soluções complementares que possam gerar impacto sistêmico, trago para o Instituto Beja o exercício constante de ver o ecossistema, as barreiras, lacunas e soluções emergentes - inovações socioambientais. Estamos conhecendo diferentes propostas que podem de fato gerarem mudança sistêmica ou se complementarem, criando sinergias. Avaliar se nosso recurso – nosso capital filantrópico de risco e paciente - pode de fato contribuir com uma solução estruturante de um campo ou assegurar a replicação desta solução em larga escala contribuindo com soluções para problemas mais prementes da sociedade. E esta(s) solução(ções) devem mostrar novos caminhos à filantropia.

O Instituto Beja é novo e queremos fomentar a colaboração entre outros filantropos e com mais organizações da sociedade civil, do setor privado e público, ampliando assim a possibilidade de impacto positivo.

Em 5 anos, esperamos contribuir para que a filantropia brasileira conte com um conjunto de conhecimentos, pesquisas, dados, formações específicas sobre seu ecossistema e seu papel na transformação socioambiental, aumentando possibilidades de advocacy, novas pautas e fazendo com que estes recursos doados gerem estratégias informadas, colaborativas e mais ousadas. Queremos ainda criar labs que gerem provocações para a filantropia se enxergar em lugares mais inovadores, colaborativos.

Termino dizendo que colaboração é mais do que um discurso no Beja é premissa para ampliarmos nosso impacto e a legitimidade do que fazemos. E colaborar significa trazer vozes das mais diversas para tudo o que fazemos. Colaborar precisa de mais pessoas criando processos, leva muito mais tempo, e custa mais. Precisamos alimentar a filantropia de pesquisas, dados para uma tomada de decisão baseada em evidência, principalmente quanto entramos em agendas novas, arriscada e que geram polaridades. Mas já sabemos que do que jeito que estamos fazendo não deu certo, então melhor explorar novos caminhos. Sabemos que não é impossível, portanto vamos juntos!!

Janine Saponara

Corporate Communication | ESG | Theory U

3 m

Célia, parabéns!!! Inspirador seu texto! Vamos monitorando para ver quando podemos trabalhar juntas usando a Jornada U para guiar transformações duradouras. Bjus

Gustavo Alves

CEO @ Dash Criativa | GSC Curator | Facilitator | WSA Youth Ambassador | Changemaker

3 m

Celia, valeu por compartilhar .. 🙂

Bia Azeredo

Executiva de Responsabilidade Social | ESG | Investimento de Impacto | Consultora

3 m

Que bom ler o seu texto Célia , pensar nos desafios e na potência de novos caminhos . Muito bom conhecer as estratégias e compromisso do Instituto Beja !

Vamos com tudo!!! Bem vinda de volta ao ecossistema da filantropia! Precisamos de você pra mexer e remexer tudo por aqui! Bj grande!

Marta Almeida Gil

Coordenadora Executiva no Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas

3 m

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