Alternativas para conciliar carreira e maternidade surgem em empresas, mas geram discussões urgentes
Incentivar mulheres mães na vida profissional é urgente. (Foto: Freepik)

Alternativas para conciliar carreira e maternidade surgem em empresas, mas geram discussões urgentes

Marina Helou- Deputada Estadual em São Paulo

O congelamento de óvulos tem virado benefício trabalhista em algumas empresas. Achei interessante a matéria que saiu na Folha de São Paulo sobre a medida, pois dá visibilidade a uma discussão necessária. Conciliar maternidade e planejamento familiar com carreira. Sabemos bem como é difícil para as mulheres. 

Uma das informações da reportagem é o crescimento do número de mulheres que se tornam mães após os 30 anos e a queda na gravidez de mulheres na faixa dos 20 aos 29 anos. É positivo ver mulheres optarem por isso- facilitado pelo uso de métodos contraceptivos, conscientização e educação sexual- já que somos pressionadas a ter filhos “antes que passe da hora”. 

O congelamento de óvulos é uma opção para quem quer engravidar após os 30 anos. As empresas disponibilizarem o benefício pode ser positivo por ser um procedimento caro, não acessível para muitas pessoas. Porém, a possibilidade do congelamento não deve se tornar mais um mecanismo de opressão ou coação das mulheres que querem ser mães e que precisam conciliar suas carreiras. Importante, que os espaços de trabalho sejam Apoiadores das Famílias (Family Supportive). 

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

O congelamento de óvulos não deve vir só para incentivar que a mulher foque na carreira sem abrir mão da maternidade. Mulheres podem sim conciliar os dois, mas não são incentivadas a isso, nem pelas empresas, nem pelas políticas públicas, que seguem longe das necessidades da parentalidade. A discussão sobre congelamento por si não enfrenta o debate e ações que precisam ser feitas com urgência para nos tornarmos uma sociedade do cuidado e de responsabilização coletiva pelas crianças.

Quantas vezes mulheres foram demitidas logo após voltarem da licença-maternidade? Uma pesquisa da FGV  mostrou que, após 24 meses, quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade estão fora do mercado de trabalho, um padrão que se perpetua inclusive 47 meses após a licença. A maior parte das saídas do mercado de trabalho se dá sem justa causa e por iniciativa do empregador.

Além disso, cadê a licença-paternidade com o mesmo período que a de maternidade? Cadê a flexibilização do horário de trabalho dos pais ou responsáveis para que consigam conciliar seus horários com as atividades dos filhos? E a tão falada equidade salarial, que é extremamente importante para que possamos avançar enquanto sociedade.  

Claro que a opção do congelamento de óvulos ainda é bem restrita e a discussão está longe de ser acessível. Temos milhares de mulheres no Brasil em situação de trabalho informal, sem uma justa remuneração e benefícios que de fato apoiem a maternidade.

Mas é bom já pontuarmos as problemáticas de que o congelamento de óvulos não deve ser a solução de como conciliar maternidade e carreira, e sim uma opção. E para mulheres e homens que querem ter filhos e, ao mesmo tempo, uma carreira de sucesso, é preciso medidas das empresas que apoiem a decisão, compostas por políticas de apoio à família e também de gestores apoiadores da família. Não basta ter benefícios se não há uma cultura para o cuidado enquanto algo coletivo. Além, é claro, da necessidade de políticas públicas pelo nosso Governo que respaldem a criança e a família.

Não podemos corroborar com a visão de que “crianças atrapalham” a evolução profissional. É claro que necessitam de responsabilidade, dedicação, cuidado, atenção. Mas não devem ser vistas como empecilhos. As crianças são sujeitos de direitos, o presente e o futuro. Toda a sociedade tem que se responsabilizar pelo seu pleno desenvolvimento. Maternar é um ato coletivo!

Robson Bartolo

President - SA na SOL-MILLENNIUM Medical Group

1 a

Fico pensando que parte desta geração serão avós dos seus filhos ! Me intriga essa situação ! Estou caminhando para ser bisavô dos meus netos !

Tamires Rocha

FSQR Operations Supervisor - Quality Control - Mamãe da MaFê 💜

1 a

Excelente reflexão.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Conferir tópicos