As muitas e diversificadas falas da Rocinha

Viradão Cultural aprofunda a discussão sobre novas políticas públicas para a cultura das favelas

ArtigoODS 11 • Publicada em 5 de julho de 2024 - 11:23 • Atualizada em 5 de julho de 2024 - 11:35

Com o estreitamento das conexões culturais da metrópole, é impossível não dizer que hoje o asfalto bebe – como sempre – da produção artística criada entre becos e vielas. Mais fácil e mais ágil de atuar com atores locais, o cenário antes posto nos anos 2000 – onde ninguém subia o morro – agora se horizontalizou, com a disponibilização dos conteúdos e trabalhos no campo das redes sociais. Mas é pouco se pensarmos na relevância e na retroalimentação que acontece nas favelas do Rio e também do país, ao passo que indicam o que é e o que não é o “novo” no próximo minuto.

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Para isso, mais do que olhar da laje para baixo, é preciso olhar para quem está na laje, mapeando os atores e suas produções, voltadas ao fortalecimento e enriquecimento de dentro para dentro. Não, não é a impossibilidade de caminhar na ponte que liga a Zona Sul à Zona Norte; asfalto e favela; ricos ou pobres, além de qualquer outra dinâmica. Simplesmente é preciso conferir e reverenciar quem age no campo, e como são vistas as transformações no próprio contexto.

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Para isso, é preciso valorizar muito os trabalhos de introspecção e tempo, como os que são feitos pelo jornal Fala Roça, associação de comunicação sediada na Rocinha, que em 2023 ganhou o edital Foca – Fomento à Cultura – criado pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio.  A proposta é mapear os pontos culturais em uma das principais quebradas do país, conferindo visibilidade e promoção dos trabalhos. Em outras palavras: colocando como protagonistas quem deveria. Ou melhor, os pretagonistas.

Visitantes apreciam as pinturas do artista Maxwell Alexandre na galeria fundada pelo artista, na favela da Rocinha. Foto Mauro Pimentel/AFP
Visitantes apreciam as pinturas do artista Maxwell Alexandre na galeria fundada pelo artista, na favela da Rocinha. Foto Mauro Pimentel/AFP

“A iniciativa pretende oferecer conhecimento aos líderes culturais sobre como enfrentar desafios comuns, aproximar a população dos projetos, e incentivar a formação de redes e o compartilhamento de saberes”, diz a apresentação do movimento, incluindo também a participação ativa e efetiva dos moradores dos territórios para a resolução dos desafios no âmbito da cultura.

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Seu momento de maior força será a ocupação dos quatro andares da Biblioteca Parque da Rocinha C4, com uma programação diversificada que junta teatro, música, dança, exposições de artes e artesanatos, além de barracas com comidas de empreendedores locais e debates sobre temas relevantes, como o apoio do comércio e turismo na cultura local, acessibilidade e inclusão cultural, captação de recursos e muito mais:

“Queremos provocar com o Viradão Cultural da Rocinha o debate na cidade sobre novas políticas públicas para a cultura das favelas”, explica Michel Silva, diretor institucional do Fala Roça. E questiona: “Quem sabe que existem mais de cem pontos culturais na Rocinha? Se nós, que somos moradores, não sabíamos, que dirá a população de fora da favela e o turista que visita à Rocinha”.

Dentre os destaques da programação, está a exposição sobre História da Rocinha (Museu Sankofa); a Mostra de Fotografia (Rocinha Sob Lentes); Mostra de Filmes de estudantes da Fiação Lab; Oficina de Confeitaria para Crianças; SARAU LGBTQIAPN+.

É sobre fazer cultura que não acaba, minha gente.

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