A ação da Minerva derrete na bolsa nesta terça-feira, após a empresa divulgar resultados mais fracos que o esperado para o quarto trimestre. Os números foram afetados principalmente pela desvalorização cambial na Argentina e pela retração da receita na operação brasileira. Por volta das 16h, o papel negociava em baixa de 9%, a R$ 6,57, na maior queda do Ibovespa.
A desvalorização cambial das plantas na Argentina provocou um impacto contábil, sem efeito caixa, de R$ 1,5 bilhão na receita líquida do quarto trimestre, que caiu 9,8% frente ao mesmo período de 2022 e somou R$ 6,2 bilhões.
Com isso, a empresa apresentou um Ebitda de R$ 606 milhões, ligeira queda de 0,3% frente ao mesmo período de 2022, com uma margem de 9,8%. Mas mesmo desconsiderando o efeito contábil pelo impacto da Argentina, o Ebitda seria de R$ 751 milhões, segundo cálculo do BTG Pactual, ainda abaixo do esperado pela instituição financeira.
Já na conta do Goldman Sachs, ao ajustar o Ebitda sem o efeito contábil, o resultado ficou 3% abaixo do consenso, pressionado pelo recuo das exportações brasileiras, que por sua vez foram impactadas pelos preços mais baixos da arroba do boi.
O fraco desempenho no mercado interno, com uma queda de 22,6% da receita bruta no quarto trimestre na comparação anual e de 3,1% em 2023, também contribuiu para o resultado aquém do esperado do Ebitda. “Com a queda do Ebitda e a falta de visibilidade sobre os potenciais ativos a serem adquiridos do Marfrig, esperamos que as ações tenham uma reação negativa aos resultados”, disse o Goldman em relatório, antes do pregão abrir. No ano passado, a Minerva anunciou a compra de 16 plantas da Marfrig por R$ 7,5 bi, que ainda depende da aprovação do Cade.
O BTG ainda destacou que o fluxo de caixa livre, que somou R$ 117 milhões no quarto trimestre, veio mais fraco que o esperado pelo banco, o que trouxe preocupação com a alavancagem da empresa e a estrutura de capital.
A companhia encerrou o quarto trimestre com uma relação de dívida líquida/Ebitda de 2,8 vezes e um caixa de R$ 12,7 bilhões, mais do que suficiente para pagar os R$ 6 bilhões que restam pelos ativos da Marfrig. No entanto, a falta de visibilidade sobre o deal (se haverá remédios do Cade ou não) traz dúvida sobre a estrutura de capital, que hoje teria cerca de 20% em equity e 80% em dívida, diz o BTG.
Apesar dos reveses, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 19,8 milhões no quarto trimestre, revertendo prejuízo líquido de R$ 25,7 milhões em igual intervalo de 2022. E a empresa tem uma expectativa positiva para os números do início de 2024. "Os volumes performados no primeiro trimestre estão dentro do orçamento. A nossa capacidade de mercado está ajudando a manter a rentabilidade, mesmo em regiões menos vantajosas, com bons volumes", afirmou o CFO Edison Ticle, em call com analistas.