Criar crianças antirracistas é urgente

Segundo o estudo da Universidade Federal de Sergipe, 46,3% das crianças pretas não gostam da cor da pele, dado que mostra como o racismo impacta a autoestima das crianças. É durante a Primeira Infância que ocorre a formação da identidade e, infelizmente, as crianças negras estão vulneráveis ao racismo. Também é a fase em que desenvolvemos o nosso potencial, capacidade cognitiva, física e emocional, sendo crucial uma educação antirracista.

Enquanto mãe, eu entendo a importância e, principalmente, sendo uma mulher branca, sei da urgência de uma educação antirracista também para crianças brancas. Afinal, é algo que atinge toda a sociedade e cabe a todos nós lutarmos por uma sociedade livre do racismo. Esse diálogo, dentro de casa, ajuda a criarmos crianças antirracistas, que não se envergonhem da cor de sua própria pele ou que reproduzem o racismo para outras crianças. 

Além disso, o espaço escolar deve ser um ambiente de reflexão e despertar da consciência antirracista. Segundo levantamento da ONG Todos Pela Educação, apenas metade das escolas públicas do país tiveram ações contra o racismo em 2021.  Ainda temos muito o que avançar.

A Lei nº 10.639/03 obriga o ensino do conteúdo de História da África e Cultura Afro-Brasileira nas escolas. Contudo, recente pesquisa feita pelo Instituto Alana e Geledés Instituto da Mulher Negra evidenciou que mais de 70% das cidades não cumprem a lei do ensino afro-brasileiro. Precisamos mudar essa realidade, pois é uma ferramenta essencial na luta antirracista.

O projeto de lei 460/2023, que sou coautora, junto com as deputadas Leci Brandão e Mônica Seixas, tem como objetivo implementar a Lei Federal nº 10.639/2003, por meio de formação para os profissionais tratarem as questões raciais nas escolas de forma pedagogicamente adequada. Combater o racismo de forma adequada na infância e adolescência é um passo fundamental para uma sociedade menos desigual.