Brasileirinho!

O que é, o que é?
– É leve, animado, delicioso de ouvir.
– É o 53º Patrimônio Imaterial do Brasil.
– Todo mundo pode apreciar, mas só os mais habilidosos conseguem tocar.

Adivinhou? É o choro!

O primeiro gênero musical urbano e popular do País nasceu nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, a partir da segunda metade do século XIX. Mas, no começo, era mais um jeito espontâneo e descompromissado de tocar músicas vindas da Europa.

Depois de ouvirem as polcas, mazurcas, valsas e schottisch (que aqui viraram xotes) europeias, que embalavam as festas da corte imperial, os músicos brasileiros as reproduziam em bailes populares. Os instrumentistas – em sua maioria, funcionários públicos empregados nos Correios, na Alfândega e na Estrada de Ferro Central do Brasil – não tinham a música como fonte de sustento. Tocavam por prazer, sem tanto rigor formal. E, assim, tinham liberdade para acrescentar um batuque aqui, uma batida de lundu ali… e, aos poucos, ir criando algo totalmente novo.

Pau-e-corda

No passado, os grupos de choro eram conhecidos como pau-e-corda. O motivo é que os instrumentos básicos do conjunto – o violão, o cavaquinho e a flauta de ébano – eram feitos com madeira e cordas.

O ponto de partida era essa trinca, mas o choro, sempre generoso, admitia muitos outros instrumentos. Piano, pandeiro, saxofone e bandolim são só alguns dos que fazem bonito entre os chorões, que é como se chama o músico que toca choro.

Ser chorão não é para qualquer um, não! É preciso muito talento, capacidade de improvisar e qualidade técnica para vencer os desafios que os músicos fazem um ao outro.

Os grandes nomes do choro

Como todo gênero musical, o choro deveu a muitas pessoas a sua criação e consolidação. Joaquim Antônio da Silva Calado, flautista, compositor e professor do Conservatório Imperial, foi um dos primeiros a reunir outros músicos para tocar de forma descompromissada em seu “Choro do Calado”. É dele “Flor Amorosa”, de 1867, a primeira composição classificada como choro.

Sabe quem frequentava o “Choro do Calado”? Chiquinha Gonzaga, compositora, pianista e pioneira em tantas frentes. São dela dois dos primeiros choros da história: “Atraente” e “Corta-jaca”.

Outro músico importante nessa história foi o pianista clássico Ernesto Nazareth, autor de sucessos como “Brejeiro”, “Odeon” e “Apanhei-te cavaquinho”. Ele foi fundamental para a formação da linguagem do choro ao romper a fronteira entre a música popular e a erudita.

Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, é considerado um dos maiores nomes do choro e da música brasileira. Flautista e saxofonista de primeira linha, ele compôs o choro mais conhecido de todos os tempos: “Carinhoso” (“Meu coração não sei por que | Bate feliz quando te vê”).

Ah, sabe quem também se rendeu aos encantos do choro? O maestro Heitor Villa-Lobos. Na década de 1920, ele criou uma série de 16 composições dedicadas ao gênero.

O choro ficou no passado?

De forma nenhuma! Embora tenha passado um tempo conduzido apenas por seus veteranos, o gênero musical passou por uma revitalização nos anos 1970, com a criação de muitos clubes do choro e de escolas especializadas. Hoje, o choro segue mais vivo do que nunca, embalado por músicos como Reco do Bandolim e Hamilton de Holanda.

E esse nome?

Há muitas explicações para a origem do nome. Há quem diga que vem de uma fusão entre “choro”, do verbo chorar,  e “chorus”, que em latim significa coro. Para o jornalista Lúcio Rangel e o historiador José Ramos Tinhorão, a expressão é uma referência à maneira chorosa de tocar as melodias estrangeiras. Para o musicólogo Ari Vasconcelos, é uma corruptela de choromeleiros, como eram chamados os grupos musicais do período colonial brasileiro. Já para o historiador Câmara Cascudo e o musicólogo Renato Almeida, choro vem de “xolo”, como eram chamados os bailes que reuniam os negros escravizados nas fazendas.

Tem quem não goste que chamem pelo diminutivo chorinho por considerar pejorativo, há quem não concorde. Na dúvida, vamos chamar de choro!

Tem Dia do Choro?

Tem, sim! O Dia Nacional do Choro é comemorado em 23 de abril, dia do nascimento de Pixinguinha.

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